SLC Agrícola (SLCE3) e M. Dias Branco (MDIA3) expõem fragilidades atuais da cadeia agroindustrial com guerra

Desabastecimento e aumento de custos estão entre os desafios atuais causados às empresas do agronegócio pela guerra entre Rússia e Ucrânia

Augusto Diniz

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A SLC Agrícola (SLCE3) e a M. Dias Branco (MDIA3) apresentaram seus balanços de 2021 e aproveitaram a ocasião para expor ao mercado temas ligados ao desabastecimento, ao aumento de custos e aos desafios como um todo da cadeia da agroindústria.

A SLC é uma empresa produtora de soja, milho e algodão, além de trabalhar com criação de gado e produção de sementes. Já a M. Dias Branco está no outro extremo da cadeia, industrializando farinha, massas e biscoitos, e comercializando os produtos por meio de marcas famosas, como Ádria e Piraquê.

Sobre desabastecimento, a SLC Agrícola (SLCE3) expôs a analistas de mercado suas preocupações quanto a uma possível falta de potássio, fertilizante essencial às suas três culturas agrícolas. Isso porque Rússia e Belarus, aliadas na guerra contra a Ucrânia, produzem 36% do insumo no mundo e representam 40% das exportações globais do produto.

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Trata-se, portanto, de um índice bastante elevado em relação a outros dois fertilizantes importantes para a agricultura brasileira (o nitrogênio e o fósforo), que ambos países também produzem, mas em proporção bem menor de participação no suprimento mundial.

A SLC, porém, garantiu ter o produto estocado para a próxima safra, mas mostrou preocupação com o prolongamento do conflito na Ucrânia, o que pode afetar o setor em algum momento ao longo dos próximos meses.

Já a M. Dias Branco não enxerga risco de abastecimento de trigo, sua principal e essencial matéria-prima para abastecer suas unidades industriais. A empresa não adquire trigo nem da Rússia nem da Ucrânia, dois players importantes da commodity.

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A companhia compra trigo para produção de farinha, massas e biscoitos principalmente do mercado interno, além de países como Argentina, Estados Unidos e Canadá.

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Commodity preocupa um e alivia o outro

Entretanto, o preço do trigo preocupa, e muito a M. Dias Branco, por conta do aumento da commodity. A empresa chegou a mencionar que a precificação da farinha de trigo que comercializa tem sido quase diária, com repasses chegando a superar os 20%.

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O trigo está com uma alta acumulada de 30% em dólar nesse ano no mercado internacional, segundo a companhia.

A M. Dias Branco informou, porém, que mantem estoques de quatro meses de trigo, o que possibilita ter mais tranquilidade para observar o movimento do mercado.

A SLC Agrícola, por outro lado, afirmou que a alta das commodities agrícolas que produz (soja, milho e algodão) deve compensar o aumento de custos.

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Aumento de custos e inflação assustam ambas empresas

Em comum entre a SLC Agrícola e a M. Dias Branco, está o impacto no aumento de custos e da inflação na produção. No campo ou na indústria, gastos mais altos em combustível, energia e frete já eram evidentes nos balanços do ano passado.

No caso da SCL Agrícola, os fertilizantes a serem comprados para a próxima safra, pelos motivos citados anteriormente, exigirão um grande exercício na busca pelo equilíbrio financeiro e manutenção das margens.

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Na M. Dias Branco, além do trigo, outros aumentos de matéria-prima, como açúcar e óleo, colocam ainda mais pressão nos custos de produção. A empresa corre para mitigar a alta dos preços das commodities que usa, realizando desde programa de downsize da embalagem de seus produtos até racionalização de portfólio.

O fato é que tanto para um como para outro, o aumento de custo vai refletir invariavelmente no bolso do consumidor.

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