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SÃO PAULO – A utilização de cheques em compras de baixo vem deixando de ser tão comum no dia a dia do brasileiro. Antes, o recurso era utilizado com mais frequência em pequenas transações como para abastecimento de automóveis, compras em supermercados, entre outras despesas.
Apesar disso, a linha de crédito não perde representativa em termos de volume financeiro, assim como nos números de inadimplência no País. Em janeiro de 2014 foram compensados 65,4 milhões de cheques em todo o País, quantidade menor que os 74,5 milhões compensados em 2013. Contudo, para cada mil cheques compensados em janeiro deste ano, 21,1% foram devolvido por falta de fundo, enquanto em janeiro do ano passado, para cada mil cheques, 20,2% voltaram por falta de fundos. “A quantidade reduziu, mas a representatividade em termos de inadimplência continua basicamente a mesma”, Conta o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
A mudança, segundo ele, é que atualmente o cheque passou a ser mais utilizado para os pagamentos no valor mais alto. “Agora ele passa a ser mais utilizado, por exemplo, para o pagamento de aluguel, entrada no financiamento do carro entre outras transações de valores maiores”, avalia o economista.
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Segundo ele, a utilização de cheques para compras com pequenos valores era uma herança dos tempos de hiperinflação no País. “Com a hiperinflação, o cheque acabou sendo superutilizado de forma distorcida no Brasil. Em outros países ele já funciona para liquidações de grandes valores, que é o que vem acontecendo no Brasil nos últimos anos”, explica o economista.
Volume de cheques devolvidos
Mesmo com a mudança do perfil de utilização desta linha de crédito, o Indicador Serasa Experian revelou que no mês o número de cheques que voltaram saltou para 2,11%, alcançando o maior patamar desde 2010. De acordo com Luiz Rabi, da Serasa Experian, duas possibilidades estão sendo usadas para justificar esse aumento. Uma delas é a dificuldade do consumidor em honrar seus compromissos financeiros típicos deste período, como gastos com as festas de final de ano, viajem de férias, primeira parcela do IPVA.
A outra é o aumento da taxa básica de juros no país, que vem ocorrendo consecutivamente pelo Banco Central do Brasil desde o mês de abril do ano passado, chegando atualmente em 10,5% ao ano. O aumento do juro reflete em maiores taxas para as principais operações de crédito no País.
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Para Luiz Ruiz, os dados de janeiro não são conclusivos para determinar uma mudança de tendência, mas deixam esse alerta se esse movimento pode se repetir nos próximos mesmo ou se trata apenas um movimento atípico ocorrido no início do ano.