Novo balanço, nova decepção: ação da Qualicorp (QUAL3) desaba 15,60% com ventos contrários persistindo no 3º tri

O destaque negativo, mais uma vez, foi a taxa de cancelamento bastante alta, com dados de adições brutas de vidas desafiadores com alta de preços

Lara Rizério

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Mais um trimestre, mais uma decepção. As ações da Qualicorp (QUAL3) desabaram mais de 15% na sessão desta quarta-feira (9) após a divulgação do resultado do terceiro trimestre (3T22), um período cercado por desafios. Os ativos QUAL3 fecharam em queda de 15,60%, a R$ 6,87.

O destaque negativo, mais uma vez, foi o churn (taxa de cancelamento) bastante alto, com dados de adições brutas de vidas desafiadores diante de um repasse de preço maior nesse período.

“O churn veio bastante alto, (com o terceiro trimestre concentrando os ajustes de preço que ficaram em cerca de 23%) com uma perda líquida orgânica de 75 mil beneficiários nos planos de afinidade. Apesar dos ajustes de preços, a receita por beneficiário médio de afinidade aumentou apenas 1,4% na base anual, 5,8 pontos percentuais abaixo da inflação, o que sugere a continuidade da tendência de baixa de planos de saúde”, aponta o Credit Suisse.

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A companhia reportou uma receita líquida de R$ 507 milhões, queda de 5,2% em um ano. Adicionalmente, a empresa apresentou um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado de R$ 235 milhões e uma rentabilidade (margem) de 46,3% que, embora um pouco acima da expectativa (de ganho de 0,4 ponto
porcentual), ainda apresentou queda significativa de 4 pontos percentuais em base anual, segundo apontou o Itaú BBA.

O BBA ainda apontou que a empresa conseguiu apresentar queda em algumas linhas de despesas, como pessoal e marketing.
Porém, a retração de 5% na receita anual e o aumento de 61% nas provisões para devedores duvidosos foram mais do que suficientes para compensar isso. “As despesas financeiras líquidas mais altas tiveram um impacto significativo no lucro líquido da empresa, que encolheram 55% em um ano, para R$ 49 milhões”, citam os analistas.

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Assim, reforça o Credit, a disciplina de custos não foi suficiente pra preservar margem, com a queda da margem Ebitda e deterioração também da margem operacional, principalmente pela maior amortização de comissão de vendas (margem operacional de 25,1%, queda de 8,5 p.p. na base anual).

“No geral, a nossa leitura é de que a estagnação da receita está impedindo uma recuperação da performance do papel. Acreditamos que há um risco de upside se o churn se reduzir, apesar de termos poucos sinais dessa reversão considerando o cenário macro desafiador”, avalia o Credit, que possui recomendação neutra para o ativo, com preço-alvo de R$ 9. O BBA também tem recomendação neutra (desempenho em linha com a média do mercado) para o papel, com preço-alvo de R$ 12 ao fim de 2022.

A Genial também aponta como destaque negativo a queda de receita em PME (-11,8% no trimestre e -2,6% no ano) em função da diminuição no volume de vendas, uma das avenidas de crescimento futuro da companhia. Além disso, o alto nível de sinistralidade das operadoras de saúde ainda é preocupante e pode perpetuar o aumento nos preços, mas em um panorama mais normalizado a companhia pode voltar a crescer sua base de clientes caso consiga manter o nível de adições brutas.

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“Apesar do resultado ser negativo, com queda de lucro líquido, entendemos que este foi dentro da expectativa para a Qualicorp, e por isso reiteramos nossa recomendação de manter com preço-alvo de R$ 14,00”, avalia.

O JPMorgan, que também tem recomendação neutra para os ativos, citou ainda que, junto com os resultados, a empresa anunciou que Carlos Vasques assumirá o cargo de CFO da empresa (link), após a saída do Sr. Frederico Oldani em outubro. “Vasques tem vasta experiência no setor de saúde, tendo já trabalhado como CEO da GSH Corp e como CFO da Rede D’Or, tendo experiência bancária. Ele começará em seu novo cargo em 16 de novembro e Elton Carluci, que atualmente é CFO interino, se concentrará 100% em suas atribuições de diretor comercial”, avaliam os analistas.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.