Vale e Petrobras caem e 7 empresas reagem a balanços; Banrisul cai 4% e Banestes salta 14%

Confira os destaques da Bovespa na sessão desta quarta-feira (22)

Lara Rizério

(Divulgação/Braskem)
(Divulgação/Braskem)

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Vale (VALE3, R$ 34,80, -2,05%; VALE5, R$ 33,33, -1,25% )

As ações da Vale seguem a baixa da véspera e caem mais de 1%, acompanhando o desempenho do minério de ferro. Os contratos futuros  da commodity caem 0,69% na Bolsa de Dailian, cotados a 723 iuanes, enquanto Qingdao caiu 0,6%, a US$ 94,30. Além disso, no noticiário da companhia, a diretoria da mineradora se movimenta para reverter decisão do governo de alterar o comando da empresa, mas tem um “plano B”, caso Murilo Ferreira de fato deixa a presidência. A informação é da coluna de Mônica Bergamo

Petrobras (PETR3, R$ 17,05, -0,64%; PETR4, R$ 15,95, -0,87%)

As ações da Petrobras abriram com leve queda, seguindo o desempenho do petróleo, com o WTI em baixa de 0,66%, a US$ 53,97 o barril, enquanto o brent cai 0,58%, a US$ 56,33 o barril  em meio a especulações sobre a efetividade dos cortes da Opep e expectativas de mais expansão dos estoques nos EUA.

Braskem (BRKM5, R$ 33,97, -0,73%)

A Braskem chegou a cair 4% após divulgar balanço não auditado, mas diminuiu as perdas. A  companhia teve prejuízo líquido consolidado de 2,637 bilhões de reais no quarto trimestre do ano passado, em função da provisão da multa referente ao acordo de leniência com as autoridades no âmbito da operação Lava Jato. Em igual período do ano anterior, a empresa havia tido resultado líquido positivo de 35 milhões de reais.

Os números divulgados pela petroquímica são prévia não auditada do balanço. Em fato relevante, a Braskem informa que decidiu postergar para 29 de março de 2017 o arquivamento das demonstrações financeiras auditadas. O cronograma foi alterado em função do acordo global com as autoridades anunciado em 21 de dezembro para encerrar acusações envolvendo denúncias levantadas pela operação Lava Jato. Na época, a Braskem se comprometeu a pagar 957 milhões de dólares (3,1 bilhões de reais), submetendo-se ainda a monitoramento externo por até três anos.

 
Gerdau (GGBR4, R$ 13,38, -2,12%)

As ações do grupo siderúrgico Gerdau caem após o balanço do quarto trimestre. A companhia teve prejuízo líquido consolidado ajustado de 205 milhões reais no quarto trimestre, ante resultado negativo de 41 milhões de reais no mesmo período de 2015. A maior produtora de aços longos das Américas apurou geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 716 milhões de reais, recuo de 21,4 por cento em relação aos últimos três meses de 2015.

De acordo com o Bradesco BBI, a siderúrgica apresentou número abaixo do esperado, com o Ebitda ficando 7,5% abaixo das estimativas da instituição. O motivo-chave para os números piores foram os preços de exportação abaixo do esperado e os preços realizados nos EUA também abaixo. 

Telefônica Brasil (VIVT4, R$ 47,16, +1,97%)

 A operadora de telecomunicações Telefônica Brasil sobe após o abalanço, considerado positivo pelo mercado. A dona da marca Vivo, teve lucro líquido de R$ 1,21 bilhão no quarto trimestre, alta de 9% ante mesma etapa de 2015. Segundo o Credit Suisse, a Vivo reportou resultado melhor do que o esperado, tendo como grande destaque positivo a margem Ebitda de 33,8%, se beneficiando da redução do custo de serviço como resultado da conclusão da renegociação com a Globo. “Essa renegociação era chave para o plano de sinergia da companhia, fazendo com que as sinergias de opex somassem R$ 251 milhões no quarto trimestre, mais forte do que esperávamos”, afirmam os analistas.

OdontoPrev (ODPV3, R$ 12,04, +0,84%)
A OdontoPrev vê suas ações em leve alta após a companhia divulgar o balanço, considerado fraco, mas que mostrou evolução nos números. A companhia reportou lucro líquido de R$ 216 milhões em 2106, o que representa uma queda de 2,2% sobre o ano anterior. O Credit Suisse afirmou que a Odontoprev entregou um trimestre fraco, mas no qual a empresa conseguiu reportar alguns dados positivos depois de três trimestres de base declinante. No lado negativo, o time destaca que o segmento corporativo ainda continua em uma tendência de queda com uma redução na receita de 1,4% na comparação anual.

Já o Itaú BBA destacou esperar reação neutra a resultados “suaves, sem intercorrência”, “em linha com nossas estimativas”. O Santander, por sua vez, aponta que os resultados foram “suaves e ligeiramente acima das estimativas do banco e em linha com o consenso”; “no entanto, permanecemos cautelosos com a ação, particularmente devido ao crescimento moderado de clientes que prevemos para 2017 e à baixa visibilidade sobre a evolução das provisões de inadimplência e DLR”.

SulAmérica (SULA11, R$ 20,40, -1,88%)
A seguradora SulAmérica vê suas ações em queda após a companhia registrar lucro líquido de R$ 315,7 milhões no quarto trimestre de 2016, o que representa uma alta de 5,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, porém, o lucro recuou 5,3%, para R$ 698,4 milhões. 

Minerva (BEEF3, R$ 11,33, -1,90%)
A Minerva vê suas ações em queda após o resultado e depois a companhia ser rebaixada de outperform (desempenho acima da média) para neutra pelo Bradesco BBI. 

A companhia teve lucro líquido de R$ 12,3 milhões no quarto trimestre, 81,5% inferior em relação ao mesmo período de 2015. O Ebitda caiu 25,8%  na mesma base de comparação, para R$ 249,9 milhões. O BTG Pactual apontou que os números foram abaixo do esperado, principalmente por conta das margens baixas. Contudo, os analistas apontam que a perspectiva para o setor continua positiva e a recomendação segue de compra para os ativos, com preço-alvo de R$ 16,00.  O conselho de administração da companhia aprovou ainda a proposta de distribuir R$ 60,162 milhões em dividendos aos acionistas. O valor corresponde a R$ 0,257818 por ação, o que corresponde a um “yield” (razão do dividendo pago sobre o preço atual da ação) de 2,23%.

Iguatemi (IGTA3, R$ 32,39, +0,78%)
A Iguatemi vê suas ações em leve alta após divulgar o balanço do quarto trimestre. A companhia viu seu lucro líquido subir 18% no quarto trimestre, para R$ 49,7 milhões, enquanto a receita líquida avançou 6,9%, fechando os três último meses do ano em R$ 183,7 milhões. No acumulado do ano passado, porém, o lucro líquido atingiu R$ 164 milhões, queda de 15,2% ante 2015. A receita líquida, por sua vez, ficou em R$ 668,1 milhões, alta de 5%. O Credit Suisse aponta que a Iguatemi conseguiu entregar um trimestre forte e reiterar o guidance mesmo dentro de um ambiente bastante difícil para o varejo. O resultado veio em linha com as estimativas do banco, com destaque para o crescimento de Ebitda de 13% em função do forte crescimento de receita líquida e esforços de corte de custo. “Continuamos a gostar do case de Iguatemi e enxergamos a empresa como um bom play para queda de juros”, apontam os analistas.

Weg (WEGE3, R$ 17,50, 0%)
A fabricante de motores elétricos e tintas industriais vê suas ações estáveis, mesmo após o resultado forte da companhia. A empresa teve lucro líquido de R$ 323,2 milhões no quarto trimestre de 2016, uma queda de 15,8% sobre o resultado obtido no mesmo período do ano anterior. O Ebitda subiu 4,9%, para R$ 400,6 milhões. A margem no período ficou em 16,9% ante 14% no último trimestre de 2015. Segundo o Itaú BBA, a companhia apresentou fortes resultados, com uma expressiva margem Ebitda e um sólido fluxo de caixa.  Além disso, o conselho de administração da WEG aprovou ainda a distribuição de R$ 102,7 milhões em dividendos complementares, equivalente a R$ 0,064 por ação. O pagamento será feito em 15 de março, com base na posição acionária em 24 de fevereiro. Também em 15 de março, serão pagos os juros sobre o capital próprio declarados em setembro e dezembro do ano passado.

Usiminas (USIM3, R$ 10,00, +3,41%; USIM5, R$ 5,32, -1,66%)

A siderúrgica Ternium, uma das donas da Usiminas, informou na noite de terça-feira que assinou acordo para comprar 100% de participação da Thyssenkrupp na CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), numa operação avaliada em 1,5 bilhão de euros. De acordo com o comunicado, a CSA vai ceder para a Ternium um acordo de fornecimento de 2 milhões de toneladas de placas por ano para a antiga planta de laminação da Thyssenkrupp em Calvert, no Alabama, EUA. A Ternium afirmou que o valor da operação tomou como base dados de setembro do ano passado, que inclui dívida de 300 milhões de euros da CSA com o BNDES. A Ternium espera desembolsar 1,26 bilhão de euros na transação, tomando para isso empréstimo bancário. O Credit Suisse destaca que a transação veio no momento em que o mercado tem discutido se a Ternium e a Nippon Steel resolveriam as disputas no bloco de controle da Usiminas.

“Apesar do resultado final ainda não estar claro, acreditamos que depois do anúncio a possibilidade de uma divisão de ativos aumentou. Para eles, o resultado mais natural seria a Ternium controlar pelo menos a planta de Cubatão. Falando ainda do setor no Brasil, acreditamos que a mudança de controle na CSA deve aumentar a competição no mercado doméstico de aço brasileiro, pressionando as margens das companhias”, afirmam os analistas.  

Banrisul (BRSR6, R$ 18,25, -4,05%)

As ações do Banrisul caem mais de 4% após dispararem 10% na véspera, na esteira do anúncio de que  o ministro da Fazenda Henrique Meirelles mandou ao gabinete de Michel Temer uma atualização do projeto de recuperação fiscal dos estados. Pela proposta, o estado que firmar um acordo de recuperação fiscal com o governo federal será beneficiado com a suspensão por 36 meses do pagamento das dívidas com a União, mas terá que assumir o compromisso de adotar rigorosas medidas de saneamento das finanças estaduais, entre as quais a privatização de bancos e empresas estaduais de água, saneamento, eletricidade.

O BTG destacou em relatório que a atualização desse plano aumenta a probabilidade de privatização do Banrisul caso o Rio Grande do Sul e o governo federal alcancem um acordo. Segundo os analistas, a relação risco-retorno de ter papéis do banco é assimétrico para alta, ressaltando a visão positiva para a ação. O call para o papel segue, mesmo após o encontro dos analistas do banco na véspera com o ex-secretário de finanças do Rio Grande do Sul, e ex-chairman do Banrisul Aod Cunha, que afirmou que a privatização é muito improvável por conta do alto custo político. Os analistas do BTG apontam que sempre estiveram céticos sobre a privatização do Banrisul, dado os fortes laços que a instituição tem com o estado, mas mudaram a sua visão em meio à gravidade da situação do estado. 

Por outro lado, as ações do Banestes (BEES3, R$ 3,99, +14%), que também estão no radar para privatizações, seguem com fortes ganhos após avançar 6% na véspera. No último dia 8, o banco já havia disparado 20% em meio à crise do estado, que pode levar o governo local a vender a instituição para conseguir ajuda.

Na ocasião, o analista Marco Saravalle, da XP Investimentos, explicou que mesmo sem nenhuma sinalização ainda da privatização, o mercado acaba fazendo uma ligação com o cenário do Bnarisul. “Podemos fazer um paralelo com o que aconteceu com o Banrisul, e que pode acontecer com outras empresas listadas. Como alguns estados estão passando por situação financeira delicada, a venda ou privatização pode ser a solução de curto prazo”, afirma.

PDG Realty (PDGR3, R$ 3,33, +3,10%)

As ações da PDG foram suspensas após a companhia confirmar que entrará com processo de recuperação judicial, conforme antecipado pelo colunista Lauro Jardim, do O Globo. A construtora passou os últimos meses negociando suas dívidas com os bancos, sob o comando de Ricardo K, contratado em novembro para tocar a reestruturação da empresa. As dívidas somam cerca de R$ 7,7 bilhões. 

 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.