Receita da Gol surpreende e B2W mostra recuperação; o que os analistas acharam dos balanços desta quinta

Números bons não se refletiram em bom desempenho das ações nesta quinta, mas futuro parece promissor

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – Os resultados divulgados entre o after-market da quarta-feira (30) e o pré-market desta quinta (31) foram em geral mal vistos pelo mercado, mas foram considerados como positivos pelos analistas. O maior exemplo é a Gol, que vê suas ações caírem forte apesar de ter revisado o seu plano de metas diante de um forte aumento nos preços de passagens e da demanda por voos corporativos.

Confira as análises dos resultados das empresas que movimentam a sessão desta quinta na bolsa:

Gol

As ações da Gol (GOLL4) desabam 5% apesar de análises de que o terceiro trimestre da companhia aérea passou longe de ser um período ruim. Segundo os analistas Victor Mizusaki, Paula Athanassakis e Gabriel Rezende, do Bradesco BBI, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 1,41 bilhão da companhia foi 9% acima das projeções do banco, o que é bastante positivo.

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Os números foram impactados principalmente pelo aumento de 15% na comparação anual nos preços de passagens e no avanço de 13% da demanda, impulsionado pelas viagens corporativas.

“A Gol revisou seu guidance [perspectivas da empresa para suas atividades] de 2020, com margem Ebitda elevada para 30%, de 29%”, ressaltam os analistas.

A aérea também elevou sua projeção para receita líquida, em R$ 200 milhões, para R$ 13,7 bilhões. Já os custos operacionais (CASK ex-combustível) devem ficar em torno de 14,5 centavos de real, ante 14,0 centavos de antes.

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Como consequência, o Bradesco manteve sua recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para a empresa, com o preço-alvo por ação elevado de R$ 59,00 para R$ 60,00 em 2020.

A analista Bruna Pezzin, da XP Investimentos, destaca que as receitas unitárias de passageiros cresceram 20% na comparação anual, número forte e levemente acima do esperado. Por outro lado, Bruna alerta que houve impacto parcial por parte de um real menos valorizado e também por pressão nos custos com depreciação.

“Foi um trimestre saudável, que reforçou a tendência positiva das receitas, fruto de um ambiente racional. Mantemos recomendação neutra para os papéis, dada a nossa preferência relativa pelas ações de Azul (AZUL4)”, escreve a analista.

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B2W

A B2W (BTOW3) reportou uma redução de 4,9% no prejuízo do terceiro trimestre, que somou R$ 102,5 milhões. O Ebitda ajustado aumentou 15,3%, a R$ 152,3 milhões, com margem de 9,1% (+0,6 p.p.).

De acordo com os analistas Thiago Macruz, Vinicius Figueiredo, Helena Villares, Emerson Vieira e Rodrigo Nistor, do Itaú BBA, os resultados demonstraram uma aceleração nos negócios da empresa, potencializada pela sua plataforma de marketplace.

Eles ressaltam ainda que a operação logística da B2W ganhou tração, servindo 94% dos vendedores da sua plataforma, contra 92% no segundo trimestre. “Nós consideramos bem-vindo o desenvolvimento logístico da B2W, pois uma maior penetração da rede logística é a chave para diminuir o hiato nos serviços ao consumidor entre as operações 1P e 3P”, explicam os analistas.

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Para o Brasil Plural, os resultados da B2W apresentaram os primeiros sinais tangíveis de progresso em termos de crescimento da receita líquida, com o GMV total crescendo 28,4% e as vendas no marketplace aumentando 61,1%. “Parece que a B2W está a caminho de encontrar um equilíbrio saudável entre as vendas de 1P e 3P em sua plataforma”, escreveram Felipe Reboredo e Eduardo Nishio.

Os especialistas acrescentaram que, apesar da evolução do top line da margem bruta, mantêm a recomendação de Underweight à B2W, uma vez que a empresa ainda não conseguiu apresentar um resultado positivo e acreditamos que a concorrência está ficando mais forte no segmento, com players já sinalizando possiveis ofertas de follow-on.

Lojas Americanas

A Lojas Americanas (LAME4) registrou lucro líquido consolidado de R$ 48,2 milhões no terceiro trimestre, um desempenho 54,4% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. O Ebitda consolidado ajustado foi de R$ 757,0 milhões, em alta de 8,7%.

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Segundo o time de análise do setor de consumo do Itaú BBA, as Lojas Americanas revelaram uma leve aceleração nas vendas em mesmas lojas, mas rentabilidade estável. “A margem bruta permaneceu estável apesar do vencimento da Lei do Bem”, ressaltam os analistas do banco.

O ciclo de conversão de caixa da empresa foi citado como ponto alto do resultado, sendo reduzido em dez dias. “De acordo com o release de resultados, a melhora pode ser atribuída à otimização de estoques e a redução do tempo de espera.”

Sobre a Lojas Americanas, o Brasil Plural avaliou que o balanço não trouxe nenhuma notícia importante para o case, com receita em linha com as expectativas do mercado, impulsionado principalmente pelo crescimento das vendas mesmas lojas.

“Diante de um momento de forte expansão, a empresa conseguiu manter os níveis de margem e comprovar sua capacidade de controlar as despesas”, destacaram os especialistas.

“À medida que a confiança do consumidor começa a voltar aos trilhos, juntamente com a agenda de estímulos do governo, acreditamos que LAME está bem posicionada para um desempenho muito forte durante as festividades de final de ano”, completaram.

Bradesco

O Bradesco (BBDC3; BBDC4) teve lucro líquido recorrente de R$ 6,542 bilhões no terceiro trimestre, em linha com as expectativas e 19,6% superior na comparação anual. Em comparação ao segundo trimestre, o lucro líquido recorrente avançou 1,2%. O retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) foi de 20,2%, queda de 0,4 p.p. na comparação trimestral, mas alta de 1,2 p.p. na anual.

Apesar do lucro em linha com o esperado, algumas características sobre os fundamentos do balanço desapontaram os investidores, que estavam esperando números bastante fortes (vide o forte desempenho dos ativos nas últimas semanas).

De acordo com a análise da XP Investimentos, apesar do lucro em linha com o consenso, alguns pontos não agradaram. Isso porque o lucro foi impulsionado principalmente por menores despesas com provisão e uma menor alíquota efetiva de impostos. Estas duas linhas estruturalmente não vão ajudar o banco no longo prazo, principalmente com o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) em 2020.

“A margem financeira com clientes desapontou, com um crescimento tímido de 5% anualmente para R$ 12,5 bilhões, mesmo com os esforços do Bradesco em mudar o portfólio da carteira de crédito para pessoas físicas e pequenas empresas. Apesar de esperado, as receitas de serviços também apresentaram um fraco crescimento de 3,7% anualmente para R$ 8,4 bilhões”, avaliam os analistas.

Pão de Açúcar

O Grupo Pão de Açúcar (PCAR4) reportou lucro líquido dos acionistas controladores no segmento alimentar de R$ 216 milhões no terceiro trimestre deste ano, alta de 42,8%. De forma consolidada, o lucro somou R$ 166 milhões, representando uma expansão de 29,9%.

Para o Bradesco BBI, os resultados do GPA foram mais fortes do que os esperados. “Dito isto, o desempenho não alivia preocupações sobre tendências fracas na unidade de negócios Multivarejo, que acreditamos estar sofrendo pressões competitivas e um ambiente macroeconômico ainda fraco”, afirmou Richard Cathcart, em relatório.

Cathcart apontou como boa notícia o Ebitda do negócio de alimentos do GPA, 6% acima das estimativas da instituição. Já o lucro líquido ajustado (de R$ 382 milhões) também ficou “bem acima” da estimativa, de R$ 308 milhões devido a menores encargos financeiros. “Acreditamos que uma melhoria no momento de crescimento do SSS no Multivarejo e no Assaí será necessária para impulsionar uma reavaliação das ações do seu nível atual de cerca de 16x 2020 PE”, completou.

A analista Mariana Vergueiro, da XP, ressaltou recomendação de compra para o papel, com preço-alvo de R$ 124. diante do bom posicionamento da companhia no segmento do atacarejo (por conta da marca Assai).

“Vemos o formato Atacarejo como o vencedor no varejo alimentar brasileiro em função de sua atratividade em termos de preço”, avalia.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.