Rebalanceamento: a fórmula de Florian Bartunek para “sempre vender na alta e comprar na baixa”

"A combinação do portfólio tem mais poder que uma ação individual", afirma o fundador da Constellation Asset, gestora com mais de R$ 4 bilhões de ativos sob gestão e que possui Jorge Paulo Lemann como um dos sócios

Rafael Souza Ribeiro

Florian Bartunek, da Constellation
Florian Bartunek, da Constellation

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SÃO PAULO – Quando o investidor se depara com a forte alta de uma ação que faz parte de sua carteira, não são poucos que ficam tentados para realizar o lucro imediatamente, na ânsia de embolsar os ganhos rapidamente e na crença que aproveitou todo o movimento. Contudo, para Florian Bartunek, fundador da Constellation Asset, gestora com mais de R$ 4 bilhões de ativos sob gestão e que possui Jorge Paulo Lemann como um dos sócios, essa atitude está na lista dos maiores erros que um investidor pode cometer.

O badalado gestor, que também é co-autor do livro “Fora da Curva“, foi entrevistado pelo editor-chefe do InfoMoney, Thiago Salomão, durante painel do Congresso de Investimento de Valor, promovido pela Suno Research na última sexta-feira (27).

Para Bartunek, ao invés de se desfazer completamente de uma posição vencedora, a maneira melhor de realizar é através do “rebalanceamento da carteira”. Explicando com um exemplo simples: “se tínhamos 2,5% da carteira aplicada um determinado ativo e pela sua valorização [a participação] saltou para 5%, reduzimos para 4%, por exemplo, mas não deixamos de surfar o bom momento o operacional da empresa”, explica. Isso resulta em uma fórmula vencedora, pois “te força a vender na alta e comprar na baixa”, complementa o gestor da Constellation.

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Em linha com o rebalanceamento de carteira, Florian também explica que “a ação perfeita” para o investidor comprar não existe: “a combinação do portfólio tem mais poder que uma ação individual”. Em outras palavras: a segurança do investidor em uma empresa com perfil mais defensivo trará maior tranquilidade para o investidor tomar o risco em uma ação mais arrojada. “Citando um exemplo do meu fundo: quando digo que tenho Ultrapar (UGPA3), que tem um perfil mais conservador, e Rumo (RAIL3) que é mais agressivo, eu não tenho só Ultrapar para me proteger de Rumo, mas porque seus business se encaixam no portfólio”, explica. Outro caso que ele cita é a Fibria (FIBR3), considerada uma “proteção natural” ao dólar por ser uma exportadora de celulose, mas que está na carteira da Constellation não apenas por isso, mas pelos seus bons fundamentos. “Não temos o papel caso o mundo acabe, mas porque gostamos da empresa e dinâmica do setor”.

Um outro mundo
Tradicionalmente um país conhecido por juros astronômicos, o Brasil vem vivendo uma nova fase após a Selic mergulhar de 14,25% para 7,50% ao ano de 2015 pra cá, reflexo do movimento benigno da inflação, que deve encerrar o ano próximo de 3%. Otimista com os efeitos que isso trará para a bolsa, Florian acredita que o mercado não precificou o verdadeiro impacto positivo dos juros baixos no mercado. 

“Não estamos preparados para esse bull market. Empresários que sobreviveram no Brasil nos últimos 30 anos provavelmente foram mais conservadores e pessimistas, tiveram pé no chão para não se alavancar demais e crescer com consistência (…) se o Brasil der certo, que é uma coisa que muitos têm dificuldade em acreditar, e seguir com a taxa básica de juro baixa por muito tempo, será uma mudança de paradigma e deveremos ajustar nossa cabeça”, afirma Bartunek.

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A manutenção dos juros em patamares historicamente baixos estimula que as empresas financiem crescimento para se aproveitar dos custos menores da dívida. Soma-se a isso o efeito da alavancagem operacional de algumas companhias que estão operando com níveis de ociosidade bem elevado – e que, em tese, poderão aumentar significativamente suas receitas apenas com a recuperação da economia, sem fazer R$ 1 real de investimento adicional sequer.

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