Contas remuneradas prometem até 100% de CDI no saldo parado: entenda como funcionam para evitar ciladas

Modalidade é atrativa pela praticidade, mas em muitos casos só paga o rendimento prometido em até dois anos

Giovanna Sutto

Cliente usa app de banco (Getty Images)
Cliente usa app de banco (Getty Images)

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As contas remuneradas — que oferecem alguma rentabilidade pelo dinheiro que os correntistas deixam parado na conta corrente — vêm ganhando adeptos pela praticidade e promessa de ganhos que passam de 100% do CDI.

Mas o consumidor precisa ficar atento a dois pontos importantes: o tempo que se leva para que essas promessas sejam concretizadas e a percepção equivocada da conta remunerada como uma alternativa de investimento.

Levantamento do InfoMoney entre as instituições financeiras que oferecem esse produto mostra que os rendimentos podem levar entre alguns meses a até dois anos para, de fato, ser aplicado o rendimento de 100% do CDI sobre o valor parado na conta. Vale lembrar que sobre o rendimento ainda incide o Imposto de Renda.

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Nas contas remuneradas, o saldo parado rende em uma aplicação automática de renda fixa com pagamento de juros aos titulares. Com a Selic em 13,75% ao ano, a procura por essa opção vem aumentando, com grandes bancos, fintechs e instituições de pagamento ampliando esse tipo de oferta aos consumidores.

Mas a economista e professora de Finanças do Insper, Juliana Inhasz, alerta: “Conta remunerada não é um investimento. É uma forma de rentabilizar o dinheiro utilizado como caixa no mês. Sem essa opção, o dinheiro ficaria parado, o que é prejudicial já que, idealmente, as pessoas devem fazer o dinheiro trabalhar para elas”, afirma.

É o que faz o coordenador logístico Tarunã Almeida, 31. “Confesso que não fiz muitas comparações, mas o rendimento [da conta remunerada] era mais do que a poupança. Então, é uma forma de o dinheiro não ficar parado.”

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O rendimento atual da caderneta de poupança é de 0,5% ao mês, mais a Taxa Referencial (TR), e o pagamento acontece apenas na data de aniversário — a cada 30 dias. Na projeção anual, a poupança deve render cerca de 7,76% e o CDI 13,65%.

Letícia Camargo, planejadora financeira CFP, tem outra recomendação: dinheiro da conta corrente remunerada não deve ser misturado com o das metas financeiras. “Não é uma boa solução deixar nessa conta o dinheiro que seria investido para objetivos específicos, como reserva de emergência, planos futuros e aposentadoria. Você deve separar cada montante em investimentos mais adequados para cada objetivo”, diz.

O risco de deixar o dinheiro com diversos objetivos no mesmo lugar é, segundo Camargo, usá-lo para outros fins. “Se estiver tudo no mesmo local, a chance de a pessoa usar, por exemplo, o dinheiro que seria da reserva de emergência para comprar algo extra e, provavelmente, supérfluo é grande. Por isso, é importante separar para facilitar a administração”, afirma.

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Yuri Watzech, 25, diz seguir a cartilha de Camargo como empreendedor. O jovem integra a conta remunerada em seu planejamento financeiro. “Separo uma quantia para o dia a dia, uma para a reserva de emergência e outra para os investimentos. A do dia a dia deixo em uma conta corrente remunerada rendendo os 100% do CDI, que dão um retorno líquido de quase 1% ao mês”, conta.

Com a inflação em 8,73% nos últimos 12 meses, a conta remunerada pode ser uma alternativa de manutenção do poder de compra. “Imagina alguém que recebeu o salário no dia 1° e vai pagar uma conta, por exemplo, no dia 29. Se ela deixar o dinheiro na conta corrente remunerada, esse valor fica rendendo até o dia 29, quando ela vai usar o valor para pagar a dívida e ajudar a manter o poder de compra dela em um período de inflação forte. Se a pessoa saca antes disso, e a aplicação da conta não remunera diariamente e proporcional ao valor, ela deixa dinheiro na mesa”, conclui Camargo.

Isabella Brandão, CFP e economista, ressalta, ainda, que o dinheiro pensado para a conta corrente deve ser usado para movimentação. “Se a pessoa quer construir patrimônio, guardar dinheiro na conta remunerada não deve ser o objetivo. Para a construção de patrimônio há alternativas melhores. Mas, para garantir um caixa, é uma ótima saída”, diz.

