Ultrapar (UGPA3) e Kepler Weber (KEPL3) caem, Rumo (RAIL3) e Vivo (VIVT3) sobem: as reações das ações aos balanços

Ações de Rumo e Banrisul registram altas após balanço, enquanto B3, CCR, Kepler Weber e Neonergia caem na sessão pós-resultado

Lara Rizério Mitchel Diniz

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Além do noticiário político que levou a uma sessão de forte volatilidade, a temporada de resultados segue sendo destaque e gerando forte impacto para as ações.

No pós-resultado, as ações da B3 (B3SA3) chegaram a ter forte queda, de cerca de 6%, mas amenizaram e fecharam com baixa de 1,90%, a R$ 11,37. Ultrapar (UGPA3, R$ 12,89, -1,68%), Kepler Weber (KEPL3, R$ 21,72, -8,47%), CCR (CCRO3, R$ 11,08, -0,36%), Assaí (ASAI3, R$ 19,01, -1,09%) e Neoenergia (NEOE3, R$ 14,52, -0,62%) também registram perdas após a divulgação dos balanços, mas longe das mínimas do dia.

Já entre as altas, estão a Rumo (RAIL3, R$ 17,95, +2,98%), seguida por Banrisul (BRSR6, R$ 10,21, +3,87%) e Vivo (VIVT3, R$ 40,48, +2,04%).

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Confira a avaliação dos analistas para os resultados divulgados na noite da véspera.

Ultrapar (UGPA3

A distribuidora Ultrapar teve lucro líquido de R$ 836,4 milhões, alta de 114% frente a mesma etapa de 2021. O consenso Refinitiv apontava para lucro líquido de R$ 145,85 milhões no período. Segundo a companhia, o resultado é decorrente principalmente do efeito de créditos fiscais extraordinários na Ipiranga e na Ultragaz e da menor despesa financeira líquida.

Contudo, os números não agradaram o mercado.

O Itaú BBA destaca que a companhia apresentou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado de R$ 1,833 bilhão, acima da sua estimativa de R$ 872 milhões, principalmente devido a créditos fiscais extraordinários de R$ 971 milhões. O Ebitda recorrente ajustado, por sua vez, foi de R$ 750 milhões (queda de 16% no trimestre).

Ultracargo e Ultragaz registraram bons resultados no trimestre, enquanto o Ipiranga reportou uma margem Ebitda (Ebitda sobre receita) ajustada recorrente que foi significativamente abaixo da sua estimativa devido a perdas de estoque e importações acima do esperado.

De acordo com o Credit Suisse, o posto Ipiranga da Ultrapar (UGPA3) foi pego em uma “tempestade perfeita” de altas substanciais de estoque, perdas de importação e uma dinâmica competitiva desafiadora em um mercado com excesso de oferta. Já a Ultragaz teve um desempenho forte no 4T22, destacou o banco. O Credit Suisse tem recomendação neutra para a Ultrapar, com preço-alvo de R$ 14 por ação.

“A Ultragaz e a Ultracargo têm sido fundamentais para compensar os resultados desafiadores na distribuição de combustíveis, um empecilho aos ganhos. Um fluxo de caixa saudável e um portfólio mais enxuto após os desinvestimentos permitiram a desalavancagem”, aponta o Morgan Stanley. Os analistas avaliam que ainda buscam evidências de um turnaround mais sustentado para ficar mais positivos, mantendo assim recomendação equal-weight (exposição em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) para o ativo, com preço-alvo de R$ 15,50.

O banco destaca que, no segmento de distribuição, as margens foram ruins mais uma vez. O mercado superofertado, combinado com o corte de preço de combustíveis no final do ano e as perdas de hedge levaram o Ebitda ajustado a R$ 52/m3, queda de 33% no trimestre e 49% no ano.

“A Ultrapar não divulga margens normalizadas (excluindo estoque e resultados de hedge), o que nos impede de compará-la adequadamente com seus pares. Apesar de outro alívio bem-vindo do capital de giro no 4T22, o nível deprimido das margens não permitiu uma recuperação contínua do ROIC [Retorno sobre o Capital Investido], que de fato caiu cerca de 260 pontos-base sequencialmente, para 7,8% (de 10,4% no 3T22).

A Ultragaz, por sua vez, surpreende positivamente, mas a margem de sustentabilidade é um ponto-chave para monitorar. “Atribuímos o aumento da rentabilidade ao melhor mix, reposicionamento de mercado e eficiência, bem como à vantagem de preço no contexto do movimento recente do preço do gás, este último podendo não se sustentar. Caso as margens fiquem próximas aos patamares dos últimos seis meses (cerca de R$ 790 a tonelada), acreditamos que poderemos ver uma onda de revisões de lucros para cima entre os investidores”, avalia.

Assaí (ASAI3)

A rede de atacarejo Assaí apresentou um lucro líquido de R$ 406 milhões no quarto trimestre de 2022, uma queda de 23% frente ao apresentado no mesmo período de 2021. No entanto, esse resultado considera efeitos não recorrentes em créditos tributários, especialmente no período usado como comparação. Se desconsiderados esses efeitos, o lucro líquido teria subido 7,3%. No ano de 2022, o lucro líquido foi de R$ 1,2 bilhão, com queda de 24% sobre 2021. Com o mesmo ajuste do lucro trimestral, o indicador mostraria estabilidade frente ao ano anterior.

O Bradesco BBI destacou que, apesar de o Ebitda ter ficado 6,0% abaixo da sua previsão, vê indicações de uma forte dinâmica para os resultados (em receitas e Ebitda) nos próximos trimestres. O SSS (vendas mesmas lojas) do Assaí ficou amplamente em linha com a marca de atacarejo do Carrefour, mas o crescimento de receita de 38,1% superou o crescimento de 23,9% (em base anual) do Atacadão no 4T22, reportado na última segunda-feira.

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O banco destacou a maturação rápida de novas lojas convertidas (do Extra Hiper), o que confirma a sólida execução da estratégia inorgânica.

Além disso, a margem bruta estável em relação ao ano anterior mostrou a postura agressiva do Assaí na reabertura para recuperar a participação de mercado perdida para outros players de hipermercados, relata o banco. O BBI tem recomendação outperform para o Assaí, com preço-alvo de R$ 25/ação.

Já o Credit Suisse apontou que as vendas ficaram ligeiramente abaixo do esperado, podendo ser explicadas por atrasos de última hora nas conversões de lojas e possíveis sinais iniciais de desaceleração do consumo. Para o banco, no entanto, o Assaí superou o ambiente macroeconômico desafiador e apresentou um sólido conjunto de resultados no 4T22. O Credit Suisse tem recomendação outperform para o Assaí, com preço-alvo de R$ 25/ação.

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O Morgan Stanley ressalta o crescimento de receita e do Ebitda no 4T22 do Assaí (ASAI3) e mantém visão construtiva sobre o crescimento, com resultados financeiros acima do esperado no último trimestre. O Morgan Stanley tem recomendação overweight para o Assaí.

B3SA (B3SA3)

A operadora da Bolsa B3 teve um lucro líquido recorrente de R$ 1,15 bilhão no período, queda de 6,3% ante mesma etapa do ano anterior. A receita total atingiu R$ 2,5687 bilhões, alta de 5,6% na mesma base de comparação. O consenso Refinitiv apontava para lucro líquido de R$ 1,278 bilhão e receita líquida de R$ 9,288 bilhões.

O Itaú BBA destaca que as margens foram afetadas por efeitos de sazonais mais fortes e despesas pontuais. Além disso, o impulso da receita parece mais fraco até agora em janeiro, o que deve pesar ainda mais nas expectativas de margem. BBA mantém classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 16.

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Já o Credit Suisse ressalta que o lucro líquido recorrente ficou 6% abaixo do consenso, pressionado por despesas operacionais acima do esperado.

Além disso, com volume médio de negociações diárias (ADTV) e volume de negócios abaixo do esperado em janeiro, analistas veem uma piora na recompensa de risco para a B3 em uma perspectiva deteriorada dos mercados de capitais em meio a altas taxas de juros por mais tempo cenário, e destacam risco de queda em suas estimativas para 2023. O banco mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 14.

Já para a XP, os resultados foram marginalmente positivos, pois em mais um trimestre a B3 foi capaz de manter uma rentabilidade sólida, contando com uma receita mais forte de Balcão e Tecnologia e Serviços, que vem compensando a menor receita de seu segmento listado nos últimos trimestres. Porém, avalia que as maiores despesas operacionais impactaram o lucro e o Ebitda.

