Vale (VALE3) e siderúrgicas sobem forte na Bolsa, após dados da China reavivarem expectativas positivas para minério e aço

Dados oficiais mostraram que o PMI industrial chinês avançou de 50,1 em janeiro para 52,6 em fevereiro, atingindo o maior nível desde abril de 2012

Equipe InfoMoney

Mineração da Vale em Minas Gerais (Mario Tama/Getty Images)
Mineração da Vale em Minas Gerais (Mario Tama/Getty Images)

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Em uma sessão negativa para o Ibovespa, as ações de Vale (VALE3) e siderúrgicas se destacaram na ponta oposta nesta quarta-feira (1) – graças à China.

Os papéis VALE3 subiram 4,55%, a R$ 89,20, CSN (CSNA3) saltou 7,62%, a R$ 17,94, CSN Mineração (CMIN3) teve ganhos de 2,58%, a R$ 4,78, enquanto Usiminas (USIM5) subiu 4,98%, a R$ 7,17. Gerdau  (GGBR4), que também teve um dia marcado pela reação ao balanço do quarto trimestre de 2022 (4T22), subiu 3,11%, a R$ 29,52.

Os contratos futuros de minério de ferro subiram cerca de 2% nesta quarta-feira, com dados de atividade manufatureira da China melhores do que o esperado aumentando as esperanças de uma recuperação da demanda no maior produtor de aço do mundo.

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Dados oficiais mostraram que o PMI industrial chinês avançou de 50,1 em janeiro para 52,6 em fevereiro, atingindo o maior nível desde abril de 2012. Já no levantamento privado da S&P Global Ratings e da Caixin, que usa amostragem diferente, o mesmo PMI subiu de 49,2 para 51,6 de um mês para o outro, ultrapassando a barreira de 50 que indica expansão da manufatura.

“Olhando para frente, as expectativas de atividade empresarial devem continuar melhorando, sinalizando uma esperada recuperação da atividade econômica”, apontam os analistas do BBI.

“A notícia (do PMI chinês) é boa tanto para commodities como para países emergentes como o Brasil, os quais contam com a China para compensar a redução de ímpeto da atividade econômica nos desenvolvidos, devido ao aperto monetário”, escreveu  em nota Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

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Maior otimismo com minério

Em relatório desta semana, analistas do BTG Pactual também apontaram maior otimismo para o mercado de minério, apesar do recente ceticismo sobre maiores altas dos preços da commodity (também em meio às dúvidas sobre o ritmo da recuperação chinesa).

Para os analistas, apesar da visão (mais negativa) de que a história do minério de ferro está saturada, eles veem que é exatamente por isso que deve gerar retornos tão atraentes no futuro.

“A ironia é que quanto mais um fornecedor chave como a Vale enfrenta desafios para retomar a produção, mais alto o preço. Esperamos que a Vale não apresente crescimento de oferta em 2023 (cerca de 310 milhões de toneladas) e atinja 340 milhões de toneladas apenas em 2026”, afirmam.

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Além disso, estima que os preços do minério de ferro permaneçam acima do custo marginal de produção até 2024, pelo menos. A estimativa para 2023 é de US$ 125 a tonelada (médio), o que acreditamos estar cerca de US$ 15 a tonelada (t) acima do consenso.

Os analistas também esperam que a tendência de segmentação nos mercados de minério de ferro ganhe força e que os temas ESG (melhores práticas ambientais, sociais e de governança) permanecerão presentes no futuro previsível. Espera-se que teores mais altos (minérios com emissões mais baixas, menos poluentes) sejam favorecidos pelos clientes e recompensados (em termos de preço, assumem um prêmio de US$ 20/t para Carajás).

Outro ponto é que não veem grandes empresas alocando capital relevante para crescimento e assumem que a maior parte do fluxo de caixa operacional será devolvido aos acionistas por meio de dividendos e recompras de ações.

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Do ponto de vista macro, também são ciclicamente construtivos com a reaceleração da economia chinesa para 5% em 2023 e esperam uma recuperação no setor imobiliário (base baixa). “Nosso modelo para novas construções começa este ano ligeiramente abaixo de 5% ao ano”, avaliam.

O oligopólio de minério de ferro também é considerado altamente bem-sucedido e esperam que as grandes empresas permaneçam altamente disciplinadas (cerca de 75% da oferta transoceânica concentrada está nas mãos da Vale/BHP/RIO/FMG).

Por fim, os analistas do banco estão  pessimistas quanto às perspectivas de Simandou antes de 2030 e acreditam que o mercado continuamente subestima os desafios políticos e técnicos de lançar um projeto greenfield de grande escala na África Ocidental (Guiné).

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Neste cenário, o BTG elevou o preço-alvo para a Vale de R$ 100 para R$ 120, mantendo recomendação de compra, “sendo um dos nossos nomes preferidos para exposição à reabertura da economia chinesa.” Para os analistas, o momento operacional da Vale deve continuar a se recuperar, assim como produção e custos (tanto para minério de ferro quanto para base divisões de metais básicos) devem melhorar nos próximos trimestres.

Para a CSN e CSN Mineração, o preço-alvo foi elevado, respectivamente de R$ 18 para R$ 21 e de R$ 5 para R$ 6, mas a recomendação segue neutra.

Os analistas veem que a CSN Mineração tem apresentado desempenho operacional abaixo do esperado. A empresa entregou números de produção e custo abaixo da estimativa oficial, enquanto sua expansão continua a ser adiada. A CSN, por outro lado, tem atuado em uma agenda de crescimento, com sua alavancagem definida para expandir ainda mais, o que acreditamos aumenta a percepção de risco.

“No entanto, como as perspectivas para o minério de ferro devem melhorar à frente, esperaríamos que ambas as ações mostrassem um desempenho sólido nos próximos meses/trimestres, mas ainda mantemos uma recomendação neutra devido a uma perspectiva mais cautelosa para o grupo e nossa relativa preferência pela Vale”, apontam.

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