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A agência de classificação de risco S&P Global rebaixou os ratings de crédito de emissor e de emissão de debêntures da Via (VIIA3) de “brAA-” para “brA-”, com perspectiva negativa, na escala nacional, após incorporar os resultados da varejista no primeiro semestre de 2023.
Na abertura dos negócios desta segunda-feira (11), as ações de Via (VIIA3) subiam 2,54%, cotadas a R$ 1,21, mesmo com o rebaixamento. Entretanto, as ações da varejista acumulam perdas de 5,5% em setembro e de 50% em 2023.
Para os analistas da S&P, os números relatados pela companhia refletem os efeitos do ambiente macroeconômico e os desafios estruturais pelos quais o setor de varejo vem passando, após alguns anos com foco em crescimento de vendas e ampliação da participação do e-commerce nas receitas da empresa.
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As métricas de crédito, sobretudo margem Ebitda (Ebitda sobre Receita) e alavancagem, estão significativamente mais fracas do que esperado pela S&P. A empresa apresentou margem Ebitda de 4,2% e dívida ajustada sobre Ebitda em torno de 10,5 vezes nos últimos 12 meses, ante projeções de 9,0% e 4,5 vezes para 2023, respectivamente, em análise mais recente da agência, publicada em fevereiro.
Dentre os ajustes realizados em nossa métrica de endividamento no segundo trimestre de 2023, os principais foram de aproximadamente R$ 7,0 bilhões, referentes a desconto de recebíveis, e de R$ 3,7 bilhões de arrendamento operacional.
Segundo relatório, a perspectiva negativa indica uma chance em três de rebaixamento dos ratings e reflete os riscos da indústria de varejo discricionário brasileira, como a queda da renda disponível da população, taxas de juros ainda em patamares elevados e o alto grau de competição, que podem continuar afetando os resultados da Via e a redução da alavancagem esperada para 2024 e 2025.
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Via (VIIA3): Plano de transformação
A Via anunciou, juntamente com os resultados do segundo trimestre de 2023, uma série de iniciativas estratégicas voltadas à melhora do desempenho operacional e à otimização de sua estrutura de capital. O mercado, porém, desconfiou do plano e espera “pagar para ver”.
Do lado operacional, as mudanças passam por uma readequação do número de lojas e da estrutura de pessoal, redução dos níveis de estoque e migração de categorias não rentáveis para o marketplace.
Já sob a ótica financeira, a estratégia visa a diversificação das fontes de financiamento, com eventual acesso ao mercado de capitais internacional e agências de fomento, além da mudança do modelo de funding do crediário através da securitização desses recebíveis.
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Além disso, a empresa está em processo de uma oferta pública de ações no valor estimado de aproximadamente R$ 1 bilhão, que traria mais conforto para sua posição de liquidez. Haverá também a distribuição de bônus de subscrição que, se integralmente exercidos, poderiam elevar o montante final para até R$ 1,8 bilhão.
Dentre as medidas anunciadas pela empresa está a constituição de um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) para diversificação as fontes de funding do crediário, atualmente concentrada em alguns bancos parceiros.
A S&P avalia o movimento como positivo, uma vez que tende a reduzir a exposição da Via a bancos e abrir margem para melhorar o perfil médio de vencimentos da dívida.
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Na avaliação da S&P, as medidas em andamento podem trazer melhora relevante na gestão de capital de giro, rentabilidade e estrutura de capital da Via nos próximos anos.
Isso porque, segundo a agência, “o plano de transformação impulsiona atributos da empresa, como sua marca reconhecida e com forte apelo emocional, além de suas vantagens competitivas na venda de produtos de ticket médio mais elevado, como uma rede de lojas físicas extensa e linhas de financiamento ao consumidor, que servem como importante alavanca de vendas, fidelização e rentabilidade.”
Via (VIIA3): Recuperação gradual das margens
A agência classificadora de risco ressalta que a nova administração está engajada em adequar a estrutura da empresa para um ciclo de recuperação da rentabilidade, mas deve levar algum tempo até que os efeitos se reflitam de forma mais material nos números.
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Analistas esperam que os próximos trimestres ainda sejam bastante desafiadores, com as despesas de reestruturação pressionando as margens. Com isso, projetam margem Ebitda ajustada em torno de 4,5% em 2023 e 5,5% em 2024, com índice de dívida líquida ajustada sobre Ebitda de 8,8 vezes em 2023, reduzindo para cerca de 6,5 vezes em 2024.
Considerando uma oferta bem-sucedida, a S&P projeta métricas de dívida líquida ajustada sobre EBITDA de 8,1 vezes em 2023, 6,1 vezes em 2024 e 5,0 vezes em 2025.
Caso seja realizada a subscrição da totalidade dos bônus oferecidos, com a oferta atingindo R$ 1,8 bilhão, estima que as métricas de dívida líquida ajustada sobre Ebitda poderiam atingir 5,7 vezes em 2024 e 4,6 vezes em 2025.
Liquidez
A S&P avalia ainda a liquidez da Via como menos que adequada. A empresa tem cerca de R$ 860 milhões em dívidas com vencimento nos próximos 12 meses, em comparação com uma posição de caixa de cerca de R$ 870 milhões.
Na visão da agência, a empresa mantém bom relacionamento de longo prazo com as principais instituições financeiras e está trabalhando para melhorar sua estrutura de capital e diversificar suas fontes de financiamento, inclusive através de uma oferta de ações.
Assim, espera que Via seja capaz de refinanciar ou pagar parte dos vencimentos de curto prazo, ao mesmo tempo que alonga os prazos médios dos seus vencimentos.
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