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Celeiro de grãos do planeta, o Brasil tem cerca de 85% da área que abastece o agronegócio ainda sem seguro. Segundo Karsten Steinmetz, CEO da subsidiária brasileira da Munich Re, o problema está concentrado no elevado custo do seguro rural, que dificulta a contratação da proteção nas lavouras.
Steinmetz falou ao InfoMoney na Fides (Federação Interamericana de Empresas de Seguros), maior conferência de seguros da América Latina, que acontece até esta terça-feira (26), no Rio de Janeiro.
Apesar de ainda incipiente, o seguro rural apresentou crescimento de 10,2% nos primeiros seis meses deste ano se comparado a igual período do ano passado, conforme dados da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras).
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Neste cenário, o executivo revelou que a resseguradora desenvolveu uma solução para melhorar a avaliação dos riscos dos produtos e, assim, reduzir o gargalo relacionado à contratação do seguro rural no país.
“Queremos fazer uma avaliação individual do risco, que será feita de maneira muito rápida e digital. Isso terá um impacto significativo nos preços do produto”, explica o executivo.
Hoje, o seguro rural é fornecido a partir de análises mais gerais de áreas produtivas dentro dos municípios. O que a Munich Re quer é fazer um estudo mais aprofundado e individualizado da realidade de cada produtor para apresentar produtos securitários mais adequados à necessidade de cada plantação.
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As catástrofes naturais, um termômetro do desequilíbrio do planeta provocado pelas mudanças climáticas, têm levado perdas às seguradoras e, consequentemente, elevado o custo do seguro rural.
Apesar deste impacto negativo, o representante do grupo alemão garante que o Brasil é um mercado importante e promissor para a empresa, tanto que a seguradora realizou um aumento de capital de R$ 742 milhões neste ano para cobrir perdas com o seguro rural.
“É um desafio grande dessa modelagem de exposição aos eventos naturais, mas queremos sempre acompanhar o crescimento deste mercado com um melhor entendimento sobre os riscos. Esse fenômeno não é coisa nova, mas que foi acelerado nos últimos anos”, enfatiza Steinmetz.
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Oportunidades
Além do agronegócio, o executivo considera que a América Latina, especialmente o Brasil, tem grandes oportunidades em seguros para riscos cibernéticos.
Os números falam por si: a arrecadação de seguros para crimes cibernéticos saltou de R$ 8,2 milhões, no primeiro semestre de 2019, para R$ 98,1 milhões nos primeiros seis meses deste ano.
Também entram na esteira de oportunidades os seguros relacionados ao tema ESG (ambiente, social e governança corporativa, na sigla em inglês).
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Desafios
Para o executivo, os principais desafios do setor no Brasil são:
- estabilidade econômica
- incertezas em relação à inflação
- rentabilidade que, nos últimos anos, foi afetada pela exposição às catástrofes climáticas
“É fundamental que o país tenha um marco regulatório estável porque estamos expostos a riscos de muitos anos”, diz Steinmetz, ao afirmar que nos últimos anos o país teve avanços significativos no mercado segurador, o que contribuiu para o próprio crescimento do setor.
Apesar da expansão, comenta o executivo, o mercado de seguros no Brasil ainda é pequeno se comparado aos Estados Unidos e Europa. O Brasil representa menos de 5% do resseguro da empresa. “Há um potencial de crescimento muito grande por aqui”, sinaliza.
Net-zero
Uma das fundadoras da Net-Zero Insurance Alliance (NZIA), grupo criado, em 2021, pelo braço financeiro do Programa da ONU sobre Meio Ambiente (PNUMA) para engajar o setor global de seguros na agenda da descarbonização, a Munich Re anunciou em março deste ano sua saída da iniciativa.
De acordo com Steinmetz, o motivo está relacionado à legislação de concorrência e monopólio. “Não ficamos seguros em seguir no acordo devido a temas ligados ao antitruste, mas não tem nada de diferente na nossa agenda ESG.”
Entre as metas da empresa está a redução da exposição em carvão em até 40%. “Temos uma agenda muito clara para chegar ao nosso objetivo de net-zero”, finaliza.
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