Tensão no ar: CPI dentro do esperado não ameniza nervosismo dos mercados

Inflação sob controle, maior preocupação do Fed, não parece ser suficiente para impulsionar mercados nesta quarta-feira

Juliana Pall Farias

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SÃO PAULO – A crise com o mercado de crédito imobiliário subprime tomou tamanha magnitude que nem mesmo dados de inflação em linha com as expectativas são capazes de tranqüilizar o fragilizado humor dos mercados globais. Um dia após a divulgação do PPI, os investidores tomam conhecimento do CPI. Estes são dois importantes índices de preços norte-americanos.

No mês passado, o Consumer Price Index marcou variação positiva de 0,1% nos preços, dentro das projeções de analistas (+0,1%) e abaixo da inflação de 0,2% apurada em junho. No mesmo sentido, o Core CPI, núcleo do indicador (que exclui itens mais voláteis), apontou inflação de 0,2% em julho, mesma variação reportada no mês anterior e esperada pelo mercado.

Para os analistas da Spinelli Corretora, índices em linha com o esperado tenderão a favorecer os negócios, embora o clima de cautela deva permanecer elevado. Os números em linhas com as expectativas do mercado não mudaram a tendência apontada pelos mercados futuros dos EUA, que sinalizam mais um dia de perdas nas bolsas do país que, de fato, iniciaram os negócios em baixa.

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Adicionalmente, segundo a NGO Corretora, “o cenário conturbado atual parece sobrepor a necessidade de recomposição da liquidez a um eventual dado positivo do CPI.”

O que o CPI sinaliza aos mercados?

Em tempos de nervosismo no mercado internacional e preocupações de que a crise com o crédito imobiliário subprime nos EUA contamine não só os demais segmentos do mercado de crédito, mas também o desempenho da economia norte-americana, dados que sinalizem um ambiente macroeconômico em linha com o preterido pelo Federal Reserve alimentam as apostas de que a taxa básica de juros do país – a Fed Funds Rate – possa ser reduzida ainda este ano.

Contudo, a Arkhe Corretora destaca que, apesar da inflação ao consumidor estar recuando ao longo do ano a um nível saudável, o bom comportamento dos preços não tem sido suficiente para a autoridade monetária norte-americana baixar sua guarda sobre a inflação, que ainda se encontra acima da meta considerada confortável pelo Fomc (de 1,0% a 2,0%).

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“Com a estabilidade do núcleo nos últimos meses, que se mantém acima da zona de conforto determinado pelo Fomc, o Fed deve se manter cauteloso em relação ao nível de preços, confirmando a preocupação de que a inflação não tem se moderado como se espera. Como o resultado do índice veio em linha, os mercados não alteraram sua tendência de queda, mas também não ampliaram o estresse”, expõe a corretora em relatório.

Nervos à flor da pele: quinta-feira reserva indicadores imobiliários

Na opinião da equipe de analistas da ABN Amro Corretora, se os mercados não tiverem notícias ruins em relação ao mercado de crédito subprime nesta quarta-feira, os indicadores econômicos ganham peso. Sem desmerecer a relevância do CPI, o ABN acredita que “o que pode reduzir um pouco a volatilidade são os dados do setor imobiliário que serão conhecidos mais para o final da semana”.

Na próxima quinta-feira, serão divulgados nos EUA o Housing Starts, que mensura o número de casas que começaram a ser construídas nos EUA, e o Building Permits, que relata o número de autorizações cedidas para o início de construção de imóveis no país. Ambos os indicadores serão referentes ao mês de julho.

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