Selic acima de 12% e cenário externo não têm favorecido mercado de ações, diz B3 (B3SA3)

Operadora da Bolsa ainda falou sobre futuras operações e descartou aquisição no patamar de Neurotech

Ana Paula Ribeiro

B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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A queda de juros no Brasil ainda não é suficiente para propiciar uma retomada das operações dos ativos de risco na B3 (B3SA3). Para o diretor-executivo de financas e relações com investidores da B3 (B3SA3), André Veiga Milanez, o lento afrouxamento monetário e o cenário externo têm contribuído para um desempenho mais fraco no mercado à vista de ações.

“Foi um (terceiro) trimestre em que vimos o início do ciclo de queda de juros no Brasil, se aproximando de 12%. Esse nivel é aquém do que a gente acredita que seja necessário para uma retomada mais forte no mercado de equities”, disse em teleconferência a analistas após o resultado do terceiro trimestre de 2023. 

A taxa Selic vem caindo desde agosto, quando saiu de 13,75% ao ano e agora está em 12,25% ao ano. Segundo relatório Focus de estimativas do mercado, a projeção para a taxa básica de juros para o final de 2023 é de 11,75%, enquanto a projeção para 2024 é de 9,25% e a de 2025 está em 8,75%.

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Outro fator que contribui com a menor atratividade para o mercado de ações é o cenário externo, om a perspectiva de juros mais elevados nos Estados Unidos por um período maior de tempo, levando a um desempenho ruim dos ativos de risco ao redor do mundo.

Esse cenário fez com que a B3 registrasse um volume menor de operações no segmento de ações à vista, chamado de ADTV. O volume ficou em R$ 23,8 bilhões no terceiro trimestre, queda de 9,1% em relação a igual período de 2022.

Apesar desse recuo, as receitas totais da companhia ficaram quase estáveis. Entre junho e setembro, foram R$ 2,248 bilhões, leve queda de 0,4% em relação a igual intervalo do ano passado.

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“Isso reforça a solidez do nosso modelo diversificado.”

A operadora da Bolsa no Brasil registrou lucro líquido recorrente de R$ 1,16 bilhão no terceiro trimestre deste ano, uma alta de 0,5% em comparação ao mesmo período de 2022, segundo balanço divulgado na quinta-feira à noite.

Aquisições

A B3 descarta fazer novas aquisições do porte da Neurotech e usará os recursos recém captados para ter melhor flexibilidade para a gestão de capital.

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“Essa elevação no nível de endividamento não diz respeito a qualquer aquisição no radar da companhia. (…) Estamos com o prato cheio e agora é hora de executar essa estratégia (da vertical de dados)”, disse Milanez.

A B3 fez oferta de R$ 2,5 bilhões em debêntures e por isso o questionamento sobre o eventual interesse em novas aquisições, após os desembolsos feitos para a compra da Neurotech e Neoway, que atuam no segmento de big data.

O executivo afirmou que pode ocorrer alguma aquisição de serviço complementar, mas nada na magnitude dessas duas operações, que demandaram mais de R$ 2 bilhões.

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Milanez acrescentou que a aquisição de debêntures ficará em caixa para uso ordinário da companhia. “Podemos ter flexibilidade para fazer uma gestão mais eficiente da nossa estrutura de capital e eventualmente do passivo. Tem espaço para recomprar alguma dívida ou fazer algo nesse sentido.”

Com a emissão de debêntures, o endividamento da B3, que é a relação entre a dívida e o Ebitda, deve terminar o ano em 2,3 vezes, ante projeção anterior de 1,9 vez.

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Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney