Renner, C&A, SBF, Grupo Soma e Track&Field divulgaram resultados: quais animaram e quais decepcionaram no 3º tri?

Apesar dos números serem bem avaliados, ações da Renner registraram baixa; maior destaque positivo ficou com a SBF

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Diversas varejistas de moda soltaram resultados na noite da véspera, com impactos diferentes dos ativos na sessão desta sexta-feira (12).

Enquanto as ações da SBF (SBFG3, R$ 27,24, +4,81%), grupo dono da Centauro, avançaram quase 5%, os ativos da Lojas Renner (LREN3, R$ 32,23, -5,01%) caíram 5%, enquanto a C&A (CEAB3, R$ 7,72, -3,26%) teve baixa de mais de 3%. Já os ativos da Track&Field (TFCO4, R$ 13,54, +0,45%) e do Grupo Soma (SOMA3, R$ 15,36, +0,26%) fecharam perto da estabilidade.

Mas o desempenho dos ativos na sessão desta sexta refletem os resultados dos ativos? Confira as análises dos resultados a seguir:

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Lojas Renner (LREN3)

A varejista Lojas Renner (LREN3) obteve lucro líquido de R$ 172 milhões no terceiro trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 82,9 milhões registrado um ano antes.

A receita líquida com vendas de mercadorias alcançou R$ 2,36 bilhões, avançando 43,5% na comparação com o mesmo período do ano passado.

A XP destaca que a Renner teve recuperação forte frente à reabertura e iniciativas internas de ganhos de eficiência.

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Os resultados foram sólidos, porém em linha com as estimativas dos analistas. A companhia reportou resultados com contínuo crescimento de receita, fluxo em lojas gradualmente acelerando e a conversão/número de itens/sacola foi maior. Como resultado, as vendas líquidas do varejo cresceram 43,5% na base anual (ou alta de 23% versus o terceiro trimestre de 2019).

Sobre a rentabilidade, a margem bruta apresentou redução da pressão em relação a 2019 (queda de 1 ponto) com ativações promocionais em níveis baixos, compensando parcialmente os maiores custos com fretes, matérias-primas e depreciação do real. No entanto, a pressão de margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) foi mantida devido aos investimentos na construção de seu ecossistema. Quanto à Realize, os resultados continuam mostrando recuperação, enquanto a inadimplência está nos menores níveis históricos.

Por fim, o lucro líquido maior que as estimativas da XP é explicado pelo maior nível de receitas financeiras, além de a empresa ter apresentado uma geração de caixa de R$ 509 milhões. A empresa também sinalizou que está otimista em relação ao quatro trimestre, com forte desempenho desde o dia das crianças (alta de 35% versus o terceiro trimestre de 2019). A XP mantém  recomendação de compra e preço-alvo de R$ 43 por ação.

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A Levante Ideias de Investimentos também aponta que a companhia entregou resultados sólidos, com forte crescimento nas linhas de receita líquida, vendas digitais, lucro líquido e vendas nas mesmas lojas.

“As margens ainda não retomaram os níveis pré-pandemia, e aqui cabe destacar que no ano de 2019 a companhia atingiu níveis recorde de margens, sendo, portanto, uma base elevada de comparação, a retomada do fluxo, forte crescimento de receita das vendas e coleções mais assertivas pelo uso de dados, contribuíram para bons resultados da companhia”, apontam os analistas.

Fabio Faccio, CEO da companhia, destacou em teleconferência que a Renner pode ter uma queda momentânea da margem Ebitda com aumento do e-commerce, mas com possível recuperação posteriormente. Para o executivo, a Renner manterá níveis saudáveis de margem bruta, mesmo com pressão inflacionária. A varejista antecipou compras de importados, o que alivia pressão para vendas de novas coleções.

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C&A (CEAB3)

A C&A (CEAB3) apresentou lucro líquido de R$ 243,9 milhões no terceiro trimestre de 2021, revertendo o prejuízo de R$ 28,2 milhões registrado um ano antes.