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“Esperamos que o balanço da B3 continue pressionado pelo menor ADTV e pelos recentes investimentos em seus negócios ligados à tecnologia (nomeadamente Neoway, Neurotech e Datastock) até que comecem a render frutos. No entanto, é importante ressaltar que o nível atual de margem Ebitda é semelhante ao nível pré-pandemia, mostrando a resiliência do negócio mesmo em um cenário macroeconômico desafiador”, avalia o analista Matheus Guimarães. A recomendação para a ação é neutra, com preço-alvo de R$ 14.

A Genial Investimentos ressalta ainda que, apesar do valuation atraente, o cenário de queda de juros mais acentuada em 2023, que poderia ajudar vários produtos da B3, fica cada vez mais distante, dado a piora das discussões político-econômicas.

Além disso, a companhia continua a receber intimações relacionadas a disputas judiciais fiscais e improbidade administrativa. Por fim, em fevereiro, o fundo soberano de Abu Dhabi Mubadala Capital comprou a Americas Trading Group (ATG), um concorrente potencial da B3.

“Sem muitos gatilhos de curto prazo, apesar de gostarmos das iniciativas de crescimento, tecnologia e diversificação, além do valuation atraente, reconhecemos que faltam motivos para ver o papel descolar da bolsa no curto prazo”, aponta.

Banrisul (BRSR6)

O Banrisul registrou lucro líquido ajustado de R$ 251,1 milhões no quarto trimestre de 2022, aumento de 82,1% frente ao trimestre anterior e 2,7% menor em relação aos R$ 258 milhões do quarto trimestre do ano passado. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROAE) caiu para 10,9% no quarto trimestre, de 11,6% no mesmo intervalo de 2021. Segundo o banco, o resultado do quarto trimestre reflete, principalmente, o crescimento da margem financeira, da carteira de crédito e das receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias.

A XP aponta que, embora parcialmente compensado pelo aumento das provisões para créditos de liquidação duvidosa, vê os resultados do Banrisul no 4T22 como decentes, principalmente devido a sua a margem financeira líquida (NII) mais alta (superando o guidance), inadimplência estável e despesas crescendo abaixo da inflação.

O BBI aponta que, apesar de ficar abaixo de suas estimativas, a margem líquida apresentou sólida expansão no trimestre, enquanto as provisões ligeiramente maiores refletem a expansão da carteira com índices de inadimplência estáveis. Além disso, o banco apresentou controle das despesas operacionais, enquanto as receitas com tarifas ficaram um pouco abaixo das nossas expectativas.

O banco também divulgou seu guidance para 2023 esperando, entre outros, um ROE entre 11,0 e 15,0% (BBI projeta 9,2% em nosso modelo), crescimento do portfólio de 10,0 a 15,0% (temos 10,6%) e crescimento do resultado financeiro de 19,0 a 23,0% ( BBI projeta 17,4%).

“O Banrisul apresentou um bom resultado no 4T22, com evolução positiva da Margem Financeira Bruta (ainda que abaixo do esperado), enquanto as provisões ficaram um pouco acima das expectativas, com evolução positiva da qualidade dos ativos. No entanto, continuamos cautelosos quanto ao guidance do banco para 2023, pois acreditamos que as condições macroeconômicas devem continuar pesando sobre os bancos, pressionando principalmente inadimplência e provisões”, aponta o BBI. O banco, portanto, segue com recomendação neutra para BRSR6.

CCR (CCRO3

A concessionária CCR registrou prejuízo líquido de R$ 217,1 milhões no quarto trimestre (4T22), um aumento de 63% na comparação com igual etapa de 2021. O lucro líquido mesma base, quando são excluídos ativos que saíram do portfólio ou que acabaram de ser adicionados, foi de R$ 219,1 milhões entre outubro e dezembro de 2022, alta de 36,3% na comparação ano a ano. O consenso Refinitiv apontava para lucro líquido de R$ 404,6 milhões no quarto trimestre de 2022.

O Ebitda ajustado de R$ 2 bilhões (avanço de 22% em base anual), ficou em linha as estimativas do Bradesco BBI, mas 8% abaixo do consenso.

No trimestre, os principais destaques foram, de acordo com o banco: 1) recuperação sustentável do tráfego de pedágio acima dos níveis de 2019 (crescimento de 4%), enquanto o tráfego de passageiros nos aeroportos e concessões de mobilidade urbana está em 80% e 94% dos níveis de 2019; 2) alavancagem financeira controlada em 2,9x (alta de 0,1 ponto percentual frente ao trimestre anterior); e 3) a orientação de capex (investimentos) para 2023 de R$ 7,3 bilhões, que ficou acima do consenso de R$ 5,2 bilhões.

