Publicidade
O escândalo envolvendo Crispin Odey, sócio fundador da gestora de fundos de hedge Odey Asset Management (OAM), com sede no Reino Unido, tem influência até mesmo no Brasil, com maior impacto para as ações da SLC (SLCE3). A empresa agro brasileira estava entre as 10 maiores posições do principal fundo da Odey em agosto do ano passado e entre as 10 principais apostas do Odey Opus Fund em abril, segundo cartas a investidores consultadas pela Bloomberg News.
A gestora de Odey enfrenta uma crise após a publicação de uma investigação conjunta do Financial Times e do site Tortoise trazendo alegações de 13 mulheres dizendo que o sócio fundador da gestora as havia agredido ou assediado sexualmente durante um período de 25 anos. Ele nega as acusações.
Desde a publicação da matéria, três dos bancos parceiros da Odey Asset Management – Goldman Sachs, JPMorgan e Morgan Stanley –e alguns de seus clientes passaram a revisar ou cortar relações com a gestora. Odey, que fora inocentado de acusações de agressão por um tribunal britânico em 2021, disse à Reuters que a reportagem era “uma repetição de uma matéria antiga e nenhuma das alegações foi referendada por um tribunal ou por uma investigação”.
Continua depois da publicidade
A gestora disse no sábado que se separou totalmente de seu fundador e agora está em negociações avançadas para transferir seus fundos e diversos funcionários para outras assets.
Mesmo a Odey se afastando do seu fundador, isso não impediu uma onda de resgates de clientes na última segunda-feira, forçando o fechamento de um fundo (Odey Swan) e o bloqueio de outros dois (resgates foram interrompidos para o Brook Developed Market Fund, bem como o LF Brook Absolute Return Fund).
Segundo destacou o Bradesco BBI em relatório do início da semana, a realidade da gestora após a separação poderia ser mais complicada, já que Crispin Odey é seu fundador, gestor de fundos mais antigo, rosto público e um de seus maiores clientes. Crispin Odey é um dos gestores de fundos de hedge mais conhecidos do Reino Unido.
Continua depois da publicidade
Nesse ambiente, já era esperada uma pressão adicional para as ações da SLC, que foi o que aconteceu. Isso porque é de conhecimento público que a Odey tem uma participação relevante de mais de 9% na companhia agrícola brasileira, de acordo com dados de abril.
As ações SLCE3 caíram 4,15% desde que o escândalo estourou, em 8 de junho (passando de R$ 36,85 para R$ 35,32 em apenas cinco pregões) o segundo pior desempenho entre os papéis do Ibovespa (que atinge máximas do ano), enquanto o volume negociado está acima da média histórica.
De acordo com fontes ouvidas pela Bloomberg News, em meio ao escândalo e onda de resgates, a Odey Asset Management começou a reduzir sua posição de longa data na SLC Agrícola, enquanto o volume de ações negociadas e quais fundos da Odey estão envolvidos não estão claros. Embora o momento exato das vendas ainda não possa ser identificado, elas foram feitas nos últimos dias, segundo essas fontes.
Continua depois da publicidade
A reportagem destaca que a Odey é há muito tempo a maior acionista da companhia depois da família fundadora
Logemann, que controla a SLC. A gestora aumentou suas posições em 2017 e detinha uma participação mais precisa de 9,3% na SLC em maio – ou cerca de 21,1 milhões de ações – , avaliadas em R$ 739 milhões nos níveis atuais, segundo documentos regulatórios.
A Odey não comentou. A SLC afirmou que “está acompanhando a situação e até o presente momento não tem conhecimento de alterações relativas à estratégia de investimento do referido fundo”, segundo nota enviada à agência. Embora Odey fosse o segundo maior acionista da SLC, ele não tinha voz ativa dentro da empresa e nunca procurou influenciar as operações, de acordo com uma das fontes.
O Bradesco BBI destacou que esta é a primeira vez que um artigo da mídia aponta informações sobre a Odey Asset Management vendendo ações da SLC após os fundos da OAM começarem a enfrentar resgates devido a alegações de má conduta.
Continua depois da publicidade
Nesse contexto, o banco avaliou que esse é um risco que é importante monitorar, pois as potenciais vendas de ações da SLC pela OAM podem seguir resultando em pressão de curto prazo sobre o preço das ações.
O Bradesco BBI mantém avaliação underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para ações da SLC Agrícola, com preço-alvo de R$ 41, o que representa um potencial de valorização de 16,1% frente a cotação de fechamento da última quinta-feira (15) de R$ 35,32.
(com Reuters e Bloomberg)
Newsletter
Infomorning
Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia
Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.