Resultados de Target e Walmart mostram impacto da inflação para consumidores dos EUA, mas ações têm reações bem diferentes

Ambas mostraram maior cautela do consumidor com inflação alta, mas Walmart superou projeções, enquanto Target decepcionou e cortou estimativas

Equipe InfoMoney

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A temporada de balanços para as varejistas americanas ganhou força nesta semana, sendo acompanhada de perto pelos investidores principalmente pelas indicações para o cenário macroeconômico dos Estados Unidos.

Muitas das sinalizações sobre o comportamento do consumidor foram parecidas – porém, as reações do mercado aos números divulgados foram bem diferentes.

Na véspera, a ação do Walmart subiu 6,54%, a US$ 147,44, na Bolsa de Nova York, na esteira de resultados considerados positivos. Nesta quarta-feira (16), os ativos da companhia seguem com ganhos, entre 1% e 2% na Bolsa de Nova York. Enquanto isso, as ações da Target, que divulgou seus números hoje de manhã, desabam. Às 11h53 (horário de Brasília), a queda dos ativos da Target era de 14,91%, a US$ 152,30.

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Conforme destaca a XP, o Walmart superou as estimativas do consenso com uma receita de US$ 152,8 bilhões e um lucro por ação (LPA) ajustado de US$ 1,5, com a empresa sendo impulsionada por uma maior procura do consumidor americano por mantimentos de preços mais acessíveis da companhia.

E esta maior procura não veio só do segmento de baixa renda, uma vez que cerca de 75% de seus ganhos de participação de mercado em alimentos vieram de famílias que ganham mais de US$ 100.000 por ano, disse o CFO John Rainey.

Junto com a venda de mantimentos, o CEO do Walmart, Doug McMillon, afirmou que a varejista também teve um impulso no trimestre anterior de uma forte temporada de volta às aulas nos EUA e eventos de vendas em todo o mundo, incluindo The Big Billion Days, um evento anual da Flipkart.

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As vendas de e-commerce nos EUA subiram 16% ano a ano, ou 24% em uma base de dois anos. Com o aumento do fluxo de pessoas em seu website, o negócio de anúncios digitais também se desenvolveu. O Walmart viu seu negócio global de publicidade crescer mais de 30% ano contra ano, liderado por ganhos nos EUA.

A loja de descontos também progrediu com um problema enfrentado por todo o setor: o excesso de estoques. O estoque do Walmart aumentou 13% ano a ano no terceiro trimestre. O número foi mais baixo dos cerca de 26% no segundo trimestre e 32% no primeiro trimestre. Rainey disse que o Walmart cancelou pedidos, aumentou as remarcações e eliminou grande parte das mercadorias retidas nos portos. Agora, ele disse que a maioria desses produtos está nas lojas. Além disso, cerca de 70% deste aumento de estoque é devido à inflação, e não a mais unidades.

Para todo o ano fiscal, o Walmart agora prevê que as vendas aumentem cerca de 5,5%, enquanto a empresa espera que o lucro ajustado por ação cairá entre 6% e 7%.

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A varejista, que também oferece serviços farmacêuticos, registrou uma cobrança de quase US$ 3,33 bilhões, ou US$ 1,05 por ação, como parte de cobranças legais relacionadas a opióides. Em um comunicado, o Walmart disse que “contesta veementemente as alegações nesses assuntos, e esta estrutura de acordo não inclui qualquer admissão de responsabilidade”.

Enquanto o Walmart divulgou números positivos na véspera, por outro lado a Target decepcionou. Contudo, mostrou algumas tendências semelhantes à da varejista que divulgou seus números anteriormente.

Assim como o Walmart, a Target apontou a mudança de hábitos de seus clientes por conta da inflação e registrou maior consumo de alimentos mais baratos em vez de produtos mais caros, como carne, e com os consumidores tendo maior atenção às ofertas para compra de eletrodomésticos.

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Para fazer “render os dólares”, a Target aponta que os consumidores estão escolhendo itens menores, além de pacotes de valor menor ou de marcas próprias dos varejistas. As pessoas também estão gastando menos em mercadorias discricionárias. O Walmart também falou na terça-feira de um recuo nos gastos com vestuário, eletrônicos e itens semelhantes. Mas o Walmart superou as expectativas de Wall Street, pois atraiu compradores com seus mantimentos de baixo preço.

Enquanto isso, a Target reduziu suas previsões de receita para os últimos meses do ano e anunciou uma redução de custos de até US$ 3 bilhões nos próximos três anos, ao mesmo tempo em que os dados de lucro desapontaram as estimativas.

“Com base nas tendências de queda de vendas e lucros que surgiram no final do terceiro trimestre e persistiram em novembro, a empresa acredita que é prudente planejar uma ampla gama de resultados de vendas do quarto trimestre”, disse a Target em comunicado, projetando um declínio de um dígito para as vendas no período em comparação com o ano passado.

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A esse respeito, o principal executivo da empresa, Brian Cornell, insistiu que “nas últimas semanas do trimestre, as tendências de vendas suavizaram significativamente, e o comportamento de compra dos clientes foi cada vez mais afetado pela inflação, aumento das taxas de juros e incerteza econômica.

Como resultado: “o desempenho dos lucros do terceiro trimestre ficou bem aquém das nossas expectativas.” A companhia teve lucro ajustado do terceiro trimestre de US$ 1,54 por ação, abaixo da estimativa de Wall Street de US$ 2,16 por ação. O lucro ajustado do terceiro trimestre caiu 49%, para US$ 1,54 por ação, em relação ao ano anterior, abaixo da estimativa da FactSet de US$ 2,16 por ação. A receita total aumentou 3,4%, para US$ 26,5 bilhões, em linha com a estimativa de Wall Street de US$ 26,41 bilhões.

Sobre  a intenção de reduzir os seus custos, a Target não avançou em medidas concretas para realizar essas economias, anunciadas justamente no momento em que começa a temporada de consumo nos Estados Unidos, com os feriados de Thanksgiving (Ação de Graças) no final do mês e o Natal em dezembro.

Apesar de não detalhar seus planos, disse que não tem planos de demissões ou congelamento de contratações.

A Target já havia apontado anteriormente que estava trabalhando para limpar os estoques indesejados de suas prateleiras e, ao fazê-lo, teve que reduzir os preços. Com isso, sua margem de lucro operacional no terceiro trimestre foi de 3,9% em comparação com 7,8% um ano antes. As projeções agora são de uma margem operacional de cerca de 3% no quarto trimestre.

O JPMorgan aponta que o debate agora muda para se este é realmente e finalmente o último corte nas projeções da companhia e se, em seguida, os ganhos aumentarão. Os esforços de redução das despesas gerais e administrativas também forçarão os investidores a revisitar a projeção de recuperação de ganhos da companhia, enquanto os analistas ainda esperam uma recuperação significativa da margem bruta no próximo ano.

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