A alavancagem financeira pode ser explicada principalmente pelas despesas relacionadas ao aditivo contratual da ViaOeste, aponta o banco. Excluindo este efeito, ela teria se mantido. Analistas esperam que a alavancagem financeira para 2023 permaneça abaixo de 3 vezes, apesar da robusta orientação de capex devido ao início de novas concessões. O BBI mantém avaliação outperform e preço-alvo de R$ 17.

Kepler Weber (KEPL3)

A Kepler Weber  reportou lucro líquido ajustado de R$ 107,2 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 27,5% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2021, informou a companhia nesta quarta-feira (15).

O Ebitda ajustado totalizou R$ 156,7 milhões no 4T22, um crescimento de 32,2% em relação ao 4T21.

Na avaliação da XP, a Kepler Weber apresentou sólidos resultados no 4T22, com a contínua demanda por produtos pós-colheita sustentando uma receita de R$ 502 milhões (5% acima da sua projeção, alta de 20% na base anual e queda de 3% no trimestre).

Os analistas destacam: (i) vendas do segmento de pós-colheita continuamente fortes em R$ 334 milhões (+20% no ano), refletindo as iniciativas comerciais e de expansão da empresa focadas em estados do Centro-Oeste e Nordeste, além de (ii) melhoria anual na receita de todos os outros segmentos (embora menos representativos); (iii) margem Ebitda mantendo forte nível em 30,1% (alta de 1,6 ponto percentual na base anual), refletindo o patamar diferenciado de preços e os esforços de eficiência de custos da empresa e (iv) ROE de 69% nos últimos doze meses (versus 27% no em 2021).

Sobre o retorno, os analistas esperam que suavize nos próximos trimestres, embora permaneçam em níveis elevados. “Reiteramos nossa visão positiva sobre Kepler Weber”, aponta a XP.

Neoenergia (NEOE3

A Neoenergia reportou lucro líquido atribuído aos controladores de R$ 936 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 47% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2021, informou a companhia ontem.

O Itaú BBA apontou que o resultado foi positivo, como esperado. O Ebitda recorrente da Neoenergia ficou em linha com a sua estimativa e apresentou um sólido crescimento anual, impulsionado principalmente pelos reajustes tarifários positivos para as distribuidoras, o bem-sucedido turnaround da CEB e o início dos ativos de energia renovável, que juntos compensaram o desempenho mais fraco da TermoPernambuco.

Apesar dos volumes de energia mais fracos (já divulgados) e alguma pressão do lado do opex, as distribuidoras da Neoenergia continuam se beneficiando do descasamento da inflação e do turnaround da CEB, que conseguiu uma redução significativa nas perdas de energia desde sua aquisição, avaliam os analistas.

Em teleconferência, o CEO, Eduardo Capelastegui, ainda falou sobre oportunidades de fusões e aquisições. Segundo ele, a empresa está analisando uma potencial compra da distribuidora cearense Coelce, mas não fará “loucuras”, uma vez que tem um plano robusto de investimentos para executar em suas concessionárias nos próximos anos.

Em teleconferência de resultados, ele afirmou ainda que o plano de rotação de ativos da companhia está avançando “muito bem” e conforme previsto, mas não deu detalhes.

Recentemente, a Neoenergia fechou uma operação de permuta de ativos com a Eletrobras que trouxe à empresa uma simplificação societária, ressaltou Capelastegui.

Rumo (RAIL3

A Rumo teve lucro líquido de R$ 243 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo prejuízo de R$ 384 milhões do quarto trimestre de 2021, informou a companhia logística nesta quarta-feira (15). Conforme a empresa, o desempenho foi impulsionado pela melhora dos resultados operacionais e ganho de capital na alienação de participação acionária na EPSA.

O BBI ressalta que a Rumo reportou Ebitda ajustado de R$ 905 milhões (+224% no comparativo anual), em linha com a expectativa do BBI, mas 6% abaixo do consenso. O BBA, por exemplo, estimativa R$ 971 milhões

Os principais destaques foram, segundo o BBI: 1) preços do frete ferroviário em alta de 47% no comparativo anual na Operação Norte e alta de 39% em base anual no consolidado; 2) eventos pontuais incluíram um ganho de R$ 955 milhões na venda da EPSA e uma despesa de R$ 416 milhões devido ao encerramento de um processo de arbitragem relacionado à Farovia; 3) o guidance do Ebitda para 2023 alinhado com o consenso e 4) a surpresa positiva do capex de R$ 3,6 bilhões a R$ 4,0 bilhões em 2023, 29% abaixo da estimativa de consenso.