A XP ressalta que a C&A reportou resultados com uma melhora sequencial, acima das estimativas da casa principalmente pelo maior crescimento de vendas.

A dinâmica de receita foi o destaque do resultado, com vendas líquidas crescendo 25% na base anual ou 8% versus o terceiro trimestre de 2019 – o primeiro trimestre que a companhia superou vendas de 2019 desde a pandemia.

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A melhora foi impulsionada pela categoria de vestuário, que cresceu 11% em comparação com 2019, enquanto a categoria de fashiontronics caiu 5%. Com relação à rentabilidade, a margem bruta foi pressionada pelo aumento da competição e de custos em fashiontronics, embora compensada por uma maior participação de vestuário associada a uma menor pressão de rentabilidade da categoria no trimestre.

Por fim, as despesas com vendas, gerais e administrativas aumentaram com a normalização da operação das lojas, enquanto o lucro líquido foi beneficiado por um crédito tributário não recorrente de R$ 298 milhões. A empresa mencionou que está otimista com o quarto trimestre, embora não tenha mostrado nenhum número preliminares. A XP manteve recomendação neutra com preço-alvo de R$ 8,50 por ação.

O Bradesco BBI, por sua vez, destacou os resultados como mistos porque, por um lado, as vendas estão se recuperando, mas, por outro lado, a recuperação parece mais lenta do que os pares e a margem bruta ainda é muito inferior à margem do 3T19 (2,6 pontos percentuais menor).

Isso, junto com a pressão nas despesas gerais, com vendas e administrativas, conforme as despesas operacionais (opex) se
normaliza, sinaliza que a margem Ebitda ainda é 9,60 pontos percentuais menor do que em 2019, muito mais fraca do que Renner (5,30 pontos menor) e Guararapes (4,10 pontos menor).

“O desempenho no comércio eletrônico parece bom, com GMV crescendo 12% em base anual, embora houvesse uma base de comparação elevada (crescimento de quase 464% no 3T20), e a C&A conseguiu, registrar a maior penetração de vendas digitais (15%) entre os pares (Renner 12%, Guararapes 10%) no trimestre”, apontam os analistas.

Eles destacam avanços nos principais pilares estratégicos (distribuição, serviços digitais e financeiros) como positivos e esperam que a empresa continue a investir neles, a fim de entregar marcos importantes, como os compromissos assumidos na distribuição até o segundo semestre de 2021 e o lançamento de uma solução de marca própria em dezembro de 2021.

“Por outro lado, vemos maiores riscos na C&A como ação, devido à alta sensibilidade dos lucros e da avaliação a vendas menores”, mantendo assim recomendação neutra e preço-alvo de R$ 10,00.

Grupo SBF (SBFG3)

O Grupo SBF, controlador da Centauro, registrou lucro líquido de R$ 221,4 milhões no terceiro trimestre de 2021, revertendo o prejuízo de R$ 33,251 milhões registrado um ano antes.

O Ebitda foi de R$ 252,16 milhões, alta anual de 731,3%. No critério ajustado, a empresa teve Ebitda de R$ 251,341 milhões, com margem de 16,9%, recuperando 8,3 ponto porcentual quando comparado ao mesmo intervalo de 2020.

A companhia atingiu receita líquida de R$ 1,491 bilhão no trimestre, alta de 162,1% ante o mesmo período do ano passado.

O Itaú BBA avaliou os resultados do SBF como positivos e uma confirmação do ritmo de sua recuperação. O banco ressalta que a receita digital cresceu 69% em relação ao terceiro trimestre de 2019, e diz avaliar que a margem Ebitda continua pressionada por despesas administrativas, de vendas e gerais por conta da integração da Fisia.

Para o BBI, este é um resultado marcante do Grupo SBF, com rápida recuperação das vendas da Centauro, ao lado de margem bruta superior ao terceiro trimestre de 2019, demonstrando a força do modelo de negócios e a execução da empresa.

Os analistas também destacam que os comentários da administração são cheios de confiança e é claro que a empresa ‘saiu da Covid’ em uma posição mais forte do que entrou na pandemia.

