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Emplacando sua segunda alta semanal consecutiva, o Ibovespa encerrou o pregão desta sexta-feira (25) com ganhos acumulados de 1,33% entre os dias 21 e 25 de março, aos 67.765 pontos. O movimento do índice decorre do cenário mais positivo em relação à economia norte-americana, bem como da movimentada pauta corporativa no período. A crise fiscal em Portugal, a continuidade dos conflitos na Líbia e o desastre nuclear no Japão, contudo, exerceram pressão sobre as bolsas internacionais nesta semana.
As ações do setor de telecomunicações despontaram nesta semana, encerrando o período entre as maiores altas do Ibovespa. A TIM liderou os ganhos, com sua ação ON tendo forte valorização acumulada de 13,12%, cotada a R$ 8,45. A ação PN da empresa vem logo em seguida, respondendo bem à onda de recomendações e elevação de preço-alvo, fechando a semana com ganhos de 10,83%, aos R$ 7,06.
Por outro lado, as ações preferenciais da Usiminas fecharam esta semana como principal baixa dentre os papéis que compõem o Ibovespa, acumulando desvalorização de 7%, para terminar a sexta-feira cotadas a R$ 19,46. Durante a semana, especulações giraram em torno do interesse da Gerdau em adquirir o controle acionário da Usiminas. A situação se tornou ainda mais latente com o anúncio de que a primeira irá realizar uma captação de até R$ 6,53 bilhões em oferta de distribuição pública primária e secundária de papéis ordinários e preferenciais.
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Vale e Mantega
Entre as ações mais líquidas do Ibovespa, os papéis PNA e ON da Vale fecharam a semana com tendências distintas: enquanto VALE3 ficou praticamente estável, com ligeira queda de 0,04% e cotada a R$ 52,86, os ativos VALE5 subiram 0,11% e chegaram a R$ 46,88. A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira um convite ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, para “esclarecimentos quanto a eventual interferência do Governo na Vale”.
O deputado Mendonça Filho, do Democratas, solicitou que Mantega fosse convocado à Comissão de Fiscalização Financeira e de Controle da Câmara depois que surgiram notícias de que o ministro teria se encontrado com a direção do Bradesco para discutir a retirada de Roger Agnelli do comando da mineradora.
Agnelli, por sua vez, teria se reunido na quarta-feira com a Previ (Fundo de Pensão do Banco do Brasil) para discutir sua permanência na Vale, segundo jornais. Nesta sessão, o colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, disse que o Bradesco teria aceitado a decisão dos outros acionistas da companhia, que forçavam a saída de Agnelli. Ainda de acordo com a coluna, a substituição deve ser por alguém que já faz parte dos quadros da empresa. Procurada pela InfoMoney, a mineradora disse que não tem comentários a fazer sobre o assunto.
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Portugal chama atenção novamente à Europa
O movimentado noticiário corporativo que sustentou as altas das bolsas nesta semana acabou ofuscando em partes a pauta econômica do período, que trouxe referências desfavoráveis e resultou em volatilidade nos principais mercados acionários do globo. O principal destaque ficou por conta da crise da dívida soberana portuguesa.
Com a dívida soberana comprometendo boa parte do PIB de Portugal, o parlamento do país tentou sem sucesso nesta semana aprovar um plano de ajuste para estabilizar a economia. O veto do projeto custou a renúncia do primeiro-ministro português, José Sócrates, fazendo com que os riscos fiscais aumentassem, disse na última quinta-feira Douglas Renwick, diretor da Fitch, após a agência de classificação de risco ter rebaixado os ratings de longo prazo em moeda local e estrangeira de Portugal, sendo que as notas também foram colocadas em revisão negativa. A nota de curto prazo também foi cortada.
Horas depois do corte no rating soberano de Portugal pela Fitch, foi a vez da Standard & Poor’s fazer o mesmo. Na noite de quinta-feira, a agência reduziu em duas casas o rating de crédito soberano de longo prazo português, que passou a ser de “BBB”. Assim, diante desse agravamento da situação fiscal no país, parece cada vez mais concreto que Portugal possa ser a terceira economia da Zona do Euro a recorrer a um resgate externo. Isso aumentou a preocupação do mercado, uma vez que a economia portuguesa tem importância maior em relação às demais que precisaram desse tipo de ajuda – Irlanda e Grécia.
