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A XP vê 2022 como um ano desafiador do lado macroeconômico, com a economia crescendo em ritmo menor, inflação ainda elevada e a taxa básica de juros (Selic) chegando em 11% ou mais. O time de análise encabeçado por Fernando Ferreira, Jennie Li e Rebecca Nossig explica que a trajetória da dívida brasileira, hoje equivalente a 83% do Produto Interno Bruto (PIB), será um dos grandes debates no país ao longo do próximo cenário eleitoral.
Na pior hipótese, os analistas da XP projetam o Ibovespa a 93 mil pontos no final de 2022; no cenário base, aos 123 mil pontos; e em um cenário otimista, a 145 mil pontos.
“No entanto, para que o caso bull (melhor cenário) ou base aconteçam, os riscos nacionais e globais devem diminuir primeiro, principalmente os domésticos, relacionados ao cenário de longo prazo de taxas”, afirma a equipe de análise.
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O relatório da XP também trouxe um estudo sobre o comportamento dos mercados em ano eleitoral e, ainda que não tenha identificado algum padrão claro, uma característica comum entre esses períodos é a volatilidade maior que a normal. “Analisamos períodos eleitorais a partir de 2002, quando as políticas econômicas eram mais semelhantes às que temos hoje”, afirmam os analistas.
Naquele ano, as ações brasileiras caíram quase 30% nos seis meses antes das eleições e subiram 27% no semestre seguinte. Porém, em 2014, os retornos foram positivos em ambas as janelas. De qualquer forma, na média dos anos eleitorais analisados, o Ibovespa teve rentabilidade negativa de 6,7% no semestre anterior ao pleito e valorização de 5,9% após as eleições.
“O preço das ações não parece seguir nenhuma regra. A democracia brasileira é jovem e a amostra de períodos eleitorais em que as políticas e o mercado eram similares ao atual são pequenas. Além disso, o mercado brasileiro é sensível aos movimentos do mercado global”, escreveram os analistas.
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Quanto à volatilidade, também é difícil traçar um padrão. Na média, historicamente, ela tende aumentar antes do segundo turno e diminuir depois das eleições. “Em resumo, a regra é que a volatilidade nos mercados é normal e, embora não podemos antecipar exatamente o que nos espera, devemos nos preparar para alguma turbulência em 2022”, afirma a equipe de análise.
Bolsa barata
“A Bolsa brasileira continua barata em quaisquer métricas que mensuramos”, diz o texto assinado pelos analistas. Seja pela relação Preço/ Lucro, excluindo commodities, comparando com a renda fixa ou outras Bolsas. “Isso por si só não garante retornos positivos, mas para o investidor com paciência e visão de longo prazo, esses momentos de turbulência tendem a ser melhores para investir”, complementa a análise.
Os analistas calculam que o prêmio de risco para ações segue favorável, mesmo considerando taxas de juros mais altas. Esse prêmio é a diferença entre o rendimento da renda variável e a taxa de juros real e, atualmente, está em 7,8%, enquanto que a média de longo prazo é de 4,9%.
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Os três principais temas de investimento da XP para a Bolsa foram mantidos: commodities, para se proteger de inflação e dólar alto; histórias com crescimento secular, que dependem menos do ambiente macroeconômico desafiador; e oportunidades específicas, casos de ações de qualidade que caíram de preço demasiadamente.
Dentre os setores que estão sendo negociados abaixo da média histórica, considerando Preço/ Lucro, a XP cita as telecomunicações, elétricas, materiais e energia. “Os outros setores estão negociando em linha ou com prêmio em relação ao seu histórico, como saúde e tecnologia”, diz o relatório.
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