Roubini acredita que EUA decepcionarão em 2014 e alerta para risco de bolha com Fed

Economista conhecido como "Dr. Doom" ressalta que Fed enfrenta dilema entre ajudar economia e evitar a criação de novas bolhas, além de crescimento econômico não sustentado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após cinco anos de pessimismo, o economista e professor da Universidade de Nova York Nouriel Roubini, mais conhecido como Dr. Catástrofe, surpreendeu boa parte do mercado ao aparecer com uma visão positiva para o ano de 2014 logo nos primeiros dias de janeiro.

Porém, na última sexta-feira (17), Roubini afirmou em um evento que este será mais um ano decepcionante para a economia norte-americana, como destacou a CNN Money. Com essa declaração, é fato de que a visão finalmente positiva do economista parece ter ficado para trás? Aparentemente não, uma vez que Roubini está realmente um pouco mais otimista sobre os EUA que têm sido nos anos anteriores. Porém, à medida que as perspectivas melhoraram e a estagnação em Washington diminuiu um pouco, outros economistas elevaram os seus prognósticos econômicos.

O professor da Universidade de Nova York ressalta que o crescimento vai existir, mas não o suficiente para produzir melhoras para os trabalhadores americanos médios. Isso vai limitar a capacidade dos norte-americanos para fazer compras e pagar dívidas, dois quesitos aos quais a economia necessita para registrar um crescimento sustentável. Ao mesmo tempo, os lucros das empresas estão diminuindo e, enquanto o mercado de ações não está numa bolha, os ativos parecem caros. “A questão é se nós estamos tendo um crescimento sustentável que não é baseado em bolhas”, diz o economista, ressaltando que “ainda não”.

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Roubini também sustenta que os EUA subinvistam em infraestrutura e educação, argumentando que o trabalhador médio norte-americano nos próximos anos vai ser deixado para trás. Como resultado, a desigualdade só tende a piorar. Porém, o maior problema está com o Federal Reserve, que está preso no dilema entre ajudar a economia e evitar a criação de bolhas. Em mais dois ou três anos, Roubini avalia que poderia haver uma nova crise financeira com os novos problemas criados pelo Fed.

No mesmo evento, Ian Bremmer, do Eurasia Group, mostrou pontos de concordância com Roubini e avalia ainda que os principais riscos em 2014 serão em termos políticos, e não econômicos. Sua maior preocupação é com relação à política externa da administração do presidente Barack Obama, que parece ser menos ambiciosa no segundo mandato do presidente e ressalta que as revelações de Edward Snowden, da agência NSA, não foram bem vistas no exterior em meio aos escândalos de espionagem.

Bremmer avalia que esta precipitação em ser o “detetive do mundo” vai levar a menos oportunidades para empresas dos EUA no exterior. Em cima disso, Bremmer observou que muitos países emergentes terão eleições este ano, incluindo o Brasil, podendo levar à mais instabilidade econômica do que de costume.

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Por outro lado, Roubini e Bremmer divergiam sobre a China. Enquanto Bremmer avalia que o gigante asiático deve controlar o seu setor financeiro, Roubini, por outro lado, acredita que a China deva adiar a reforma econômica por alguns anos em decorrência da sua preocupação com o crescimento.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.