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Conflitos no mundo árabe e choque do petróleo
Contribuindo ainda mais com a cautela dos investidores, na Líbia, os ataques da coalizão internacional contra tropas do governo continuam. Segundo relatos da imprensa internacional, a coalizão estaria mostrando divergências quanto ao objetivo e a estratégia de saída que será usada para a missão. Além disso, a participação da ONU também vem crescendo, sendo que o objetivo da instituição é de enviar mais tropas já na próxima semana para derrubar os aliados do ditador Muammar Ghaddhafi.
O clima de tensão aumenta principalmente por conta do contágio dos conflitos para outros países. O principal temor do mercado é que conflitos na Arábia Saudita possam levar à interrupção da oferta de petróleo pelo país, com a saída de grandes petrolíferas da região, que é uma das maiores produtoras e exportadoras globais da commodity.
Japão ainda em foco
A crise nuclear no Japão também esteve no radar dos mercados nesta semana, com o anúncio feito pela Tokyo Electric Power de que foi religada a energia elétrica nos reatores da usina nuclear de Fukushima Daiichi. No entanto, a restauração dos sistemas de resfriamento foi atrasada novamente, por causa do vapor observado emanando de uma das piscinas de combustíveis já utilizados. Além disso, fontes diplomáticas afirmaram que partículas radioativas, supostamente provenientes de Fukushima, foram detectadas na Islândia. No entanto, as autoridades deixaram claro que os resíduos eram muito pequenos.
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Na quarta-feira, autoridades de Tóquio afirmaram que água da torneira da cidade pode não ser segura para as crianças. No entanto, o governo procurou assegurar à população que os níveis de radiação detectados na cadeia alimentar não representam uma ameaça à saúde. Foram constatados que os níveis de iodo radioativo presentes em uma estação de tratamento de Katsushika teria ultrapassado mais do que o dobro do que o patamar recomendado para as crianças.
Em meio à crise nuclear japonesa, os Estados Unidos foram o primeiro país a suspender a importação de alguns produtos do país. Na quarta-feira, o FDA – órgão responsável pela vigilância sanitária nos EUA – informou que seriam barrados produtos como leite, vegetais e frutas de quatro cidades vizinhas à usina de Fukushima Daiichi, segundo agência internacionais.
Medidas do BC ganham destaque na cena interna
Na cena interna, os investidores repercutiram nesta semana as novas medidas do BC em relação ao câmbio, anunciadas na noite de quarta-feira, que já vinham sendo especuladas nas últimas semanas. Embora se esperasse um aumento do IOF ou uma quarentena na divisa norte-americana, também se falava em um novo ajuste nas regras de recolhimento dos compulsórios sobre posições vendidas de câmbio, opção adotada pelo BC e que passa a valer a partir de 4 de abril.
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A autoridade monetária anunciou que fará ajustes técnicos nas regras de recolhimento dos compulsórios sobre recursos a prazo e na exigibilidade adicional sobre depósitos. O Banco Central disse em sua nota que esta medida não altera a liquidez do sistema monetário, mas o sentimento que fica no mercado é de que a autoridade fará uso de medidas macroprudenciais caso julgue oportuno, o que pode ser uma alternativa ao combate de alta dos preços via aumento da Selic.
Agenda doméstica
Na segunda-feira, a divulgação do relatório Focus mostrou nova queda das expectativas sobre o crescimento do PIB brasileiro. Agora, os economistas ouvidos pelo BC acreditam em um crescimento de 4,03% da economia em 2011. Já as projeções para a inflação seguem em altas, com o relatório apontando que o IPCA, medida oficial de inflação do Governo, deve marcar 5,88% de inflação no acumulado do ano.
E por falar em inflação, a semana contou com a divulgação de vários índices de preços. O IBGE divulgou o resultado de março do IPCA-15, no qual o ritmo de aumento dos preços teve desaceleração na passagem mensal, marcando inflação de 0,60% neste mês. Em linha, o IPC-Fipe apontou nova queda da inflação ao registrar taxa de 0,37% na terceira quadrissemana deste mês. Já o IPC-S apontou alta da inflação na terceira semana de março, marcando taxa de 0,69%.
