Vale (VALE3) e CSN (CSNA3) devem ser destaques do terceiro trimestre no setor de mineração e siderurgia 

Alta do preço do minério e sazonalidade deve levar companhias a ter resultado melhor do que Gerdau e Usiminas, com menor exposição à commodity

Vitor Azevedo

Mineração da Vale em Minas Gerais (Mario Tama/Getty Images)
Mineração da Vale em Minas Gerais (Mario Tama/Getty Images)

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A temporada de balanços do terceiro trimestre de 2023 deve ser marcada por uma melhora dos resultados da Vale (VALE3) e da CSN (CSNA3), principalmente por conta da participação da mineração no balanço dessas duas companhias, já que o setor de siderurgia deve cambalear, fazendo empresas mais expostas ao aço, como Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4), terem resultados piores.

“Para o terceiro trimestre, Vale e CSN provavelmente serão as únicas empresas em nosso universo de cobertura a relatar resultados sequencialmente mais fortes, beneficiando-se de preços mais altos do minério de ferro e melhor sazonalidade”, diz o time do Itaú BBA, encabeçado por Daniel Sasson.

A equipe da XP Investimentos, liderada por Lucas Laghi, vai no mesmo caminho, destacando que o preço do minério de ferro com 62% de pureza aumentou, em média, 3% na base trimestral. Do outro lado, na siderurgia, o preço da bobina laminada a quente (HCR, na sigla em inglês) caiu 10% e o da barra de reforço  (Rebar), 4%.

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Fora a alta do preço do minério, as duas casas também chamam a atenção para a sazonalidade no setor de mineração – sendo que o período que vai de julho a setembro, usualmente, costuma ser um dos melhores para o setor, por conta do menor número de chuvas.

Confira as projeções da Refinitiv para os calendários da Vale, CSN, Usiminas e Gerdau:

Empresa Ticker Receita líquida Ebitda Lucro liquido
Vale (VALE3) US$ 11,2 bilhões US$ 4,7 bilhões US$ 2,6 bilhões
CSN (CSNA3) R$ 11,3 bilhões R$ 2,6 bilhões R$ 360 milhões
Gerdau (GGBR4) R$ 17,03 bilhões R$ 3,3 bilhões R$ 1,5 bilhão
Usiminas (USIM5) R$ 6,5 bilhões R$ 360,9 milhões
– R$ 189 milhões

Vale deve ter resultado melhor, com preço do minério e sazonalidade

A Vale, claro, tem muita exposição ao minério de ferro, seu principal produto – apesar de o seu braço de metais básicos vir ganhando importância. Já a CSN é uma siderúrgica que tem na CSN Mineração (CMIN3) parte relevante do seu negócio.

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“A Vale provavelmente reportará uma melhoria sequencial nos resultados, ajudada por um desempenho mais forte na divisão de Ferrosos, que mais do que compensa os resultados mais fracos no segmento de Metais Básicos”, aponta o BBA.

“Estimamos um aumento sequencial no Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] na divisão de Ferrosos de 18%, com o consolidado em US$ 4,6 bilhões, pois volumes mais altos e preços realizados compensam mais do que ligeiramente os custos mais altos”, completam.

A companhia deve ter seu lado de gastos levemente pressionado, principalmente, pelo avanço visto nos preços dos combustíveis no terceiro trimestre e também pelo período ter sido marcado por um real mais forte.

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O BBA, de qualquer forma, vê a Vale exportando 81 milhões, alta de sete milhões de toneladas em relação ao segundo trimestre. Fora isso, vê o preço da commodity avançando seis dólares, para US$ 105 a tonelada.

Na divisão de metais básicos, no entanto, o esperado pelo banco é que o Ebitda recue 34% trimestralmente, para US$ 314 milhões, com menores  preços de níquel ofuscando os melhores volumes de cobre, após a retomada de operação de minas no Canadá.

O time da XP vê o Ebitda consolidado da Vale ficando em US$ 4,7 bilhões, com alta de 13% no trimestre.

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“A Vale é nossa principal escolha para exposição ao minério de ferro. Durante o trimestre, observamos a queda dos preços do aço na maioria das regiões, à medida que a China continua a inundar o mundo com exportações de aço ainda elevadas”, expõe o BTG, que vê a mineradora trazendo um Ebitda de US$ 4,63 bilhões.

Já no segundo trimestre, CSN, Usiminas e Gerdau (GGBR4) começaram a reclamar da “invasão” do aço chinês no mercado local. A economia mais enfraquecida do que o esperado e o setor imobiliário cambaleante fizeram as empresas chinesas de aço passarem a exportar mais seus produtos, que chegaram ao Brasil com, segundo os executivos das metalúrgicas nacionais, com preços subsidiados.

CSN, Usiminas e Gerdau

A CSN, apesar desse cenário, deve ter seu resultado melhorando na base sequencial, puxado, como já mencionado, pelo seu braço em mineração.

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“Esperamos que a CSN reporte um Ebitda recorrente de R$ 2,6 bilhões, aumento de 14% em relação ao trimestre anterior. Esse desempenho mais forte provavelmente será impulsionado por resultados sólidos na divisão de mineração, ajudados por uma melhoria nos preços realizados do minério de ferro e volumes mais altos”, fala o BB. “Para o Ebitda da divisão de aço o esperado é uma queda de 52% na mesma base”, ponderam.

De forma geral, a mesma situação é esperada pelas demais casas. A XP, por exemplo, vê o lucro operacional da CSN Mineração crescendo 57% trimestralmente, para R$ ,17 bilhão.

As outras duas siderúrgicas, pelo consenso, não terão a mesma sorte.

A Gerdau, para o BBA, deve trazer seu Ebitda recuando 17%, para R$ 3,15 bilhões. A companhia, que no último trimestre era a preferida de analistas por conta da sua exposição aos Estados Unidos, neste deve ser impactada negativamente pelo mesmo fator.

“As margens no Brasil devem diminuir 0,7 ponto percentual em relação ao trimestre anterior para 13%, já que uma melhor mix será mais do que compensada negativamente  por preços mais baixos do aço doméstico”, falam. “Os resultados na América do Norte provavelmente serão prejudicados por preços mais baixos”.

Nos Estados Unidos, o enfraquecimento da economia, por conta dos juros mais altos, e a greve das montadoras de veículos devem trazer alguns impactos ao setor siderúrgico – o que foi apontado pelos próprios executivos da Gerdau.

Para a Usiminas, por fim, o principal impacto é o do cenário brasileiro, com a queda dos preços realizados. Além disso, no entanto, o braço de mineração da empresa, ao contrário de outras do setor, também deve recuar.

“Esperamos que a Usiminas reporte resultados sequencialmente mais fracos, com um Ebitda consolidado negativo em R$ 92 milhões, número R$ 458 milhões menor do que o do trimestre anterior. Este conjunto fraco de resultados deve-se principalmente ao resultado da divisão de aço. Os resultados da Mineração provavelmente mostrarão um declínio sequencial, pois espera-se que volumes mais baixos mais do que compensem uma ligeira melhoria nos preços”, diz o BBA.

A XP, apesar de definir a siderúrgica como o possível destaque negativo do terceiro trimestre, com um Ebitda negativo de R$ 89 milhões, fala que os volumes devem vir dentro do consenso, com algo entre 900 mil e um milhão de toneladas.

A Vale divulga seu resultado no dia 26 de outubro, após o fechamento de mercado, e a Usiminas, no dia 27, antes da abertura. Gerdau e CSN tornam seus resultados públicos em novembro, a primeira no dia seis, após o fechamento, e a segunda no dia oito, também depois do fechamento dos mercados.

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