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Apesar de ainda considerar a WEG (WEGE3) uma “empresa fantástica”, o Itaú BBA rebaixou a recomendação para ações da fabricante motores elétricos de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para market perform (desempenho igual a média do mercado, equivalente à neutro). O movimento ocorre depois dos papéis acumularem alta de 42% desde agosto passado, destacaram os analistas em relatório chamado “rebaixando a market perform, mas mal podemos esperar para voltar”.
Nesse contexto, analistas do banco, apesar de serem construtivos com a tese para longo prazo, veem agora uma assimetria menos atrativa para ações da WEG, que pode ser dividida em quatro áreas: i) desempenho das ações e valorização relativa; ii) desaceleração do crescimento; iii) normalização das margens; e iv) risco negativo para os lucros com possível reforma tributária.
Após uma taxa anual de crescimento (CAGR) de 30% entre 2020 e 2022, a desaceleração do crescimento em 2023 é esperada. “No entanto, a redução pode ser mais forte do que o anteriormente esperado, puxada por i) mercado doméstico (mudanças regulatórias e a pré-compra em 2022 podem resultar em receitas solares menos fortes, afetando números de transmissão e distribuição [GTD]); ii) o mercado internacional (menores ganhos de market share após a normalização da disrupção da cadeia de suprimentos nos pares); e iii) câmbio (visão de real estável ou depreciação de 5% 2023 versus 10% por ano nos últimos três anos).” Agora analistas esperam que a WEG cresça 10% em 2023 e modestos 9% no segundo trimestre de 2023.
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Em termos de margem, BBA espera que elas caiam para 19% no 4T23 após a surpresa de margem de 21,9% no 1T23. “Essa acomodação provavelmente será impulsionada por i) ajustes de preços em produtos de ciclo curto (repasse gradual de custos mais baixos) e produtos de ciclo longo (atualmente em um pico de margem de 3 anos à medida que novos contratos com preços mais altos são contratados); ii) menor risco de alta dos preços das commodities (representou 48% da receita no 1T23 versus 51% na média de 2 anos); e iii) reversão parcial dos ganhos de eficiência na mão de obra conforme o capex acelera (passou de 24% da receita no 1T19 para 15% no 4T22 e agora para 16,4% no 1T23)”, explicam os analistas.
Além disso, de acordo com os cálculos do BBA, a reforma tributária pode trazer riscos negativos para o lucro por ação da WEG.
Para analistas, há um risco de queda de cerca de 20% para o lucro por ação de 2024 proveniente do fim do benefício do Preço de Transferência (8% dos ganhos líquidos de 2024); fim da dedutibilidade dos Juros sobre Capital Próprio (6% do lucro líquido de 2024); e a isenção do imposto de renda sobre os benefícios fiscais do ICMS (1% do lucro líquido, que pode aumentar para 6% de impacto se uma reforma tributária completa for aprovada). Como referência, ajustando para esses benefícios, o retorno sobre capital investido (ROIC) da WEG em 2022 teria sido de 23% versus 30% reportado.
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Em termos de valuation, BBA vê a WEG negociando a 33 vezes o preço sobre lucro (P/L) esperado para 2023 e 30 vezes o esperado para 2024, que se mostra menos atraente tanto em termos absolutos (deve expandir 12% ao ano nos próximos dois anos, com risco de queda com a reforma tributária) quanto em base relativa (menor crescimento em cinco anos para locais de alta qualidade e pares industriais internacionais, apesar dos prêmios históricos acima da média de cerca de 80% e 65%, respectivamente).
Cabe destacar que, também nesta quaeta, o JPMorgan reduziu suas estimativas de crescimento da receita da WEG, mas manteve avaliação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 47.
Segundo o banco americano, a manutenção da recomendação reflete um aumento nas margens de longo prazo, que compensou a desaceleração antes do esperado na receita líquida para 13% no 1T23, ante projeção anterior de 15% ano a ano para 2023 como um todo.
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O JPMorgan também reconhece que o momento de curto prazo é abalado devido a ventos contrários ao crescimento, incentivos fiscais e busca de investidores para ações de beta alto (no caso de um ciclo de flexibilização monetária, com corte de juros).
Apesar dos ventos contrários, o banco diz que permanece overweight em WEG devido: i) à capacidade da companhia em encontrar novos caminhos de crescimento como mobilidade com elétricos, energia renovável, automação, entre outros, entregando crescimento acima do mercado; e ii) capacidade para continuar a bater consenso de Ebitda, entregando uma expansão de +40% na base anual.
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