Santander (SANB11) volta a acelerar emissão de cartões, sem deixar crédito com garantia de lado

CEO do banco afirma que retomada não implica em retomada de apetite aos níveis de 2021

Mitchel Diniz

Cristina Arias/Cover/Getty Images

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Após 18 meses pisando no freio, o Santander Brasil (SANB11) voltou a acelerar a emissão de cartões de crédito no terceiro trimestre de 2023 e o tema foi destaque na teleconferência sobre os resultados do banco. O produto registrou um crescimento de 37% em bases anuais, mostrando um maior apetite por risco da instituição financeira.

“A gente sabia que por um ano, um ano e meio, a gente acabaria diminuindo nossa base de clientes ativos por decisão nossa e, portante, o share. Chegou a hora da gente retomar”, afirmou Mario Leão, CEO do Santander Brasil, em sua apresentação aos analistas.

O executivo logo explicou que o movimento não implica em retomada de apetite aos níveis de 2021. Segundo ele, a retomada está ligada a um maior entendimento do banco sobre os seus clientes.

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“A gente tem trabalhado em uma ‘hiper’ personalização do cliente, a sua dinâmica de consumo, de renda”, disse o CEO.

Leão diz que a estratégia de crescimento em produtos colateralizados, com garantia, traçada no ano passado, não mudou.

“Estaremos abertos a produtos menos colateralizados. […] Também a gente vai olhar para crédito pessoal, dentro do que fizer sentido. Também vamos olhar para cheque especial, de forma mais construtiva”.

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O CEO do Santander Brasil diz que clientes do banco vão ter prioridade. “A gente vai priorizar quem já está na folha de pagamento que a gente administra”, afirma.

O aumento do apetite de cartões de crédito do Santander Brasil coincide com mudanças regulatórias em andamento. O banco tem participado ativamente da de debates técnicos sobre o fim dos juros do rotativo e o parcelamento de compras sem juros.

“Não é sobre fomentar emissor e prejudicar adquirente. Queremos criar um equilíbrio sustentável, o que não acontece hoje, e que tem como efeito colateral juros no rotativo desproporcionais”, afirma.

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Leão diz que os juros do rotativo precisam cair “de forma importante”, mas isso passada pelo parcelado sem juros, o que definiu como uma “jabuticaba brasileira”.

“Tem que ser aos poucos equilibrados para a economia ser menos dependente dele. A gente nunca propôs que fosse eliminado, sempre propusemos um faseamento, e a discussão parece estar indo nessa direção, o que é bom”, afirma.

Ainda de acordo com o executivo, o Santander Brasil não está buscando crescimento tímido em 2024. A ideia é que expansão seja no mínimo igual a que vai ser registrada este ano.

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“Temos base de capital, domínio de portfólio, estamos produzindo safras novas [de crédito] onde queremos e terminando de gerir safras antigas”, explicou.

No terceiro trimestre, a rentabilidade medida pelo retorno sobre patrimônio (ROE, na sigla em inglês) do Santander Brasil cresceu 1,9 ponto percentual em relação ao trimestre imediatamente anterior, para 13,1%. Leão admite que o banco tem capacidade de alcançar níveis bem mais altos de rentabilidade, mas está contente com o progresso.

“A gente não tem um objetivo fixo. Não existe esse número mágico. E hoje é difícil saber se vamos chegar ou não [aos patamares históricos de rentabilidade]”, disse o CEO.

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Ainda que o banco não trabalhe com guidance, Leão acredita na recuperação da rentabilidade ao longo dos próximos trimestres, “sem depender de terceiros” e baseado em uma agenda de eficiência, ainda que isso não ocorra de maneira linear.

O banco se prepara para assumir um novo posicionamento com o segmento de baixa renda, cuja rentabilidade, hoje é negativa.

“Na baixa renda, há uma agenda de digitalização e simplificação de oferta que tem que ser brutal”, afirmou. “Só dá para ter baixa renda rentável se jogarmos o custo de servir lá para baixo.

No segmento de alta renda, o Santander se prepara para lançar, nas próximas semanas, a conta Select Global. É um cartão de débito internacional que permite fazer compras no exterior em viagens, remessas com IOF reduzido e acesso a alguns investimentos “menos sofisticados”, de acordo o CEO.

A inciativa faz parte dos esforços do banco em fazer com que clientes tenham o Santander como seu principal banco.

“Se o meu cliente, quando tá viajando, não tem o meu cartão, isso significa que eu estou dando espaço para alguém entrar. E se esse concorrente fizer um trabalho bom, pode ser que ele comece a “comer” o resto que eu já tinha”, diz Leão.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados