Não é só o show da Taylor Swift: os 3 motivos para o salto de 94% da ação da T4F (SHOW3) em 8 sessões

Cenário macro, com queda de juros, e troca de gestão da companhia de eventos também foram fatores apontados para a disparada de SHOW3

Lara Rizério Vitor Azevedo

Taylor Swift
Taylor Swift

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As ações da T4F (SHOW3) têm registrado dias de forte ânimo na Bolsa. Apenas na sessão desta segunda-feira (5), os papéis saltaram 17,48%, a R$ 3,09, após terem disparado mais de 39% na semana anterior.

O movimento coincide em parte com o anúncio da companhia de eventos, na última quinta-feira (2), de que fará a venda dos ingressos para os shows de Taylor Swift no Brasil.

Os shows acontecerão nos dias 18 de novembro do Rio de Janeiro e 25 e 26 de novembro em São Paulo, sendo parte da turnê Taylor Swift | The Eras Tour.

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A “Taylor Swift | The Eras Tour’ é a primeira turnê global de Taylor com passagem pelo Brasil, destacou a companhia. A cantora faria dois shows em São Paulo em julho de 2020 pela turnê “Lover”, mas foram cancelados em meio à pandemia de Covid-19. A artista havia se apresentado no Brasil anteriormente em 2012 em um pocket show.

Apesar de ser uma notícia bastante positiva, cabe ressaltar que as ações, que não têm uma liquidez tão grande na Bolsa, começaram a registrar um movimento mais forte de ganhos desde a sessão do dia 25 de maio, quando os papéis saltaram 11,95%. Desde então, em apenas oito sessões, os papéis saltaram 94,34%, praticamente dobrando de valor, indo de R$ 1,59 no fechamento do dia 24 de maio para R$ 3,09 na sessão deste último dia 5.

A alta naquela sessão de fim de maio leva ao primeiro fator para um maior ânimo para as ações da companhia, conforme aponta Luiz Souza, broker de renda variável na SVN Investimentos.

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Na noite do dia 24, a T4F anunciou o plano de sucessão de Fernando Luiz Alterio, fundador da companhia, com a saída dele do cargo de diretor presidente e indo para a presidência do Conselho de Administração. Em seu lugar, Serafim Abreu foi eleito para cargo de CEO, com seu nome sendo bem recebido pelo mercado.

Formado em Administração de Empresas, com MBA em Gestão e Educação Executiva pela Harvard, Abreu chega à T4F com o desafio de acelerar o crescimento da companhia por meio de novas frentes de negócios a serem criadas com uso da tecnologia, conforme destacou a própria companhia em comunicado ao mercado. O executivo desenvolveu uma carreira na indústria de tecnologia, liderando áreas de serviços, consultoria e finanças, ocupando cargos como o de vice-presidente de Operações e Estratégia da IBM Latin America e, anteriormente, CFO da IBM no Brasil.

“Abreu, por ter sido da IBM, traz para a empresa uma frente de tecnologia e inovação um pouco mais forte do que ela tinha no passado, que talvez seja onde a empresa acabou perdendo, que é a venda no online. A atenção é intensificar a ida para o digital, trazendo a tecnologia para impulsionar os negócios”, avalia Luiz Souza, destacando que a empresa ficou atrás nessa frente em comparação com os outros players do mercado.

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Outro motivo, o segundo apontado para a alta recente dos papéis, é macroeconômico, com a recente queda de juros futuros, em meio à projeção do mercado de que a Selic será cortada entre agosto e setembro deste ano, lastreada pelos dados de inflação recentes abaixo do esperado. A projeção é de que, com os juros baixos e o futuro corte da taxa básica de juros, Selic, atualmente em 13,75% ao ano, o consumo seja estimulado, favorecendo ações domésticas no geral (incluindo T4F).

O terceiro ponto destacado por analistas é justamente o “efeito Taylor Swift” e os possíveis impactos para a receita, principalmente após reveses recentes da T4F. Cabe destacar que, no início de setembro do ano passado, as ações foram abaladas após a suspensão de shows do cantor Justin Bieber.

Já no fim de março deste ano, uma outra notícia negativa para as operações da companhia: a T4F deixou de ser a responsável pelo Lollapalooza Brasil, que passou para a “Rock World”. Apenas na sessão seguinte após o anúncio, em 30 de março, os ativos SHOW3 caíram 14,57%.

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“Foram duas perdas importantes para a empresa no curto prazo, que bateram na projeção de receita”, aponta Souza, da SVN.

Assim, após duas notícias negativas importantes, a companhia teve nas duas últimas semanas duas notícias positivas, com a troca de CEO e o show confirmado de Taylor Swift, com este último gerando uma revisão para cima nas expectativas de receita, trazendo um alívio de curto prazo, com fôlego de caixa e de margens.

Danielle Lopes, sócia e analista de Ações da Nord Research, avalia que houve um equilíbrio com essa notícia após a forte queda observada nas sessões seguintes após a T4F perder o Lolla.

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Contudo, a analista pondera que ainda não há uma forte confiança do mercado sobre a recuperação das operações da companhia. “O último ano que houve crescimento das linhas de receita, Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] e lucro foi em 2016. De lá para cá, foi muito mais uma gestão de custos [que a companhia realizou]”, aponta.

Para a analista, um show, sozinho, não é suficiente para melhores resultados; ela lembra que, em 2016, a empresa promoveu quase 300 eventos.

“O que deixa [o mercado] mais animado é a possibilidade de a T4F voltar a conseguir contratos relevantes, porque sofreu bastante recentemente com a perda do Lolla e com os cancelamentos dos shows do Justin Bieber. De certa forma, dá uma ideia de que a empresa pode perpetuar os contratos”, avalia. Porém, Danielle pondera ao ressaltar que, apesar de negociar com valuation baixo, indicando que está barata, a T4F ainda deve enfrentar dificuldades.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.