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SÃO PAULO – Primeira entre as empresas do setor com forte exposição ao e-commerce do Ibovespa a reportar os resultados do quarto trimestre de 2020, a Via Varejo (VVAR3), dona das Casas Bahia e Ponto Frio, divulgou números sólidos. Contudo, os dados não brilharam os olhos do mercado, o que aumenta ainda mais a cautela sobre os desafios da companhia no radar após um 2020 bastante promissor para a varejista.
A Via Varejo registrou lucro líquido de R$ 336 milhões no quatro trimestre de 2020, revertendo o prejuízo de R$ 875 milhões visto no mesmo período do ano anterior. O desempenho foi impulsionado por uma “transformação digital” acelerada pela pandemia de coronavírus, segundo a companhia. O lucro líquido operacional ficou em R$ 209 milhões, ante R$ 78 milhões no quarto trimestre de 2019.
Vale destacar que os resultados do trimestre foram ajustados a diversos efeitos não recorrentes, como créditos fiscais e previdenciários, que somaram R$ 127 milhões no período. Ao desconsiderar o montante, os ganhos são de R$ 209 milhões.
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Já os níveis de rentabilidade foram pressionados por um aumento na penetração digital, levando a uma pressão na margem bruta de 1 ponto percentual em termos anuais, para 29,2%, e a uma pressão na margem Ebitda ajustada de 70 pontos-base em termos anuais, para 7,5%.
O destaque, como nos últimos trimestres, fica para o sólido desempenho das operações online, com as vendas de mercadorias brutas (ou GMV, na sigla em inglês) subindo 106% na comparação anual, a R$ 4,7 bilhões, sendo 112% para 1P (estoque próprio) e alta de 84% para 3P (marketplace), o que ficou praticamente em linha com o esperado pelo mercado. No total, o GMV foi de R$ 12,7 bilhões, com lojas físicas correspondendo por R$ 7,5 bilhões.
Em comparação, os analistas da XP Investimentos ressaltam que o Mercado Livre (MELI34), que divulgou seus números também nesta semana, reportou um crescimento de 84% anual de GMV total. Contudo, apontam, é “importante destacar que esse crescimento de MELI acelerou em relação à alta de 74% anual no terceiro trimestre, enquanto Via Varejo desacelerou da alta de 219% anual reportado no terceiro trimestre”.
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Desta forma, Danniela Eiger, Thiago Suedt e Marco Nardini, analistas da XP, apesar de destacarem os números como positivos, apontam ser importante ficar de olho nos próximos resultados a serem divulgados – B2W (BTOW3) e Lojas Americanas (LAME4) em 4 de março e Magalu dia 8 – para haver um melhor entendimento sobre a performance relativa da companhia.
Os analistas do Credit Suisse, por sua vez, ressaltam que a Via Varejo começou mais tarde o movimento do marketplace e sua capacidade de balanço inferior em relação aos seus concorrentes de e-commerce pode afetar seu espaço para ganho de participação de mercado.
A empresa ainda tem uma base de comparação anual mais baixa frente aos seus concorrentes, uma vez que boa parte da sua operação ainda é em lojas físicas. Contudo, isso também leva a um maior potencial de crescimento nos próximos trimestre. A varejista também tem uma base instalada robusta (ou seja, 27 centros de distribuição, 1.052 lojas e grande carteira de clientes), o que pode representar uma plataforma sólida para aumentar sua participação de mercado.
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“Vale ressaltar que a empresa apresentou o quinto trimestre consecutivo de resultados sólidos, o que é naturalmente uma boa indicação sobre as novas iniciativas a serem entregues. Nosso time continua otimista com o case considerando a combinação de execução e o valuation descontado. Se a Via Varejo provar sua capacidade de acelerar o ritmo de crescimento do marketplace, acreditamos que isso pode ser um catalisador para a ação”, avalia o Credit, que possui recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para os ativos, com preço-alvo de R$ 24 por papel.
Os analistas da XP destacam diversas iniciativas a serem entregues em 2021 na frente operacional, logística e financeira que, na avaliação deles, devem gerar valor ao longo do tempo. Além disso, acreditam que a forte adição de vendedores no marketplace, tendo encerrado o ano com 10 mil lojistas ativos e hoje já contando com 15 mil lojistas na plataforma (alta de 50% em dois meses), é um fator positivo a ser bem recebido pelo mercado.
A Safra Corretora aponta que o balanço da empresa mostra uma melhora consistente em suas operações, conseguindo recuperar a capacidade de execução e participação de mercado, também avaliando que a administração está agilizando uma série de iniciativas, como o ‘Me chama no zap’, bem como crédito digital ao consumidor e a Envvias, plataforma de serviços logísticos para o marketplace.
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“As iniciativas da empresa são importantes para navegar um ambiente mais desafiador e competitivo, em que o Mercado Livre vem aumentando os investimentos em logística e a B2W tem ajustado sua política comercial para impulsionar o crescimento de vendas. Esperamos que a Via Varejo use seu forte relacionamento com fornecedores, grande base de clientes e presença física em todo o país para continuar acumulando ganhos de participação de mercado”, apontam os analistas da Safra Corretora, que possuem preço-alvo de R$ 27 para os ativos.
Já os analistas da XP possuem recomendação neutra para os papéis VVAR, com preço-alvo de R$ 20, destacando o cenário desafiador para a companhia, apesar das boas iniciativas.
No começo de fevereiro, a XP reduziu a recomendação de compra para neutra, além de reduzir o preço-alvo (que antes era de R$ 28) para o atual, apontando que, embora veja muito potencial de crescimento, tanto no canal físico quanto no digital, a empresa pode decepcionar as expectativas dos investidores devido a obstáculos de curto prazo, principalmente relacionados a um ambiente competitivo mais desafiador.
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“Depois de 2020, em que os consumidores inundaram o canal digital, devemos ver fortes investimentos dos principais competidores para atrair clientes em 2021 e entregar crescimento em comparação com a base difícil de 2020. Como resultado, acreditamos que a Via Varejo pode enfrentar algumas dificuldades para entregar seu turnaround [virada] em meio a uma competição mais acirrada. Continuamos a ver um sólido potencial de alta para a ação, mas avaliamos como neutro devido aos riscos de execução”, apontaram, mantendo essa tese depois da divulgação dos resultados.
Na mesma linha, o Itaú BBA avalia que, embora a Via Varejo tenha apresentado um sólido crescimento nas vendas, ganhos de participação de mercado em diversas categorias e dados mostrando melhora da experiência do consumidor, os investidores devem se concentrar a sustentabilidade do crescimento do GMV e das margens em um cenário normalizado, que também está sujeito a incertezas macroeconômicas. Os analistas mantiveram o valor justo do ativo para o final de 2021 de R$ 21,00 por ação e a a recomendação de outperform para a ação até que o modelo seja reformulado.
De 15 casas que cobrem o papel, 9 têm recomendação de compra, 5 neutra e 1 de venda, mas ainda com um preço-alvo médio de R$ 21,19, um potencial de alta de 76,29% em relação ao fechamento da véspera.
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