Eles reiteram que veem a Centauro em uma posição única para consolidar a categoria de artigos esportivos ainda altamente
fragmentada, dada a força das lojas (oferecendo experiência, o que é importante para as marcas globais) e online. Os resultados da Fisia mostram que a aquisição foi um sucesso absoluto, com crescimento de vendas e ganhos de margem bem antes do planejado. O BBI reiterou a recomendação de compra, elevando o preço-alvo de R$ 34 para R$ 35 por ação.

Grupo Soma (SOMA3)

O Grupo Soma (SOMA3) registrou lucro líquido ajustado de R$ 77,6 milhões no terceiro trimestre, cifra 3,5 vezes superior à do mesmo trimestre do ano passado, uma alta de R$ 21,8 milhões – representando alta de 256% em um ano.

O Ebitda ajustado cresceu mais de 6 vezes. A alta de 516,4% fez o Ebitda ajustado passar de R$ 18,3 milhões para R$ 112,8 milhões ao fim do terceiro trimestre de 2021. Já a margem Ebitda ajustada cresceu 13,7 p.p. e somou 20,1%.

A receita líquida dobrou de tamanho na base anual. Assim, passou de R$ 325,5 milhões no terceiro trimestre de 2020 para R$ 667,2 milhões ao fim do terceiro trimestre de 2021.

O Itaú BBA avaliou os resultados da Soma como positivos, com um faturamento bruto recorde, com alta de 64% em comparação com o mesmo período de 2019, impulsionado pelo bom desempenho de todas as marcas em seu portfólio e todos os seus canais de vendas, com ganho de 1,8 ponto percentual na margem Ebitda.

A XP destacou que o Grupo Soma reportou fortes resultados no terceiro trimestre, superando as estimativas de Ebitda e lucro líquido em 20%.

O desempenho da receita foi forte devido à recuperação das lojas físicas, sólido crescimento online e coleção bem recebida no atacado.

“Olhando para as marcas, Farm Global e NV continuaram se destacando, enquanto a Animale está mostrando sinais de recuperação (alta de 10% versus o terceiro trimestre de 2019). A companhia espera que esse desempenho continue, com a Farm Global lançando um site dedicado para a Europa no primeiro trimestre de 2022, as lojas da NV com vendas acima de R$ 2 milhões no primeiro mês de operação e desempenho forte do showroom”, apontam os analistas.

Quanto à lucratividade, a margem bruta caiu 2,7 pontos percentuais na base anual, uma vez que as vendas no atacado foram adiadas para o quarto trimestre do ano passado, beneficiando as margens do terceiro trimestre de 2020. No entanto, isso foi compensado pela alavancagem operacional.

Olhando para frente, a empresa destaca que está otimista com o último trimestre do ano e 2022 devido ao desempenho da coleção no atacado, enquanto espera repassar a pressão de custos para preços, protegendo assim a rentabilidade.

Por fim, a Hering (adquirida neste ano pelo Grupo Soma) apresentou crescimento maior, impulsionada principalmente pelo
desempenho das mega lojas, embora estejam vendo indicações positivas para o quarto trimestre do canal multimarcas e
de franquias. Além disso, a empresa está trabalhando na estabilização da sua cadeia produtiva, que deve ter avanços até o fim do ano. Os analistas da XP mantiveram recomendação de compra e preço-alvo de R$ 22 por ação.

Track&Field (TFCO4)

A Track&Field teve lucro líquido de R$ 20 milhões, 209,7% acima na base anual. A receita líquida subiu 88,3%,  a R$ 124,8 milhões.

O Itaú BBA avaliou os resultados da Track&Field como fortes, impulsionados por alta em seu mercado disponível e maior foco em iniciativas de produtos no campo digital. O banco ressalta a alta de 74% no faturamento bruto em relação ao mesmo período de 2019, e alta de 1,6 ponto percentual em sua margem Ebitda em comparação com o nível pré-pandemia.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.