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Mais de 82 milhões de brasileiros nunca fizeram um Pix, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central (BC). O número equivale a 46% da população adulta do país, segundo dados do Relatório de Economia Bancária 2021 divulgado nesta quinta-feira (6).
A conta inclui:
- 71,4 milhões: não realizaram nenhum Pix ou TED (Transferência Eletrônica Disponível) entre novembro de 2020 (quando Pix foi lançado) e dezembro de 2021 (40% da população adulta);
- 10,7 milhões: realizaram pelo menos uma TED entre novembro de 2019 e dezembro de 2021, mas não fizeram nenhum Pix até dezembro de 2021 (6%).
Para o levantamento, o BC considerou como população adulta todas as pessoas a partir de 15 anos e com CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) ativo, segundo a Receita Federal (178,6 milhões de brasileiros). Desse total, mais de 120 milhões nunca tinham feito uma transferência eletrônica até a criação do Pix.
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Do outro lado, 60% da população brasileira adulta já usa ao menos um tipo de transferência eletrônica (107,2 milhões) e 54% adotaram o Pix (96,5 milhões). Desses, 49 milhões passaram a fazer transferências após o lançamento do sistema de pagamentos do BC:
- 36 milhões: passaram a usar exclusivamente o sistema do BC (20% da população adulta);
- 13 milhões: começaram a usar tanto o Pix como a fazer TEDs (8%).
Desigualdades regionais
As regiões Norte e Nordeste são o retrato dessa dicotomia: elas têm os maiores percentuais de pessoas que não faziam TEDs e passaram a usar o Pix (que o BC chama de “inclusão Pix”) e também os maiores índices de pessoas sem acesso a transações eletrônicas (“não usuários Pix/TED”).
No Norte, 38% da população adulta do Amapá, 35% da de Roraima e 34% da do Amazonas passaram a fazer Pix e TEDs após o lançamento do sistema de pagamentos. Mas 51% dos moradores do Acre nunca fizeram uma transação eletrônica.
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O Banco Central diz no relatório “que o Pix teve papel de destaque na inclusão de grande parte da população brasileira no uso de instrumentos de transferência digital”. “Em termos regionais, a região Norte foi a que apresentou inclusão mais forte — região que, ainda assim, apresenta os maiores índices de pessoas sem acesso aos instrumentos”.
No Nordeste estão os estados com a maior proporção de não usuários de Pix e TEDs: Maranhão (55%), Piauí (54%) e Alagoas (54%). Na outra ponta, as unidades da federação que proporcionalmente têm menos “excluídos bancários” são Distrito Federal (26%), São Paulo (31%) e Rio de Janeiro (35%).
Entre os “não aderentes” ao Pix (pessoas que fazem TEDs mas nunca usaram a ferramenta do BC), os estados que se destacam são os 3 da região Sul: Santa Catarina (9% da população adulta), Rio Grande do Sul (9%) e Paraná (8%).
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Exclusão dos mais velhos
A adesão ao Pix também varia de acordo com a idade: os mais jovens apresentaram maior adoção da tecnologia (39% dos brasileiros entre 15 a 24 anos nunca tinham feito uma transação eletrônica e passaram a usá-la).
Essa adesão diminui conforme a idade avança e cai para apenas 10% entre os idosos (acima de 65 anos). Eles têm também a maior proporção de “não aderentes ao Pix”: 12% fazem TEDs, mas nunca usaram o sistema do BC.
Essa proporção é de 1% entre os jovens de 15 a 24 anos e de 3% entre quem tem de 25 a 34 anos. Além disso, “apenas” 22% dos jovens entre 25 e 34 anos não usam o Pix e nem fazem TEDs (e essa proporção sobe para 69% entre os idosos).
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Inclusão apesar de tudo
Apesar de os dados mostrarem que ainda há uma parcela considerável da população brasileira excluída, é inegável a inclusão bancária que o Pix tem promovido em um curto período de tempo.
A consultoria Oliver Wyman projetou no lançamento do Pix, em novembro de 2020, que mais de 1 bilhão de transações seriam feitas por mês pelo sistema apenas em 2028. Esse número já está em mais de 1,4 bilhão atualmente, em menos de 2 anos de uso.
O BC afirma no Relatório de Economia Bancária de 2021 que “o Pix logrou ampla aceitação pela população brasileira em curto período”.
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“Em pouco mais de 1 ano, foram atingidas marcas expressivas: 1) cerca de 61% da população adulta com ao menos uma chave Pix cadastrada; 2) cerca de 100 milhões de pessoas realizaram pelo menos um pagamento com o Pix; e 3) mais de 1,4 bilhão de transações por mês, sendo 72% entre pessoas físicas”, afirma a autoridade monetária.
O Banco Central diz também que “foi observada uma forte substituição do uso da TED pelo Pix, assim como uma clara diferença dos valores médios transacionados nos instrumentos, sendo o Pix utilizado para valores mais baixos”. “Na média, a parte da população que passou a usar o Pix e que não usava a TED tinha renda inferior aos grupos que já utilizavam a TED”.
“Esse grupo que passou a usar o Pix e que não usava a TED também tinha menor participação no mercado formal e menores salários entre aqueles formalmente empregados, assim como maior participação dos grupos incluídos no Cadastro Único, tanto como beneficiários do Bolsa Família quanto sem essa condição”, afirma o BC no documento.
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