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A pressa é inimiga dos endividados. Tirar o bolso da UTI é uma tarefa que exige estratégia e tempo, ensina Nathalia Arcuri, especialista em educação financeira.
O momento é propício: ao mesmo tempo em que o país acumula indicadores históricos de endividamento e inadimplência, o governo criou uma espécie de mesa nacional de mediação dos débitos, que ganhou o nome de Desenrola. No programa, os consumidores sentam diante dos credores, no caso, os bancos, e buscam as melhores condições para quitar a dívida.
No rastro disso, o programa também avançado em discussões no Congresso sobre qual é o patamar aceitável de juros do rotativo do cartão de crédito, que bateu taxa de 445,7% ao ano.
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Arcuri falou com o InfoMoney na edição 2023 da Expert, evento de finanças e investimentos da XP, realizada no início deste mês em São Paulo. A especialista é direta quando perguntada sobre como o consumidor pode renegociar as dívidas se valendo dos atalhos do Desenrola: “é preciso olhar, principalmente, para o valor do parcela”.
Esse primeiro ensinamento, diz a especialista, tem muito a ver com a pressa com que o endividado encara o problema. Por querer se livrar logo do financiamento, o tomador de crédito tende a escolher uma parcela maior, para quitar o valor total em menos tempo, do que dividir o montante da dívida em partes menores que seriam pagas em um intervalo de tempo maior.
Segundo a especialista, ao fazer isso, o consumidor perde a oportunidade de investir o dinheiro que vai ser destinado à dívida e, com isso, pode ter o planejamento financeiro prejudicado. “Vamos lembrar que se a gente tem uma taxa de juro alta […] você também pode pegá-la para investir”, afirma a fundadora do MePoupe!
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Cartão de crédito: herói ou vilão?
O endividamento, no Brasil, está ligado ao mau uso do cartão de crédito. Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostram que o número de endividados no “dinheiro de plástico”, em agosto, atingiu 85,5%.
Nathalia Arcuri decreta: “o cartão de crédito não é o vilão dessa história”. O problema, segundo ela, é outro. “Ofereceu-se limites de forma indiscriminada. Ainda que tenha uma análise de crédito prévia, foi emitido e oferecido cartões de crédito sem olhar a solvência do indivíduo”, argumenta.
Para que o consumidor não volte a se endividar, a especialista defende que o cartão de crédito deve ser usado apenas em duas situações:
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- para sobrevivência;
- para parcelar compras que auxiliem na geração ou economia de dinheiro.
Por exemplo: a compra de um notebook para trabalhar ou uma geladeira para armazenar alimentos por mais tempo e evitar que estraguem, não gerando perdas financeiras.
Se o cartão não é quem empurra o brasileiro para o buraco, a culpa, segundo Arcuri, recai na falta de educação financeira da população, um problema crônico já diagnosticado, mas ainda sem solução.
“Para quem usa o cartão de crédito com consciência, ele é um excelente instrumento, inclusive, para acumular pontos. Eu mesma não pago passagem há muito tempo, porque eu vou colocando tudo no cartão de crédito”, exemplifica a especialista.
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