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A Copa do Mundo costuma ser um gatilho positivo para a performance das companhias de varejo, principalmente por conta da venda de televisores e artigos esportivos, com as pessoas querendo ver os jogos em melhor qualidade e usando o uniforme da seleção. Neste ano, porém, ao contrário de edições anteriores, o evento esportivo será no quarto trimestre e coincidirá com outras datas importantes, podendo se tornar uma adversidade para o setor.
De acordo com a XP Investimentos, que acompanhou eventos e palestras voltadas aos empresários do comércio eletrônico, foi observado certo temor com a sobreposição da Copa do Mundo com a Black Friday e também com a proximidade das festas de fim de ano.
Nas teleconferências de resultados do segundo trimestre, quando indagados sobre as perspectivas para o final do ano, uma expressão se tornou constante entre os executivos de empresas como a Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3): “cautelosamente otimistas”.
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“A Copa deste ano acontecerá no quarto trimestre, o mais forte para o varejo devido às festas de fim de ano e principais eventos (por exemplo, Black Friday e Natal). A proximidade aumenta a complexidade das previsões de oferta, demanda e logística”, abre a XP Investimentos, em relatório.
Segundo os analistas da corretora, apesar de o evento esportivo ser normalmente uma alavanca para venda de TVs e artigos esportivos, ele tende também a diminuir o fluxo de clientes nas lojas quando há jogos.
“As vendas ainda não aceleraram tanto e estão abaixo dos níveis de 2018 em aproximadamente 30%, sugerindo que a recuperação ainda pode ocorrer ao longo do terceiro e quarto trimestres, embora potencialmente mitigada pela antecipação do consumo de bens duráveis durante a pandemia, aliada a uma renda disponível ainda apertada”, pontuam Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, especialistas da casa.
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Durante a pandemia, o comércio online registrou fortes vendas de eletrônicos – as pessoas, isoladas em casa e pouco gastando com serviços, optaram por comprar novos gadgets, videogames e televisores, adaptando suas opções de lazer e áreas de estar. Ao comparar as vendas online de 2021 e 2022, segundo levantamento da Criteo, o comércio de videogames saltou 412% e o de televisores, 248%.
Além dessa preocupação, a XP destaca ainda que as varejistas temem que as pessoas não consigam gastar tanto no Natal ou na Black Friday, por conta do orçamento direcionado à Copa do Mundo.
“O cenário, para as varejistas, é de incerteza. Além de tudo isso, a circulação de clientes deve ser impactada, dado que os eventos sociais envolvendo os jogos costumam acontecer o dia inteiro, e as entregas rápidas da Black Friday de baixo custo podem ser comprometidas, com horas de trabalho em dia de jogos ajustadas pela metade”, acrescentam.
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Os dois primeiros jogos do Brasil no evento acontecem na véspera, ambos, da Black Friday e da Cyber Monday.
Segundo a XP, por fim, as varejistas pretendem distribuir as promoções ao longo dos próximos meses para tentar remediar à questão da proximidade.
“Embora vejamos a sobreposição da Copa do Mundo com a Black Friday como um risco para a demanda, a perspectiva difere entre as categorias”, explicam os analistas.
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Para eles, bens duráveis e TVs provavelmente ganharão espaço, bem como o varejo alimentar, com os consumidores realizando mais eventos sociais. Do outro lado, porém, empresas de consumo discricionário e dependentes da circulação de pessoas devem enfrentar desafios a venda de Black Friday mais espalhada, com orçamento apertado dos consumidores e comemorações de fim de ano, podem mitigar parcialmente o efeito dessa sobreposição.
A XP Investimentos vê Grupo Mateus (GMAT3) e Assaí (ASAI3) como maior beneficiários da Copa do Mundo, enquanto nomes como Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Multilaser (MLAS3) podem registrar riscos de alta.
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