Já o Itaú BBA aponta que o destaque positivo ficou para os yields da “Operação Norte” crescendo 47% na base anual, além do forte desempenho de volume (+16% ano a ano), conforme divulgado anteriormente pela empresa.

A “Operação Sul” registrou um aumento de 50% no Ebitda ajustado, principalmente devido a maiores yields (aumento de 26% anualmente). “Dito isso, acreditamos que todas as atenções estão voltadas para o ritmo de plantio e comercialização da próxima safra. A Rumo espera um Ebitda de R$ 5,4 a 5,8 bilhões em 2023, o que está em linha com nossa previsão oficial de R$ 5,6 bilhões”, apontam os analistas do banco.

Vivo (VIVT3)

A Telefônica Brasil/ Vivo lucrou de forma líquida R$ 1,126 bilhão no quarto trimestre (4T22), um recuo de 57,2% na comparação com igual período de 2021. O consenso Refinitiv projetava lucro líquido de R$ 1,068 bilhão no período, queda de 59,36% na comparação anual. A empresa explica que a variação do lucro se deve principalmente ao “reconhecimento de crédito no 4T21 de crédito fiscal no valor de R$ 1,408 bilhão”.
O BBI destaca que o Ebitda recorrente ficou em R$ 5,2 bilhões, em linha com a expectativa de consenso. “Com balanço sem grandes surpresas, a atenção dos investidores deve se voltar para o potencial anúncio de redução de capital de R$ 5 bilhões, o que deve ser bem-vindo aos olhos dos acionistas”, aponta o banco. Para os analistas da casa, a ação da Vivo não oferece risco-recompensa atraente no atual patamar, mas dividend yield de um dígito alto oferece proteção para o papel. Assim, o BBI reitera recomendação neutra e preço-alvo de R$ 41.
Já o Credit Suisse ressalta que a empresa teve um  sólido crescimento de receitas pós-pagas devido ao baixo churn (cancelamento), fortes adições líquidas e um aumento sequencial da receita média por usuário (ARPU).
A remuneração dos acionistas totalizou R$ 5,7 bilhões em 2022, resultando em um atrativo yield de 8,6%. Para 2023, analistas projetam que as distribuições permaneçam pelo menos estáveis, pois, além da tradicional distribuição de 100% do lucro líquido, a Vivo deve começar a realizar uma redução de capital de até R$ 5 bilhões nos próximos 2-3 anos. O banco reitera avaliação outperform e preço-alvo de R$ 46.
Cabe ressaltar que, em coletiva, o CEO Christian Gebara falou sobre a estratégia da companhia. Ele afirmou que 60% dos aparelhos comercializados pela Vivo em seus canais de venda são homologados para navegar no 5G. Segundo ele, 18% dos clientes da base pós-pago possuem aparelho com a tecnologia. “Isso vai crescer, a gente vê uma adesão cada vez maior”, afirmou.
A Vivo, apontou, vai seguir investindo no 5G. Os investimentos adicionais para preparar e colocar no ar a rede 5g foram concluídos em 2022 – mas a operadora vai continuar investindo em capacidade e qualidade. “Vai ter muito investimento em móvel, ainda há muitas obrigações do 5G”, afirmou. A Vivo também vai continuar investindo na expansão da fibra. A companhia anunciou projeção de investimento de até R$ 9 bilhões este ano.
Ele destacou ainda que os preços de telefonia móvel e banda larga estão sendo ajustados pela inflação.  “Foram feitos de acordo com a inflação do período e também fazemos ajustes com proposta de valor, ofertando mais dados ou aumentando a velocidade”, explicou. O CEO lembra que o ICMS será elevado em 12 estados e por isso a Vivo se prepara para fazer novos ajustes.

Ao falar sobre Oi e a discussão em voga sobre os valores da compra de uma fatia da área móvel, Gebara ressaltou que, dos 12,5 milhões clientes da Oi Móvel, 3,4 milhões estavam inativos e foram desconectados. Questionado se achava que a Oi havia agido de má fé, Gebara disse apenas que há uma discussão de preço de acordo com a base recebida.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.