Brasileiros retidos no Sul da África pela ômicron têm poucas opções de voos para casa; veja aéreas com “rotas de fuga”

Swiss, British Airlines, Ethiopian Airlines e TAAG contam com voos, mas alta disputa por assentos disponíveis atrasa regresso de turistas

Dhiego Maia

Ômicron (Getty Images)
Ômicron (Getty Images)

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A situação dos brasileiros retidos nos países do Sul da África continua dramática. À medida que o tempo passa, as opções de novos voos de retorno ao Brasil vão ficando cada vez mais escassas.

O grupo também não conta, no momento, com sinalização de voos de repatriação organizados sob a chancela do Itamaraty. A única coisa a se fazer é esperar.

Os brasileiros encontram-se impedidos de voltar para casa porque estão em uma região da África que vem sofrendo com a disseminação da ômicron, nova variante do coronavírus potencialmente mais transmissível.

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Assim como o Brasil, diferentes nações fecharam suas fronteiras para a entrada de viajantes estrangeiros que estão ou passaram por essa região do mundo com índices elevados de contaminação da nova cepa do Sars-Cov-2.

O governo de Jair Bolsonaro (PL), a partir de recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), barrou a chegada de voos oriundos de África do Sul, Lesoto, Namíbia, Botsuana, Essuatíni (antiga Suazilândia) e Zimbábue desde o dia 27 de novembro.

Por isso, os brasileiros não estão conseguindo retornar porque a maioria das companhias aéreas cancelaram suas operações diretas dessas localidades para o Brasil.

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Último balanço do Itamaraty registrava 325 pedidos de auxílio consular —a maioria das solicitações estavam concentradas entre os brasileiros que foram a turismo para a África do Sul, país que funciona como hub aéreo nessa parte do continente africano.

O Itamaraty diz que vem atuando em diferentes frentes para contornar a situação por meio de um mapeamento de novas rotas aéreas e informações sobre hospedagens mais baratas e serviços de saúde durante a permanência forçada dos brasileiros nas nações africanas sob embargo.

Rotas de fuga

O problema é que as “rotas de fuga” e suas conexões disponíveis no sistema aéreo não estão dando conta da demanda, segundo levantamento do Itamaraty junto às embaixadas dos países sedes das companhias aéreas.

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A Air France disse que suspendeu seus voos para a África do Sul até este sábado (4) e aguardava, do governo de Emmanuel Macron, uma sinalização se haverá restrições impostas aos passageiros oriundos do país africano.

Na Emirates nenhum passageiro da África do Sul pode embarcar nos aviões da companhia. A Etihad disse que não vai operar na região até o dia 9 deste mês.

A KLM afirmou que, a partir da África do Sul, só autoriza o embarque de europeus “com destino a seus países de residência na Europa”.

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A Qatar Airways disse que não tem permitido o embarque de nenhum passageiro, a partir da África do Sul, em seus voos de regresso a Doha. Essa opção de escala só poderá ser utilizada pelos brasileiros a partir do dia 15 de dezembro.

Pesquisa do InfoMoney localizou apenas quatro voos disponíveis da Qatar Airways neste mês, de Joanesburgo para São Paulo, com bilhetes custando cerca de R$ 11.000, na cotação atual. O primeiro voo está marcado para o dia 16; os demais ainda com assentos vagos são entre 17 e 19.

A Ethiopian Airlines informou que os voos para São Paulo a partir de Joanesburgo, com conexão em Addis Abeba (capital da Etiópia), continuam com operações aos domingos, terças e sextas. “Mas os voos das próximas semanas já estão com a lotação esgotada e os com lugares disponíveis para as semanas seguintes estão sendo preenchidos rapidamente”, disse a aérea etíope.

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A Lufthansa também disse estar na mesma situação. A empresa permite o embarque de todos os passageiros, incluindo os brasileiros, a partir da África do Sul, “com trânsito na Alemanha, mas, os assentos, encontram-se praticamente esgotados”.

A Embaixada da Suíça em Pretória (cidade que funciona como sede do Poder Executivo na África do Sul) informou que a Swiss derrubou as restrições de embarque, desde o dia 1º, para passageiros do país africano e que os “brasileiros poderão embarcar em voos da Swiss, realizar trânsito e seguir viagem até o Brasil”.

A British Airlines e a Virgin Atlantic também disseram, segundo o Alto-Comissariado do Reino Unido, que estão com voos disponíveis, desde o dia 1º, saindo da África do Sul. “Não haverá impedimento, por parte das companhias aéreas ou das autoridades britânicas, aos brasileiros que embarquem nesses voos e realizem escala no Reino Unido com destino ao Brasil”, informou o órgão britânico.

A TAAG anunciou que colocou em operação três voos de repatriação da África do Sul até Angola para “bilhetes até este domingo (5), com a possibilidade de venda de passagens caso haja lugar”.

“Os voos regulares da Cidade do Cabo e de Joanesburgo para Luanda estão suspensos e sem data de retomada das operações. Já os voos para São Paulo voltariam a sair de Luanda a partir desta última quinta-feira (2)”, informou a empresa.

Quarentena

Segundo as novas regras sanitárias, os brasileiros que conseguirem embarcar terão de ficar isolados. “Ao ingressar no território nacional, deverão permanecer em quarentena, por quatorze dias, na cidade do seu destino”.

É preciso também preencher a Declaração de Saúde do Viajante nas 24 horas anteriores ao embarque e apresentar um exame RT-PCR não detectável ou negativo para Covid-19, realizado nas últimas 72 horas, ou exame negativo do tipo antígeno, em até 24 horas antes da viagem.

Criança com idade inferior a 12 anos e acompanhada não precisa fazer o exame, desde que o responsável direto dela tenha resultado negativo ou não detectável.

Até o momento, o Brasil acumula cinco casos confirmados de contaminação por ômicron; outras oito infecções estão sob investigação.

Dhiego Maia

Subeditor de Finanças do InfoMoney. Escreve e edita matérias sobre carreira, economia, empreendedorismo, inovação, investimentos, negócios, startups e tecnologia.