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A questão da tributação

Em relação à tributação, a conta remunerada tem cobrança de Imposto de Renda (direto na fonte) e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). No caso do IR, as alíquotas variam entre 15% e 22,5% de forma regressiva conforme o período de aplicação: quanto menos tempo aplicado, maior a tributação. Se resgatar o dinheiro em menos de 180 dias incide 22,5% sobre o rendimento e se resgatar depois de 720 dias incide o mínimo de 15%.

O IOF também segue uma tabela regressiva nos 30 primeiros dias após o depósito na conta que incide sobre os rendimentos: começa em 96%, no caso de um resgate no dia seguinte ao da aplicação, e vai caindo até chegar a zero no 30° dia.

Algumas instituições financeiras dizem que não cobram IOF de seus clientes. Nessa lista estão iti e o Player’s Bank, ambos do Itaú, além do Mercado Pago. Procuradas, não compartilharam detalhes sobre a ausência de IOF nas operações referentes às contas remuneradas.

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Segundo Pedro Augusto Asseis, advogado sócio sênior da área tributária do Pinheiro Neto, um mecanismo que pode ser utilizado para não incidir IOF nas operações tem como base legal o Decreto Federal 6.306/2007 (art.32/§ 2º) que diz que “ficam sujeitas à alíquota zero as operações […] de titularidade das instituições financeiras e das demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central”.

“Dessa maneira, a hipótese é de que as instituições investem em renda fixa com os seus próprios recursos financeiros. Ou seja, replicam uma quantia igual à que os clientes possuem em seus respectivos saldos parados e aplicam em seus próprios nomes. O rendimento que é gerado neste investimento da própria instituição é distribuído de forma proporcional nas contas dos clientes. Ao fazer este caminho, a instituição não paga IOF, portanto, não precisa repassar aos clientes”, afirma Asseis.

Outro ponto de atenção é: o consumidor que deixa o dinheiro na conta corrente remunerada precisa ficar atento à declaração de Imposto de Renda, já que precisa informar à Receita todas as aplicações financeiras. “Não esqueça de conferir o informe de rendimentos da instituição para inserir a aplicação na declaração. Basta seguir o recomendado no informe que não há erros”, aponta Allan Inácio, da PUC-PR.

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Conta remunerada é alternativa para instituições

A conta remunerada não é um produto financeiro novo. Foi a concorrência no setor, com bancos digitais e fintechs aderindo à modalidade, que fez surgir com mais força uma variedade de ofertas do gênero ao consumidor. Mas por que as instituições estão remunerando as contas dos clientes? É marketing para atrair clientes, mas também para escapar dos compulsórios no caso de bancos, e para conseguir captar mais dinheiro, no caso das fintechs e instituições de pagamentos.

Parece complicado, mas não é. Vamos começar a explicação pelos bancos.

Todo banco (seja comercial, de investimento ou múltiplo, além de cooperativas) precisa recolher o chamado depósito compulsório. É um mecanismo que o Banco Central (BC) usa para controlar a circulação de moeda na economia, mas que também funciona como uma espécie de reserva de emergência no BC que os bancos podem utilizar em momentos de crise.

Uma parcela do dinheiro (21%) que fica parada na conta dos correntistas precisa obrigatoriamente ser depositada no BC para abastecer esta reserva – e não recebe qualquer tipo de remuneração, ou seja, não rende nada.

O dinheiro direcionado para o compulsório é um recurso que o banco não pode usar para conceder empréstimos ou fazer outras operações, ou seja, é um dinheiro que não gera valor para o banco. “Se o dinheiro está em uma aplicação automática, ele não está parado, portanto, não é mais preciso recolher o compulsório sobre ele, reduzindo o montante sobre o qual o banco faz o recolhimento obrigatório. O objetivo do banco não é fazer o cliente ganhar, mas reduzir a base de cálculo do compulsório”, explica Myrian Lund, planejadora financeira e professora da FGV.

A aplicação automática pode ser uma saída mais vantajosa — e muitas vezes de baixo custo — para a instituição. Segundo Lund é um instrumento que os bancos utilizam para reduzir o compulsório, que não tem remuneração.

Um exemplo: se o banco possui R$ 100 milhões em saldos de conta corrente de seus clientes, 21% (ou seja, R$ 21 milhões) têm obrigatoriamente que ser recolhido ao BC na forma de depósito compulsório.

Se parte desse valor, por exemplo R$ 35 milhões, estiver em uma aplicação automática, ou seja, nesse formato de conta remunerada, não há cobrança de compulsório. Dessa maneira, quando o banco oferece a aplicação automática, a base do valor que seria recolhido se reduz e uma fatia menor vai para o compulsório.

