XP (XPBR31): lucro de 2022 fica estável em R$ 3,580 bilhões e receitas avançam 11%

Instituição financeira, que vem investindo em novas verticais de negócios, registrou forte crescimento em cartões e previdência

Mitchel Diniz Raquel Balarin

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A estratégia da XP Inc de diversificar suas linhas de negócio, que ganhou força desde o IPO de 2019, permitiu que a instituição financeira ampliasse suas receitas em 2022, apesar do cenário adverso. A instituição financeira anunciou nesta quinta-feira (16) um lucro líquido de R$ 3,580 bilhões em 2022, praticamente estável em relação ao registrado um ano antes (R$ 3,592 bilhões). No quarto trimestre, o lucro líquido foi de R$ 783 milhões, queda de 21% em relação ao mesmo período do ano passado.

As receitas líquidas foram de R$ 13,348 bilhões em 2022, 11% acima do valor de 2021. No quarto trimestre, atingiram R$ 3,177 bilhões, 3% abaixo da registrada um ano antes. O varejo segue responsável pela maior parcela da receita: R$ 10,2 bilhões (R$ 2,5 bilhões no quarto trimestre), com crescimento de 4% em relação ao ano anterior.

Em detalhamento que acompanha o release de resultados, a empresa explica que o crescimento foi maior em operações de renda fixa e float, que mais do que compensaram a queda de 21% nas receitas com renda variável.

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No quarto trimestre, as operações de varejo foram afetadas por Copa do Mundo, eleições e menor número de dias úteis que, segundo a empresa, reduziram a interação entre assessores e clientes e se somaram ao menor apetite ao risco do investidor.

Embora no ano tenha havido crescimento de receita com a renda fixa no varejo, a XP explica que no último trimestre muitas emissões de dívida acabaram sendo subscritas (“encarteiradas”, no jargão do mercado), em vez de distribuídas aos clientes, o que afetou a receita nos últimos meses do ano.

Diferentemente dos bancos tradicionais, o modelo de negócios da XP prioriza a desintermediação financeira – em vez de emprestar dinheiro de seu balanço para as empresas, dá preferência à emissão de títulos de dívida e distribuição desses papeis na sua base, que chegou a 3,877 milhões de clientes em 2022 (14% acima do número ao fim de 2021).

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“Apesar da persistência de um cenário adverso no curto prazo, espera-se que dinâmica do negócio de varejo melhore ao longo de 2023”, informa a empresa no comunicado.

Carta do CEO, contratações e guidance de despesas

A divulgação dos resultados foi acompanhada de uma carta do CEO Thiago Maffra, como já ocorreu no trimestre anterior. Nela, o executivo ressalta o forte crescimento da receita e do lucro da empresa de 2018 a 2021 e diz que nesses anos os investimentos se concentraram em aquisições estratégicas, no desenvolvimento do canal de assessoria de investimentos e em novas verticais, que ajudam a criar valor no longo prazo e a reduzir a “ciclicidade do negócio” [em alusão à alta correlação que era até então verificada entre os ciclos de alta de renda variável e os números da companhia]. Ele também traça um paralelo do que foi a XP dez anos antes (2013) e a empresa atual.

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Apesar da evolução, o CEO reconhece, entretanto, que “o cenário benigno dos últimos anos influenciou o ritmo de expansão, principalmente o aumento do número de funcionários”. A XP ampliou seu quadro em 1,2 mil colaboradores em 2020 e mais outros 2,5 mil em 2021. “Iniciamos 2022 com uma estrutura incompatível com as dificuldades que enfrentaríamos no ano”, admite.

No quarto trimestre do ano passado, a empresa pôs em marcha um ajuste abrangente em sua estrutura de custos, movimento que persiste neste início deste ano. Na carta aos acionistas, Maffra explica que a XP fechou 2022 com 6.928 colaboradores. Ao fim de janeiro de 2023, o número caiu para 6.549, redução de 5,5% na comparação com o mês anterior.

“A redução nas contratações e os ajustes de despesas feitos ao longo 2022 não evitaram a compressão de margens”, diz Maffra, que apresenta no documento um novo “guidance” (projeção de negócio para o futuro) em relação à despesa. A estimativa é de que o valor das despesas ajustadas fique entre R$ 5 bilhões e R$ 5,5 bilhões, ante R$ 5,6 bilhões registrado em 2022.

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A estrutura de custos “mais leve” para os próximos trimestres, segundo a empresa, está alinhada ao “guidance” de margem EBT de 26% a 32% para 2023 a 2025. Em 2022, o indicador foi de 25,8%, em relação a 31,6% no ano anterior.

A XP também informou ter recomprado 18 milhões de ações ao longo do ano de 2022, o equivalente a R$1,8 bilhão. No montante, estão inclusos os blocos comprados de Itaú (ITUB4) e Itaúsa (ITSA4).

Os números representam 3,2% do total de ações e 51% do lucro líquido de 2022, respectivamente. Em janeiro de 2023 foram recompradas mais 3 milhões de ações.

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“No ano de 2023 seguiremos com o programa atual, cujo encerramento será até o próximo dia 12 de maio. Ao fim do programa anunciaremos um retorno mínimo para os acionistas referente a 2023, na forma de recompra de ações e/ou dividendos”, diz a carta do CEO.

Detalhamento das operações

Pela segundo trimestre consecutivo desde que abriu seu capital, a XP divulgou suas receitas por linha de produto:

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados