Usiminas (USIM5) supera projeções no 1º tri com ajuda do mercado interno e com menores custos

Para o segundo trimestre, porém, companhia está menos otimista por conta do cenário macroeconômico

Vitor Azevedo

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A Usiminas (USIM5) divulgou na manhã desta quinta-feira (20) seu resultado do primeiro trimestre de 2023, que veio melhor do que o esperado, com destaque para os volumes vendidos pelo braço de siderurgia no mercado interno e para os menores custos. As ações, às 10h47 (horário de Brasília) desta quinta-feira (20), contudo, caíam 0,27%, a R$ 7,43.

O lucro líquido da companhia foi de R$ 544 milhões e ficou acima do consenso Refinitiv, que era de R$ 346 milhões. A Usiminas teve um recuo de 57% na sua bottom line na base anual e uma alta, na trimestral, de 35,2%.

“A principal surpresa veio do setor siderúrgico, com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 438 milhões, onde ambos os volumes (interno e externo) surpreenderam positivamente, mas principalmente os custos (custos menores de placas compradas) foram os destaques”, comenta o JP Morgan.

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De acordo com a própria companhia, os menores gastos com placas, em 23%, e com energia e combustíveis, com menos 10%, mais do que compensaram a alta de 5% dos custos com minério de ferro.

“Os volumes recuperaram 7,4% trimestralmente, 5,5% acima do nosso consenso. A maior parte do aumento de volume ocorreu no mercado interno, que é mais rentável do que as exportações. Do lado do custo, os gastos por tonelada saíram de R$ 6,5 mil para R$ 5,7 mil”, afirma ainda o banco americano.

A Usiminas exportou 101 mil toneladas de aço entre janeiro e março, ante 92 mil no quarto trimestre. Para o mercado interno, foram 934 mil toneladas, ante 872 mil entre outubro e dezembro do ano passado.

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“A divisão de aço se recupera das mínimas do quarto trimestre. Os embarques domésticos ficaram 5% acima do nosso consenso. A realização de preços domésticos no primeiro trimestre foi 3% mais fraca, devido a reduções de preços para o setor automotivo e clientes industriais. Custos foram o destaque positivo”, corrobora o Bradesco BBI.

Mineração é destaque negativo

Do lado negativo, segundo as casas, ficou a frente de mineração da Usiminas. Ainda de acordo com o BBI, o Ebitda de R$ 254 milhões ficou aquém da sua expectativa de R$ 330 milhões.

“A realização do preço ficou 11% abaixo da nossa estimativa, aproximadamente em US$ 80 por tonelada, mas ainda com alta de 25% no trimestre. Os custos por tonelada ficaram em linha com o esperado e estáveis na base trimestral”, debatem os especialistas do banco brasileiro.

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O Itaú BBA, pontua que o preço realizado ajudou a ofuscar o menor nível de volume de minério embarcado, com queda de 22% na base trimestral. A Usiminas produziu 1,82 milhão de tonelada no primeiro trimestre e vendeu 1,88 milhão – ante 2,4 milhões no quarto trimestre.

A queda se deu, principalmente, por conta da sazonalidade e das condições climáticas, com as chuvas atrapalhando as operações.

Por fim, todas as casas de análise também destacaram o fluxo de caixa, positivo em R$ 764 milhões, que a companhia trouxe no balanço, revertendo o saldo negativo de R$ 65 milhões do quarto trimestre.

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“A melhora sequencial se deu por tendências operacionais mais fortes e pela liberação significativa de R$ 733 milhões de capital de giro, esta auxiliada por menores estoques de carvão e maiores contas a pagar. A dívida líquida caiu para para R$ 284 milhões, de R$ 1,1 bilhão em dezembro, ajudada, além de pelo caixa, também pelo impacto positivo da apreciação do real”, completa o Itaú.

Para segundo trimestre, executivos da Usiminas estão menos otimistas

Se as margens melhoraram no primeiro trimestre, os executivos da Usiminas, para o futuro de curto-prazo, estão um pouco menos otimistas.

“Não temos visto mudanças significativas de preço e é possível que tenhamos no segundo trimestre um cenário de margens mais apertadas”, comentou Thiago Rodrigues, diretor financeiro (CFO) da companhia em teleconferência realizada na manhã de hoje.

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Os executivos mencionaram ainda que o repasse do aumento dos gastos, proveniente da alta do aço e do frete, é algo, por enquanto, ainda incerto e dependente de várias variáveis.

“De forma geral, todos setores, do lado da demanda, estão tendo impactos negativos por conta dos juros altos: automotivo, indústria e construção. As reformas que estão em discussão, tributária e do arcabouço fiscal podem impactar positivamente a economia, principalmente a partir do segundo semestre”, explicou Miguel Camejo, diretor comercial.

A Usiminas, em parte por conta do cenário, reduziu seu guidance para o segundo trimestre. O esperado é que o volume de vendas de aço fique entre 900 mil e um milhão de toneladas.

” Queda do guidance de vendas no segundo trimestre tem a ver também com nosso foco de exportação, que são mercados regionais e segmentos com mais valor agregado. A queda do guidance está ligado à queda das exportações”, acrescentou Camejo.

Do outro lado, alguns contratos fechados, por conta da atual situação, também foram impactados negativamente. “Negociações de contratos com indústria automotiva fechados em abril tiveram redução de preço de 12%”, mensurou o executivo.

Por fim, os diretores da Usiminas falaram também sobre a parada do Alto Forno 3, que se dá a partir da próxima semana.

“Vamos parar um equipamento da usina de Ipatinga para intervenção nos próximos dias. A estocagem de placas, enquanto teremos uma redução, está completa. Tudo segue conforme o planejado”, disse Alberto Ono, diretor executivo (CEO). “Não vemos restrição de oferta pela parada do Alto Forno 3. Estamos preparados para fornecer produtos ao mercado interno e para as cadeias regionais”, completou Camejo.

A diretoria ainda falou que, até então, toda a preparação para a parada está seguindo aquilo que foi planejado. O Alto Forno 3, da Usina de Ipatinga, ficará 110 dias parado para manutenção.

“Não damos guidance de custo mas podemos inferir que a partir da parada do Alto Forno continuaremos a produzir nos dois fornos menores.  Passamos porém a consumir um volume de placa das nossas laminações. Teremos exposição maior ao preço das placas do que o custo de produção interno”, comentou o CFO da empresa.

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