Do ponto de vista dos bancos, a equação é favorável. “O dinheiro que sobra, após o recolhimento compulsório na conta corrente do cliente, é uma captação gratuita para o banco, mas ao fazer a aplicação automática e oferecer a conta remunerada, o banco tem pouco custo, e o produto pode virar opção ao cliente”, acrescenta Lund.

“A conta remunerada vira alternativa de captação de dinheiro barata para o banco — especialmente quando se remunera pouco”, completa Camargo.

Em muitos casos o cliente quase não tem ganho porque o rendimento prometido de 100% do CDI chega a esse patamar depois de meses ou até anos.

A orientação dos especialistas é buscar instituições financeiras que ofereçam contas remuneradas que rendam 100% do CDI diariamente e proporcional ao valor aplicado e com liquidez diária. Isso significa que o valor que o cliente tiver no saldo renderá todo dia no patamar estipulado sendo possível resgatar o valor a qualquer momento sem ônus.

Por isso, é importante o cliente entender quanto o dinheiro está rendendo e os termos do que a empresa oferece para não deixar grana na mesa, incluindo a incidência de IOF e de IR, além da necessidade de informar a operação na declaração de Imposto de Renda.

“Muita gente entende que deixar o dinheiro parado realmente não é bom, mas se render muito pouco também não adianta considerando que tem outras opções disponíveis”, explica Camargo.

As fintechs e as instituições de pagamentos não são bancos, conforme a legislação do Banco Central. Embora sejam fiscalizadas pela autoridade monetária, não têm a obrigação de recolher o compulsório. “Mas essas instituições financeiras também precisam captar dinheiro e encontraram na conta remunerada uma forma de atrair clientes oferecendo rendimentos mais atrativos para que eles mantenham o dinheiro na conta”, explica Lund.

Essas instituições, como Mercado Pago, Nubank, PicPay, entre outras, também precisam do dinheiro para emprestar (pelo cartão de crédito ou empréstimo pessoal, por exemplo) e pagar os custos operacionais, além de investimentos. E a conta remunerada é uma forma menos custosa para obter esse dinheiro do que outras alternativas que essas empresas têm.

Marketing para bancos e fintechs

Dado o nível de competição acirrado entre as instituições para captar recursos, a conta remunerada tem um papel importante na estratégia de negócios do setor financeiro. Ela é uma importante jogada de marketing.

“Para as instituições, a conta remunerada é ação de marketing que funciona como porta de entrada: oferece rendimento em formato simplificado, depois cartão de crédito, seguro, investimentos e assim vai. É uma oferta para buscar mais nichos e oportunidades de negócio”, diz Brandão, CFP.

As instituições financeiras contatadas pela reportagem (veja lista abaixo) investem o dinheiro do saldo da conta do cliente em renda fixa como CDBs (Certificados de Depósito Bancário), RDBs (Recibo de Depósito Bancário) ou em títulos públicos (negociados por meio do Tesouro Direto), e pagam os juros conforme o acordado na contratação — que pode chegar a 100% conforme os prazos.

“A aplicação que cada instituição investe fica a critério dela e de sua estratégia. Mas, apenas bancos, sob a ótica e regulamentação do Banco Central, podem aplicar em CDBs. Instituições de pagamentos e fintechs precisam escolher entre outras opções como os RDBs (similar aos CDBs) ou títulos públicos”, explica Isabella Brandão, CFP e economista.

CDBs e RDBs são protegidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos) limitado ao teto de R$ 250 mil por CPF. Já os títulos públicos não fazem parte da cobertura do fundo porque são garantidos pelo Tesouro Nacional, papéis com menor risco de crédito da economia.

“É importante o cliente final ler os termos e condições da conta remunerada que a instituição oferece, além de verificar a credibilidade de empresa, para ter consciência de como funciona o produto”, acrescenta Caio Alberconi, planejador financeiro da MB Asset.

(Getty Images)

Características da conta remunerada

Nesta modalidade o cliente não precisa fazer nenhum resgate do valor e pode utilizar as quantias quando quiser. O saldo é baixado automaticamente da aplicação quando algo é debitado da conta.

Da perspectiva do usuário, o saldo permanece disponível para ser usado a qualquer momento. A vantagem é que o valor fica rendendo enquanto lá estiver conforme as regras de cada instituição.

