WEG (WEGE3) tem mais um forte resultado e ação salta 5,5%, mas velha questão continua: vale a pena comprar?

Perspectivas sobre papel WEGE3 se dividem entre "acomodação" dos principais indicadores, valuation esticado e projeções de maior crescimento

Lara Rizério

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Mais uma vez bons resultados, mais uma vez velhas questões pairando sobre as ações da WEG (WEGE3), que seguem dividindo os analistas. Contudo, no curto prazo, as ações repercutiram positivamente o balanço, com os papéis fechando em alta de 5,50%, a R$ 31,63.

A fabricante de motores divulgou nesta quarta-feira um aumento de 23,5% no lucro líquido do primeiro trimestre na comparação anual, a R$ 934,9 milhões. A empresa garantiu boa disponibilidade de produtos no período, evitando algumas das preocupações relacionadas à cadeia de suprimentos no ano passado.

O desempenho foi impulsionado, segundo a companhia, por produtos de ciclo curto e longo – respectivamente, aqueles usados ​​em projetos menores, como componentes eletrônicos e geração de energia solar, e em projetos de grande porte, como linhas de transmissão e energia eólica. A receita operacional líquida cresceu 34,5% ano a ano, para R$ 6,828 bilhões.

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O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado cresceu 21,3% no 1T22, totalizando R$ 1,232 bilhão.

As margens operacionais, que foram atingidas por interrupções na cadeia de suprimentos global no final de 2021 e ajudaram a reduzir o valor das ações da companhia logo após a divulgação dos resultados do quarto trimestre, em fevereiro, registraram uma recuperação nos primeiros três meses de 2022.

A margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) do primeiro trimestre foi de 18,1%, 0,9 ponto percentual acima do trimestre anterior, embora ainda abaixo dos 20% observados há um ano.

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A WEG afirmou que a atividade industrial nos mercados externos permaneceu forte, o que a ajudou a alavancar as vendas para segmentos como óleo e gás, mineração e papel e celulose.

“Os resultados do primeiro trimestre de 2022 confirmam o bom desempenho de vendas nas principais linhas de negócios da companhia… (e) também reforçam nosso direcionamento estratégico de desenvolver produtos e sistemas com maior valor agregado”, disse a WEG.

Segundo a XP, a WEG apresentou bons números, com receita líquida 4% acima de suas estimativas e 8% acima do consenso, refletindo uma perspectiva positiva de receita em geral, com o mercado doméstico como o principal destaque, enquanto impulsionado pelo segmento GTD, de geração, transmissão e distribuição.

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No nível de rentabilidade, a margem Ebitda recorrente apresentou expansão versus o 4T21, mas ficou abaixo dos níveis do 1T21, refletindo a pressão de custo já esperada de matérias-primas e mix pior de produtos (maior relevância dos projetos relacionados à energia eólica, com níveis menores de rentabilidade), com o Retorno sobre o Capital Investido (ROIC) permanecendo em um forte nível de cerca de 30%.

Já o lucro líquido ficou 4% abaixo das estimativas da casa, com os resultados financeiros abaixo do esperado, e 14% acima das estimativas de consenso.

O Ebitda da companhia superou as estimativas do Morgan Stanley em 12%, principalmente com forte desempenho de GTD doméstico, juntamente com contínua recuperação de produtos industriais fora do Brasil.

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Já o retorno sobre capital investido (ROIC) informado diminuiu 80 pontos-base sequencialmente, mas permaneceu forte em 29,7%, destacaram os analistas.

O Goldman Sachs também ressaltou que a companhia superou novamente as expectativas, com o Ebitda ajustado 6% acima da estimativa do banco.

Segundo os analistas do banco, a superação das estimativas veio principalmente por conta de receitas mais fortes do que o esperado, especialmente no mercado doméstico de geração solar distribuída, que teve um aumento na demanda por conta de mudanças nas regulamentações do setor.

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Analistas seguem divididos

Apesar dos resultados superarem as projeções, o Goldman Sachs tem recomendação de venda para a ação da WEG, com um preço-alvo de R$ 33 (ainda que com um potencial de valorização de 10% em relação ao fechamento de terça-feira).

“Em suma, ainda vemos a WEG como um nome de alta qualidade sob nossa cobertura (com um sólido histórico, sem alavancagem financeira e com capacidade de crescer acima do PIB através de ganhos de participação no exterior e alguma exposição a renováveis)”, apontam os analistas. No entanto, veem a ação como cara, com um múltiplo de preço sobre o lucro esperado para 2022 e 2023 de 38 e 32 vezes, respectivamente.

Os analistas também esperam desaceleração no crescimento do Ebitda em 2022 em relação a 2020 e 2021, com a valorização do real em relação a 2021 também podendo pressionar as margens no curto prazo. Assim, veem poucos catalisadores positivos para a ação e melhores alternativas em outros nomes.

Na mesma linha, o Morgan Stanley possui recomendação underweight (exposição abaixo da média do mercado) para o ativo, com preço-alvo de R$ 26 (ou 13% menor do que o valor de fechamento da ação na véspera).

Também cautelosos, o Bradesco BBI manteve recomendação neutra para a ação da WEG, mas elevou o preço-alvo de R$ 34 para R$ 35 (upside de 17%) após o resultado, de forma a incorporar os números um pouco acima das projeções dos analistas. Por outro lado, o valuation esticado, e as projeções de “acomodação” da margem Ebitda e do ROIC a níveis mais baixos dados os portfolios de receita, real mais forte e aumento do capital investido reforçam a visão neutra para o papel. O Itaú BBA também tem recomendação similar, mas com preço-alvo de R$ 46 para as ações, um considerável potencial de valorização de 53%.

Já entre os mais otimistas, a XP segue com recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 45 (upside de 50%).

Os analistas da casa avaliam que a a WEG está bem posicionada para sustentar seu sólido perfil de valor, com base em quatro pilares principais: (i) conjunturas macro favoráveis para suportar o momento da receita de curto a médio prazo; (ii) crescimento de longo prazo suportado pela internacionalização e seu DNA inovador em direção a mercados de alto crescimento e ainda pouco explorados; (iii) execução sólida para sustentar seus altos níveis de retorno; e (iv) forte posicionamento em relação à agenda ESG. Além disso, há um alinhamento de forte crescimento com altos níveis de retorno da WEG justificando seu “valuation premium”, apontam.

O Citi também tem recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 44 (upside de 47%), acreditando que o momento operacional segue forte e que o “PEG ratio” – ou  ‘índice PEG’, métrica de avaliação para determinar o trade-off relativo entre o preço de uma ação, o lucro gerado por ação e o crescimento esperado da empresa – justifica o valuation mais alto. Em geral, a relação do preço sobre lucro é mais alta para uma empresa com uma taxa de crescimento mais alta.

De acordo com compilação feita pela Refinitiv, de 12 casas que cobrem o papel, 4 possuem recomendação de compra ou equivalente, 6 de manutenção e 2 de venda, com preço-alvo médio de R$ 38,82, um potencial de alta de 29,5% em relação ao fechamento da véspera.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.