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Mais de um ano de pandemia e de isolamento social quebraram muitos tabus dos brasileiros em relação ao comércio online. Se antes havia algum tipo de receio de comprar um item de vestuário e se frustrar – porque a roupa não caía bem, por exemplo -, hoje até imóvel é vendido digitalmente. Detalhe: sem que o comprador tenha visitado fisicamente o apartamento antes de bater o martelo.
A mudança no comportamento do consumidor é muito recente, mas significativa a ponto de chamar atenção até mesmo das imobiliárias virtuais. Levantamento feito pela Apê11, startup especializada na compra e venda de imóveis pela internet, mostra que 63% das propostas para aquisição recebidas em maio foram totalmente digitais, sem a interação humana. Destas, 12% viraram negócios fechados – e a metade sem que o comprador tivesse posto o pé no imóvel ao menos uma vez.
“O resultado foi uma surpresa: imóvel vendido pelo e-commerce como café em pó ou calça jeans”, compara o sócio-diretor da Apê11, Leonardo Azevedo. Esse comportamento de compra ganha relevância especialmente porque a casa é a aquisição mais importante para a maioria das pessoas. A empresa começou a funcionar em 2019 e sempre teve como meta digitalizar ao máximo a transação. “Mas éramos um pouco céticos de que a operação pudesse ser 100% digital”, admite.
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As propostas 100% digitais começaram a aparecer em fevereiro deste ano e, na época, representavam 21% do total. Daí para frente, só cresceram.
A proposta é uma oferta firme, onde constam o valor, a forma de pagamento e a origem do dinheiro. O caminho normal das negociações digitais é, após o primeiro contato virtual por meio de fotos e vídeos, que o comprador inicie o diálogo com o corretor e visite fisicamente o imóvel antes de fechar a oferta.
Também o QuintoAndar, startup de locação e venda de imóveis, captou nos últimos meses o avanço do e-commerce de imóveis sem a visita presencial. Uma em cada quatro cidades onde a startup atua com vendas teve algum caso de negócio fechado sem visitação. A maioria foi na capital paulista.
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Além do empurrão dado pelo isolamento social, Arthur Malcom, head de compra e venda do QuintoAndar, diz que a transparência de dados sobre os imóveis para locação disponíveis na sua plataforma abriu caminho para negócios de compra e venda totalmente digitais.
“O cliente que compra para investir quer muito menos visitar o apartamento e muito mais entender o potencial de retorno do negócio”, diz o executivo.
Perfis
Apesar de este tipo de compra ser mais viável para investidores, focados na renda de aluguel e na valorização do próprio ativo, há também outros perfis de compradores que buscam esse tipo de transação.
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Azevedo cita o comprador que procura uma moradia e teve alguma relação de proximidade com o imóvel, como um parente que morou no condomínio. Há aqueles que passam na frente de um prédio em construção, sem o estande de vendas, e compram pela localização.
Imobiliárias digitais não revelam números absolutos de transações sem visita física, mas indicadores dão pistas do perfil dos interessados. No primeiro semestre, 74% dessas transações da Apê11 foram para moradia e 26%, investimento. No QuintoAndar, dos imóveis negociados sem visita prévia, 92% envolveram apartamentos e estúdios/quitinetes.
Claudio Hermolin, vice-presidente de intermediação imobiliária do Secovi-SP, diz que não tem dados sobre esse novo tipo de venda. “É algo recente, não há um volume grande.” Mas essa forma de transação deve continuar no pós- pandemia, diz. A razão é que as pessoas acreditam cada vez mais na transparência de dados que veio com a tecnologia e na visita virtual. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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