Vibra (VBBR3): Queda do petróleo derruba valor de estoques e margens no primeiro trimestre

Aquisição de combustíveis a um valor mais elevado e posterior venda a um valor mais baixo derrubou lucratividade da empresa

Vitor Azevedo

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A Vibra (VBBR3) teve um resultado do primeiro trimestre considerado “mais fraco do que o esperado” pelos analistas. O principal gatilho para isso, de acordo com os mesmos, foi o recuo do preço do petróleo, que impactou diretamente os estoques da companhia.

“Como a indústria operava com excesso de estoques no início do ano, esperando a retomada total dos impostos, a queda nos preços do diesel e querosene de avião produziu um impacto de margem mais forte do que nossa expectativa”, contextualiza o time do Morgan Stanley, chefiado por Bruno Montanari.

A companhia vinha aumentando seus estoques, por conta da volatilidade e de olho no fim da isenção do ICMS sobre combustíveis. Estes, contudo, trouxeram uma desvalorização de carrego, acompanhando o valor da commodity – o barril Brent, no começo do ano, era negociado a mais de US$ 85 e, agora, está em menos de US$ 75.

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“As margens foram afetadas negativamente principalmente pelas perdas de estoque causadas pelas reduções de preços de diesel, óleo combustível e querosene de aviação no final de 2022 e durante o primeiro trimestre. Isso foi parcialmente compensado por ganhos de estoque de gasolina, devido a um retorno parcial de impostos federais em fevereiro, e ganhos de hedge”, fala a equipe do Itaú BBA, liderada por Monique Greco.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Vibra ficou em R$ 688 milhões, com margem de R$ 74 por metro cúbico negociado. Ao total, foram 9,2 milhões de m³ vendidos entre janeiro e março deste ano.

O Bradesco BBI destaca que, para além da margem, os volumes vieram aquém das suas projeções, com queda de 7,2% na base trimestral (em parte por conta da sazonalidade). No ano, houve aumento de 3,7% das vendas.

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Do lado positivo do resultado da Vibra, os especialistas, no geral, destacaram a geração de caixa.

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“Apesar do Ebitda medíocre, a geração de fluxo de caixa livre foi amplamente positiva, com fluxo recorrente totalizando R$ 2,1 bilhões, de R$ 204 milhões negativos no quarto trimestre. Isso se deu principalmente devido ao alívio de R$ 1,6 bilhão na semana relacionado aos preços mais baixos de combustível dos cortes de preços implementados pela Petrobras ao longo do trimestre”, menciona a equipe do BBI, comandada por Vicente Falanga.

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A dívida líquida da Vibra, com isso, recuou para R$ 12,6 bilhões, ante o pico de R$ 14,8 bilhões no terceiro trimestre de 2022. A alavancagem, medida pela relação entre lucro operacional e dívida líquida, por conta do recuo do Ebitda, porém, ficou estável em 2,7 vezes.

Vibra fala em margens melhorando

Executivos da distribuidora, quanto às margens, afirmaram que após um começo de ano desafiador há uma melhora contínua sendo apresentada desde fevereiro.

Entre os destaques que pesam nesta frente, contudo, está a política de preços da Petrobras, que é um fator chave, e a importação de petróleo russo pelo Brasil – algo que vem sendo visto em algumas concorrentes.

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“Segundo a administração, potenciais mudanças na política de preços da Petrobras ainda são um ponto de interrogação, e a empresa espera entender os impactos no mercado. Ao mesmo tempo, o aumento das importações brasileiras de diesel da Rússia é visto pela administração como pequeno e limitado a regiões específicas do país”, comentou a equipe do JP Morgan.

Quanto à melhora do capital de giro, a Vibra explicou que a manutenção desse ponto depende do comportamento dos preços.

“Após um trimestre de uma geração de caixa de aproximadamente R$2 bilhões, uma das principais dúvidas dos investidores é se há espaço para aumentar o pagamento de dividendos. Sobre esse assunto, a administração reiterou a visão de que a prioridade é reduzir a alavancagem dos atuais 2,7x para um patamar mais confortável entre 2 e 2,5x”, falou o banco americano.

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Por fim, quanto aos rumores de que a Petrobras está interessada em retomar a marca da BR Distribuidora, os executivos minimizaram a questão. “Estamos seguros do ponto de vista jurídico, não há possibilidade de isso ser revisto neste momento”, falou o diretor executivo (CEO) Ernesto Pousada.

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