A adesão ao produto é opcional. O cliente precisa autorizar a aplicação, seja no momento de abertura da conta ou em alguma etapa posterior, permitindo que o banco aplique o saldo parado em conta.

Em nota enviada ao InfoMoney, o BC explica que as instituições devem “assegurar a prestação das informações necessárias à livre escolha e à tomada de decisões por parte de clientes e usuários, explicitando, inclusive, direitos e deveres, responsabilidades, custos ou ônus, penalidades e eventuais riscos existentes na execução de operações e na prestação de serviços”.

Quem oferece o serviço?

Veja, abaixo, a lista de instituições financeiras que ofertam contas remuneradas:

Banco do Brasil

No BB, a conta remunerada está disponível para todos os clientes (pessoas físicas e jurídicas) que possuem conta no banco.

O dinheiro é aplicado em um CDB do banco, e o rendimento varia conforme o prazo de permanência do valor investido. Assim, o percentual de rentabilidade em relação ao CDI muda, chegando a 100% apenas após 360 dias.

A primeira faixa de remuneração é de 10% para os recursos aplicados de 1 até 60 dias. Dessa maneira, para o consumidor fazer o seu dinheiro render os 100% do CDI precisa esperar um ano. Se resgatar antes disso, o rendimento será bem menor.

Um exemplo: caso o consumidor deixe R$ 5.000 na conta e utilize o montante no 20° dia após o depósito, o rendimento será inexpressivo: R$ 5.002,64 — já descontando IR e IOF da operação, segundo a simulação da Berkana Patrimônio, elaborada por Lucas Souza, mestre em economia aplicada pela USP e economista-chefe da gestora, e Raphael Casseb, engenheiro e analista de alocação da gestora.

Bradesco

Uma opção de conta remunerada oferecida no Bradesco é encontrada na conta digital Bitz. Para utilizá-la, o consumidor não precisa ter conta no Bradesco. Basta baixar o app e fazer um cadastro.

Segundo o banco, o cliente não passa por análise de crédito. Também não precisa de comprovante de renda e residência para usar a Bitz.

Todo saldo acima de R$ 10 rende de forma automática, em todos os dias, a 100% do CDI. O banco não informou se a conta tem incidência de IR e IOF. Outra solicitação não respondida pelo Bradesco é sobre como o investimento é feito: se é aplicado em títulos públicos diretamente ou se é feito por meio de fundos de aplicação automática, que contaria, ainda, com uma taxa de administração.

Outra opção oferecida pelo Bradesco aos clientes com conta corrente no banco é a Invest Fácil, que não chega a remunerar 100% do CDI. Funciona assim: o dinheiro que fica parado no saldo rende 5% do CDI entre 1 e 180 dias (seis meses); 7,50% do CDI entre 181 e 300 dias (cerca de dez meses); 30% do CDI entre 301 e 420 dias (cerca de 14 meses); 55% entre 421 e 540 dias (cerca de 18 meses) e, finalmente, de 543 a 720 dias, rende 99,25% do CDI.

Se o correntista deixar o saldo de R$ 5.000 parado e movimentá-lo após 20 dias para pagar uma conta, o dinheiro renderia: R$ 5.001,32 — já descontando IR e IOF da operação, segundo a simulação de Souza e Casseb.

Itaú

O Itaú oferece a conta corrente remunerada de duas formas: via carteira digital Iti ou pela conta digital focada em gamers Player’s Bank. Em ambos os casos, a aplicação é automática, e o rendimento é diário direto no saldo da conta do cliente, que não precisa fazer uma contratação.

Se a conta tem saldo positivo, o dinheiro rende proporcionalmente ao valor investido 100% do CDI, com liquidez diária. O dinheiro é aplicado em títulos públicos.

O banco informou que as contas oferecidas não têm incidência de IOF. O Itáu não explicou como o investimento da conta remunerada é feito: se é aplicado em títulos públicos diretamente ou se é feito por meio de fundos de aplicação automática, que contaria, ainda, com uma taxa de administração.

O Itaú também outra opção de conta remunerada para clientes com conta corrente no banco. Ela é chamada de “Aplic Aut Mais”. O dinheiro do saldo parado é aplicado automaticamente em um CDB do banco, com rendimento que muda conforme o tempo em que o valor permanecer aplicado.

A remuneração funciona da seguinte maneira: entre 1 e 29 dias, o rendimento é de 2% do CDI; entre 30 e 89 dias sobe para 10% do CDI; de 90 a 119 dias é de 20% do CDI; de 120 a 359 dias é de 30% do CDI; de 360 a 719 dias é de 60% do CDI e de 720 em diante, a remuneração chega a 100% do CDI.

