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O dólar comercial opera acima dos R$ 5,06 nesta quarta-feira (31) e as pistas sobre os próximos movimentos da moeda norte-americana encontram-se, sobretudo, no desempenho do U.S. Dollar Index, conhecido pela sigla DXY, que deve se guiar pela negociação do teto da dívida nos EUA e o movimento de juros do Fed.
A pedido do InfoMoney, José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos (WIA), traçou as perspectivas para a moeda em relação ao real e frente à cesta de divisas que compõem o DXY (Dollar Index), com base na análise quantitativa.
Só antes de avançarmos é importante destacar que a análise quantitativa, ou Quant, utiliza um conjunto de métodos e modelos matemáticos e estatísticos para estudar e monitorar comportamentos do mercado, identificando oportunidades de investimentos.
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Neste contexto, segundo o modelo da WIA, o Index (DXY) está em tendência de alta no médio prazo, mas de baixa no longo. Enquanto isso, o dólar comercial frente ao real, conta com uma tendência de baixa no médio prazo, e de alta no longo prazo.
Análise quantitativa do dólar
“Há uma correlação positiva, atualmente, entre o dólar index e o comercial. Se o index sobe, o comercial sobe; se o index cai lá fora, cai o comercial aqui”, diz Faria Júnior.
Segundo ele, essa correlação positiva – ou seja, de o dólar comercial acompanhar o DXY – acontece, ao menos, desde novembro do ano passado.
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“O que vai acontecer com o real daqui pra frente vai depender muito do que acontecer lá fora, com o dólar”, completa ele, em relação a essa correlação positiva.
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Confira no quadro abaixo os gráficos que mostram a correlação entre DXY (Dollar Index) e o dólar (USD/Real comercial)
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Dólar: quais fatores devem mexer com o índice?
Se a resposta para o movimento do dólar por aqui, no Brasil, vem lá de fora, quais são os fatores que os investidores devem ficar atentos?
Veja a seguir:
Aprovação do teto da dívida (hoje):
Sem dúvidas, esse é o primeiro e principal aspecto neste momento. Júnior destaca que essa preocupação vem “estressando” o mercado, dificultando a precificação e as apostas de juros para a próxima reunião do Fed, fator que influencia, diretamente, no Index.
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Payroll de maio (em 2/6)
Com a expectativa do “debt ceiling” devidamente resolvida – assim todos esperam – até sexta, uma nova calibragem dos juros para a próxima reunião do Fed virá com os dados de emprego americano (payroll).
“Pelos últimos números de pedidos semanais de seguro desemprego (Jobless Claims) e de pessoas que recebem auxílio (Continuing Claims), o Payroll deve vir positivo novamente, com expectativa de criação de 200 mil vagas”, contextualiza.
CPI de maio (em 13/6)
Enquanto isso, na véspera da próxima decisão do Fed, no dia 14/6, saem os dados do índice de preços ao consumidor americano (Consumer Price Index). “O CPI deve vir mais baixo, mas vamos ver o quanto vai agradar ao mercado – e ao Fed”, pontua Júnior.
Conforme ele, semana passada, o PCE (Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal), “não agradou ao mercado”, levando à um alta do dólar lá fora e, consequentemente, da moeda por aqui.
Decisão do Fed (em 14/6)
Por fim, a grande definição para a moeda deve vir daqui a duas semanas, com a decisão de juros do Fed.
Diante das preocupações em relação às negociações relativas ao aumento do teto da dívida nos EUA, as apostas de uma nova alta de juros saltaram, conforme levantamento do CME Group, de 28% há uma semana, para 64%, neste momento.
“Com essa definição sobre o teto da dívida, a precificação de alta dos juros (para a reunião do dia 14 do Fed) deve diminuir”, diz.
No entanto, ele ressalta que o CPI, no dia anterior, será essencial para essa calibragem: “Se a inflação desacelerar, será que vai ser preciso subir mais os juros?”.
Dólar: Qual deve ser a tendência?
Posto todos estes fatores, qual é a tendência para dólar? Vamos traçar, então, a partir do modelo de análise quantitativa.
Inicialmente, cabe ressaltar que a tendência do Index se inverteu para baixa no longo prazo, segundo o modelo da análise quantitativa.
Isso aconteceu a partir do final de janeiro deste ano [veja na linha pontilhada cinza, no gráfico abaixo – marcado com pincel em amarelo – o momento da reversão], após a divulgação de dados mais fracos de inflação, de dezembro, nos EUA.
Análise quantitativa: gráfico semanal de longo prazo – dollar index (DXY)
Enquanto isso, por aqui, a tendência para dólar comercial frente ao real no longo prazo é de alta.
Conforme o modelo da análise quantitativa, essa tendência se desenhou a partir do final de julho do ano passado [veja linha pontilhada cinza abaixo, no gráfico abaixo – marcado, em amarelo com pincel, o momento da reversão], coincidindo com o início do período eleitoral.
Análise quantitativa: gráfico semanal de longo prazo dólar frente real (comercial)
Essa tendência de alta no longo prazo do dólar comercial, conforme Júnior, pode ser revertida, ajudada por uma redução dos juros nos EUA.
O que acontece com o dólar agora?
Analisando o momento atual do dólar, segundo o modelo da análise quantitativa, tanto o Index quanto o dólar comercial estão há vários dias acima da linha pontilhada azul – que é a concentração de curto prazo [veja nos dois gráficos abaixo]
Análise quantitativa: gráfico Dollar Index (DXY)
Análise quantitativa: gráfico dólar frente real (comercial)
Diante destas sinalizações, Júnior avalia que, se houver uma pausa no movimento de alta dos juros nos EUA, o dólar pode voltar a recuar por aqui. Para ele, o Index se manter na faixa dos 104,5 a 105,5 pontos é “bem factível”.
“Estamos em um ponto bastante interessante, com um limite do dólar comercial em R$ 5,07 e, lá fora, um certo limite em 104,5 do Index”, pontua.
Entretanto, ressalta ele, por mais que o modelo mostre que o real pode continuar se valorizando, caso o Index, eventualmente, continue subindo, o dólar comercial – aqui no Brasil – pode avançar, indo a R$ 5,07, R$ 5,12 ou a R$ 5,20. [veja linha pontilhada verde superior do gráfico imediatamente acima – marcada com pincel amarelo].
“Não acho que seja o mais provável, mas pode acontecer. Se o Fed mudar de ideia [em relação ao que vinha se desenhando, de parada do ciclo de alta dos juros] e dar mais um aumento de juros, isso vai ‘bagunçar’ o dólar”, diz.
Por fim, ele acrescenta que, se o Fed realmente subir os juros, poderia, inclusive, “complicar” a tendência de baixa de médio prazo do dólar frente ao real”. “É difícil, mas é uma possibilidade”, finaliza.
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