Quando até os “gurus” do mercado erram, em quem podemos confiar?

Enquanto Bill Gross viu fundo gerido por ele registrar maior perda anual desde 1999, Berkshire Hathaway, de Buffett, não baterá desempenho do S&P500 pela primeira vez em 48 anos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os gurus do mercado sempre dão diversas opiniões sobre o que deve acontecer com o mercado e as principais tendências do mercado, e os investidores costumam se atentar a cada palavra que estes grandes especialistas descarregam na mídia, tenta absorver uma parcela do sucesso financeiro conquistado por eles. Porém, não é porque eles são investidores de sucesso que eles estão isentos de erros – e 2013 esteve aí para provar isto.

Um dos exemplos mais recentes é o de Bill Gross, um dos fundadores da Pimco, gestora do maior fundo de renda fixa do mundo. Conforme ressalta matéria da Bloomberg da semana passada, o conhecido “rei dos títulos” calculou mal o tempo e o impacto do plano do Federal Reserve a reduzir as suas compras de ativos em 2013. E esse foi um dos fatores determinantes para a maior queda do fundo Pimco Total Return,  maior fundo de bônus do mundo gerenciado por Bill Gross. Ele teve baixa de cerca de 1,92% em 2013.

Apesar de estar melhor do que a média de fundos semelhantes, a aplicação teve rendimento bem abaixo da renda variável norte-americana, com destaque para o Standard & Poor’s 500, que subiu cerca de 30%, levando os investidores a fugirem dos fundos tradicionais.

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Os cerca de US$ 2 trilhões que a Pimco contou com os produtos como o seu Fundo de títulos irrestritos, para chamar investidores que procuram limitar as perdas de títulos em meio a sinais que o rali de três décadas em renda fixa estaria chegando ao fim. De acordo com Mohamed El Erian, que divide o título de diretor de investimentos com Bill Gross, houve um esforço para a diversificação além da participação em obrigações fundamentais em ações, fundos e produtos negociados em bolsa. As ofertas alternativas da Pimco para o Total Return Fund são especialmente importantes para a empresa. 

Buffett: 47 a 1 contra o S&P500
Enquanto isso, o investidor bilionário Warren Buffett, após muitos – e reconhecidos – acertos, provavelmente “errou o alvo” pela primeira vez em 48 anos. A sua companhia, a Berkshire Hathaway, deve informar em seu próximo relatório que não conseguiu aumentar o seu patrimônio líquido mais rapidamente do que o índice S&P500 nos últimos cinco anos. Seria a primeira vez que o investidor ficou aquém da meta desde que assumiu a empresa.

O S&P500 subiu 128% desde o final de 2008, alimentado por esforços de estímulos pelo Federal Reserve e os lucros mais elevados de empresas. Esta é uma meta difícil de ser batida então, claro, não se pode dizer que ele tenha errado. Por outro lado, o fundo da Berkshire subiu “apenas” 80% no mesmo período, de acordo com os dados mais recentes.

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O índice norte-americano postou retornos de dois dígitos todos os anos desde 2008, exceto em 2011, quando a crise da dívida da Europa ofuscou o otimismo com a recuperação. 

Seguir os grandes “gurus” do mercado é um dos caminhos que o investidor pode levar como meta de investimento, mas não significa que ele esteja isento a riscos ou desempenho abaixo até de índices que o mercado sempre tenta superar. E talvez essa seja uma das grandes magias do mercado, uma vez que o imponderável sempre é um fator que deve ser levado em conta – seja para você ou para Warren Buffett.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.