Para conseguir os 100% do CDI é preciso esperar, sem movimentar o valor em conta, quase dois anos. Um exemplo: se um cliente deixa R$ 5.000 nesta opção de conta remunerada por 20 dias, terá um rendimento de R$ 5.000,53 já descontando IR e IOF da operação, segundo a simulação de Souza e Casseb.

Original

O banco Original oferece aplicação automática em um CDB do banco, desde que o cliente opte por aderir ao produto durante a abertura da conta ou em qualquer outro momento. O rendimento pode chegar a 100% do CDI diariamente, a partir do 30º dia. Até o 29º dia rende 10% do CDI (ou seja, 0,01365%).

Um exemplo: se o cliente tiver R$ 5.000 na conta e precisar movimentar o dinheiro no 20º dia, o rendimento será de R$ 5.002,64 — já descontando IR e IOF. Se o valor rendesse os 100% diariamente, nesse mesmo dia, o cliente teria R$ 5.026,50 de rendimento, também já descontando IR e IOF, segundo a simulação de Souza e Casseb.

PicPay

No PicPay, o dinheiro depositado pelos clientes em suas contas será aplicado em CDBs de forma automática com rendimento de 102% do CDI com liquidez diária. Esse formato, de aplicação via CDB, está disponível para todos os clientes desde agosto. Antes, o banco mantinha um sistema de aplicação automática lastreada em títulos públicos.

A opção via títulos públicos segue disponível, mas conforme a empresa explicou não tem rendimento para o cliente.

“Aqueles que não optarem pelo CDB nas configurações da conta permanecerão com seus recursos depositados devidamente lastreados em títulos públicos com liquidez diária, mas sem rendimento”, diz a empresa em seu comunicado da mudança.

O juro que rende na aplicação nos títulos públicos vira receita para o PicPay, conforme a assessoria explicou ao InfoMoney.

PagBank

Os clientes do PagBank também têm a opção da conta remunerada, que rende 100% do CDI sobre o saldo. O dinheiro é aplicado em um CDB do banco.

O rendimento é automático, mas tem uma carência de 30 dias — para que o dinheiro comece a render 100% do CDI é preciso esperar esse período sem movimentá-lo. Antes disso, não há rendimento algum.

Mercado Pago

A conta remunerada do Mercado Pago permite que qualquer saldo positivo em conta renda todo dia 100% do CDI com liquidez diária. A instituição de pagamento explicou que aplica o dinheiro dos clientes diretamente em títulos públicos, via sua conta de pessoa jurídica. Sem dar detalhes, o Mercado Pago apenas disse que não repassa o IOF para os clientes porque “o imposto não é obrigatório no modelo de conta remunerada” que a empresa oferece.

Nubank

O Nubank implementou uma mudança recente. Sua conta digital, que pagava 100% do CDI diariamente, passou a ter uma carência de 30 dias para começar a remunerar o cliente.

A mudança já vale desde 25 de julho. Quem fizer depósitos na conta corrente após esse prazo, vai ver seu dinheiro render automaticamente 100% do CDI apenas a partir do 30º dia, sem ganhos antes deste período. É no 31º dia que o cliente receberá o rendimento total dos 30 dias anteriores. O dinheiro é aplicado em um RDB do banco.

Os valores que os clientes já tinham na conta digital antes dessa alteração continuarão rendendo 100% do CDI em todos os dias úteis.

Santander

O Santander oferece a ContaMax. Ao contratá-la, sempre que a conta estiver com saldo positivo, o dinheiro será aplicado automaticamente. A rentabilidade da conta vai até 100% do CDI proporcionalmente ao período em que o dinheiro permanecer aplicado com liquidez diária.

Dessa maneira, para que o dinheiro renda 100% do CDI, o cliente precisa deixar o dinheiro na conta (sem fazer movimentações) durante 721 dias ou quase dois anos.

Segundo o banco, até 180 dias (seis meses), o rendimento é de 5% do CDI; entre 181 e 360 dias, 30%; entre 361 e 720 dias, 60%; e mais de 721 dias, os 100%.

Para ter uma ideia do rendimento: se o cliente, que tem R$ 5.000 parados na conta, movimentar o valor após 20 dias o dinheiro renderia: R$ 5.001,32 — já descontando IR e IOF da operação, conforme a simulação de Souza e Casseb.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.