Só o Brexit impede o aumento dos juros no Reino Unido

O mercado está atento, reagindo aos últimos sinais de força da economia com o aumento das apostas na alta de juros pelo Banco da Inglaterra até o final do ano

Bloomberg

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(Bloomberg) — Quando o assunto envolve motivos para elevação dos juros, a economia britânica atualmente preenche muitos requisitos.

Crescimento consistentemente acima do esperado, aceleração da inflação, nível recorde de emprego, disparada da tomada de crédito por consumidores. Tudo isso sugere que a economia está aquecida o bastante para suportar juros maiores. O mercado está atento, reagindo aos últimos sinais de força da economia com o aumento das apostas na alta de juros pelo Banco da Inglaterra até o final do ano.

Mas o Brexit significa que o banco central não espera que os bons tempos durem muito. A desvalorização da libra esterlina desde a decisão do eleitorado britânico de sair da União Europeia pressiona os preços para cima e pode abalar o gasto do consumidor. Além disso, o Banco da Inglaterra espera piora dos investimentos, também prejudicando a demanda doméstica, que tem sido o motor da economia.

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É um desafio para o comandante da instituição, Mark Carney. Talvez ele suba as projeções de crescimento de curto prazo novamente na semana que vem. Porém, diante da visão cautelosa dele sobre o futuro, é possível que prefira manter as expectativas para os juros contidas, pelo menos por ora.

“Esquecendo o que aconteceu no referendo no ano passado, estamos vendo exatamente o que achávamos que aconteceria após a vitória do voto pela permanência”, disse Allan Monks, economista do JPMorgan Chase em Londres. “Nós prevíamos que os juros subiriam mais ou menos agora. A diferença óbvia é a expectativa sobre o que acontece depois, então haverá um teste importante nos próximos meses.”

A economia britânica se expandiu 0,6 por cento no quarto trimestre, acima do esperado, mas ajudada pelo corte de juros que, segundo Carney, preservou empregos e incentivou a atividade após o referendo. Talvez ele não esteja preparado para reverter esse impulso tão cedo.

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“O Banco da Inglaterra usou todas as desculpas possíveis para não elevar os juros desde 2011, então não me surpreende que esteja usando o Brexit como desculpa”, disse Andrew Lilico, diretor-executivo da consultoria Europe Economics, sediada em Londres, e presidente do conselho de um grupo pró-Brexit chamado Economistas pela Grã Bretanha. “Não espero que eles subam os juros até que se sintam absolutamente obrigados, o que provavelmente significa inflação acima de 3 por cento.”

As autoridades projetam desaceleração do crescimento neste ano e avanço da inflação para 2,8 por cento — acima da meta de 2 por cento, mas a instituição já relevou desvios maiores no passado.

A previsão mediana dos economistas sondados pela Bloomberg neste mês é de manutenção da taxa básica de juros em 0,25 por cento por pelo menos mais dois anos. Em se tratando da direção, quando chegar a hora de agir, 65 por cento dos entrevistados esperam alta dos juros.

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