Reduzir o preço da gasolina compromete recuperação da Petrobras e do setor de etanol, diz presidente da Datagro

“Considerando perdas acumuladas em anos anteriores, reduzir novamente o preço da gasolina comprometeria recuperação do setor energético”, defende Plínio Nastari

Rodolfo Mondoni

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SÃO PAULO – O mercado acordou hoje com a notícia de que a Petrobras poderia reduzir o preço da gasolina e do diesel, segundo informações divulgadas pelo colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim. Sobre o mesmo assunto, o jornal Valor Econômico publicou um texto afirmando que a questão divide opiniões dentro da estatal. A diretoria seria favorável a decisão, enquanto o conselho administrativo seria contra.

O motivo considerado para essa redução nos preços, seria a queda no consumo, justificativa da qual o presidente da DATAGRO discorda. “Uma medida nesse sentido, acabaria de vez com a perspectiva de recuperação do setor energético”, ressalta Plínio Nastari, em entrevista exclusiva concedida hoje ao InfoMoney.

A consultoria DATAGRO faz acompanhamento diário dos preços praticados aqui e no mercado internacional, e afirma que a redução no preço da gasolina não se justifica. Segundo levantamento, o preço internado (preço do mercado internacional, mais fretes, seguros e outros gastos) estaria 5,11% menor do que deveria ser. Isso significa que o preço já está defasado. No caso do diesel, o preço internado está 31,02 % acima. Isso significa que se a Petrobras importar diesel, ela terá um lucro de 31,02%.

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Além disso, é preciso considerar nessa equação que a Petrobras já acumula prejuízos bilionários relacionados a uma política de preços defasados em comparação ao mercado internacional. Segundo o presidente da DATAGRO, de janeiro de 2011 a fevereiro de 2016, a Petrobras teve um prejuízo ligado à política de preço da ordem de 28,42 bilhões de dólares para a gasolina. E no caso do diesel, esse prejuízo foi ainda maior: 46,06 bilhões de dólares. Esses dois valores somados representam um prejuízo de 74,47 bilhões de dólares ou 273 bilhões de reais, considerando o dólar a RS 3,66.

“Antes de tudo, é preciso primeiro compensar o prejuízo que a Petrobras e as usinas tiveram por causa da política de preço”, defende Nastari, afirmando que “uma redução, caso implementada, seria uma medida populista”.

Segundo o especialista, todo o resultado do setor está sendo utilizado para pagar juros de dívida. A Petrobras possui uma dívida de R$ 470 bilhões, enquanto o setor sucroenergético possui uma dívida de R$ 96 bilhões. Portanto, uma redução no preço, traria novamente uma redução do lucro do setor. “Se você compensar a queda do consumo com preço, compromete ainda mais o setor de combustíveis”, ressalta Nastari.  

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