Atividade econômica brasileira
Também no Brasil, a divulgação da balança comercial chamou a atenção dos investidores, registrando um déficit de US$ 100 milhões entre os dias 14 e 20 de março. Além disso, segundo o indicador Serasa Experian de Atividade Econômica, a economia brasileira avançou 0,6% na passagem de dezembro de 2010 para janeiro deste ano, já descontadas as influências sazonais.
De acordo com levantamento da CNI, a atividade industrial está mais enfraquecida este ano. O índice de Utilização da Capacidade Instalada registrou 47 pontos no mês de fevereiro, indicando o terceiro mês consecutivo abaixo do nível de crescimento. Como o indicador varia de zero a cem pontos, resultados abaixo de 50 pontos indicam desaquecimento da atividade.
Ainda no front doméstico, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do País permaneceu praticamente estável em fevereiro frente ao mês anterior, segundo o IBGE, em 6,4%. Por fim, o resultado global do balanço de pagamentos brasileiro em fevereiro de 2011 foi superavitário em US$ 9,622 bilhões, enquanto, no mesmo período de 2010, a conta registrara um saldo positivo de US$ 741 milhões. Os números foram divulgados pelo Banco Central como parte de sua Nota do Setor Externo.
Tombini fala sobre inflação
Também em foco na semana, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou na terça-feira que “a partir do segundo trimestre, a inflação mensal tende a se deslocar para níveis compatíveis com o centro da meta do governo”, dando sinais de que o ciclo de elevação da taxa Selic pode estar próximo do fim, conforme preveem alguns analistas.
Sem dar muita ênfase a medidas macroprudenciais, o economista reconheceu que frente ao cenário atual cabem ações convencionais para conter a pressão inflacionária, que para ele é oriunda tanto do mercado doméstico quanto do ambiente externo. As afirmações fizeram parte de discurso realizado em sessão da comissão de assuntos econômicos do Senado.
No front interno, Tombini destacou a importância do setor varejista e de sua conexão com o mercado de trabalho, uma vez que em diversas atividades a escassez de mão-de-obra tem provocado a expansão em excesso da massa salarial, adicionando “pressão na dinâmica dos preços”.
Nos EUA, PIB é destaque
Nos Estados Unidos, o destaque nesta semana ficou por conta do PIB do último trimestre de 2010, que apresentou crescimento de 3,1% em sua terceira e última prévia, superando as projeções do mercado que apontavam para alta de 2,9% e os 2,8% verificados na segunda prévia. Convém ressaltar que o deflator do índice ficou em linha com o estimado, em 0,4%.
No restante da agenda econômica, o Initial Claims foi a única referência positiva da semana. De acordo com o indicador, foi registrado um total de 382 mil novos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA na última semana, ligeiramente melhor do que as expectativas do mercado, que giravam em torno de 384 mil solicitações.
Por outro lado, mostraram dados aquém do esperado o número de pedidos e entregas de bens duráveis feitos à indústria norte-americana em fevereiro, o número de casas novas vendidas nos EUA em janeiro e o número de vendas de casas usadas no país durante o segundo mês deste ano.
No mesmo sentido, a confiança do consumidor medida pela Universidade de Michigan veio menor do que a esperada em março. O Michigan Sentiment apontou 67,5 pontos, resultado inferior às expectativas do mercado, de 68,0 pontos e à medição anterior, de 68,2 pontos.
Ainda por lá, o presidente do Federal Reserve de Dallas, Richard Fisher, reafirmou em um evento em Bruxelas sua posição contrária à uma possível ampliação do QE2 (Quantitative Easing 2), que tem fim previsto para junho, quando o banco central norte-americano já terá despejado cerca de US$ 600 bilhões no mercado através da recompra de títulos públicos.
Renda Fixa
A moeda norte-americana fechou cotada na venda a R$ 1,6600, queda de 0,60% na variação semanal.
No mercado de juros futuros da BM&F Bovespa, que encerrou a semana sem tendência definida, o contrato com vencimento em janeiro de 2012, o qual apresentou maior liquidez, encerrou apontando taxa de 12,24%, baixa de 0,10 ponto percentual em relação a semana anterior.
No mercado de títulos da dívida externa brasileira, o Global 40, bônus mais líquido, encerrou cotado a 135,05% de seu valor de face, alta de 0,148% na semana.
O indicador de risco-País fechou a sexta-feira em 169 pontos-base, queda de 13 pontos na variação semanal.
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