Qualicorp (QUAL3) recua mais de 6% e lidera baixas do Ibovespa após resultado; CEO reforça controle de gastos da companhia

Empresa focou em gerar caixa às custas de crescimento; para analistas, estratégia tem prós e contras

Mitchel Diniz

Qualicorp Store Reprodução
Qualicorp Store Reprodução

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A Qualicorp (QUAL3) liderou as maiores baixas do Ibovespa nos negócios desta quarta-feira (29). Os ativos repercutiram os resultados trimestrais da companhia, divulgado na véspera, após o fechamento do mercado. A Qualicorp registrou um prejuízo líquido de R$ 79,9 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), ante lucro de R$ 50,6 milhões do 4T21.

Os papéis QUAL3 fecharam em baixa de 6,72%, a R$ 3,75.

O Credit Suisse reconhece que a empresa trabalhou em um ambiente sob pressão em 2022. O banco destacou a perda líquida de beneficiários (de 58 mil no trimestre e 154 mil no ano), a redução das receitas relacionadas à medicina e a deterioração da rentabilidade da companhia.

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Os analistas também observaram que a ajuste de aproximadamente 20% nos preços dos planos de saúde em 2022 continuaram a promover cancelamentos (churn), ainda que em menor ritmo do que em 2021. Contudo, mesmo com os ajustes, a receita por beneficiário continuou estável. Para o Credit, isso sugere uma continuidade do downtrading de planos de saúde – ou seja, beneficiários estão trocando planos mais caros por mais baratos.

Em teleconferência sobre os resultados, Elton Carluci, CEO da Qualicorp lembrou que houve reajustes de preço também no primeiro trimestre deste ano e que há um esforço do mercado como um todo em retarifar. “As tabelas de uma maneira geral aumentaram em todos os produtos”, disse.

“Os reajustes começaram mais forte e devem ir normalizando no terceiro, quarto trimestre – é o que tenho ouvido dos nossos parceiros”. Carluci disse ainda que a Qualicorp está trabalhando fortemente em retenção e redução de cancelamentos.

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Carlos Vasques, CFO da Qualicorp, disse que o ano de 2022 foi difícil para empresa em termos de capital de giro. A companhia sofreu com alongamento de prazos e demorou de enxergar os efeitos disso.

“Foi um efeito pulverizado em várias frentes e diversas operadoras”, afirmou. Segundo ele, a companhia está trabalhando fortemente no aprimoramento do capital de giro, com um trabalho conjunto entre área financeira e comercial.

Na avaliação do Credit Suisse, a Qualicorp adotou uma bem-vinda mudança em seu direcionamento estratégico, mais focada em geração de caixa do que em crescimento. O Credit vê com bons olhos a tática da companhia, mas acredita que essa guinada de estratégia pode provocar uma redução da escala da Qualicorp, sem, necessariamente, traçar caminhos de crescimento no curto prazo.

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A companhia adotou uma postura de maior controle de gastos e despesas. Na teleconferência de resultados, o CEO Elton Carluci, admitiu que o segmento na qual a empresa está inserida vive um momento desafiador.

Após a divulgação do resultado, o Credit reduziu o preço-alvo da ação QUAL3 de R$ 9 para R$ 3,50, mantendo recomendação neutra. A casa calcula uma redução no lucro por ação da companhia em 2023, considerando uma queda de 7% na carteira da companhia este ano e de 4% em 2024.

Uma redução do churn mais rápida nos próximos trimestres e uma negociação melhor que esperada de preços, poderiam reestabelecer uma perspectiva de crescimento e de forte geração de caixa para companhia.

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O Bradesco BBI avaliou que os resultados da Qualicorp no quarto trimestre de 2022 foram fracos, ainda que a empresa tenha melhorado a geração de caixa. A casa viu os números impactados pela suspensão de vendas a estudantes e as estratégias de redução de comissão de vendas, além da típica sazonalidade do período.

O BBI tem recomendação neutra para QUAL3 e preço-alvo de R$ 9.

O JP Morgan avaliou que os resultados trimestrais de Qualicorp foram fracos e o balanço veio poluído por ajustes. “Os resultados fracos foram motivados por um crescimento baixo de receita, um churn ainda alto e perdas líquidas de beneficiários, refletindo mudanças estratégicas recentes”.

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“Também observamos que a taxa de serviços (take-rate) foi reduzida no trimestre, dada pressões comercias sobre os pagadores, que precisaram mitigar condições de sinistralidade restritivas”, escreveram os analistas do Goldman Sachs.

O banco tem recomendação de venda para QUAL3 e preço-alvo de R$ 6.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados