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Texto da repórter Leandra Peres no jornal “Valor Econômico” dá mais luz às informações que já circulavam em Brasília e em certas áreas do mundo privado: reeleita, a presidente Dilma Rousseff não alterará substancialmente a política econômica que tem adotado. Fará pequenos ajustes.
O título do artigo diz tudo: “Dilma continuará na Fazenda em 2015”. É sabido que ela sempre teve estrito controle sobre as decisões econômicas, Guido Mantega, Alexandre Tombini e equipes sempre foram executores das idéias da presidente, formada em economia.
Ela já influenciava na segunda fase do governo Lula, desde que assumiu a Casa Civil substituindo José Dirceu. Foi Dilma, por exemplo”, que fulminou com um selo de “rudimentar” a proposta do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sugerida entre outros pelo ex-ministro Delfim Neto, de eliminar totalmente o déficit público em alguns anos – déficit nominal zero.
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Assim, num Dilma II não deverá ocorrer um tarifaço, nem depois da eleição nem em 2015 – as correções das defasagens de tarifas serão escalonadas. A ênfase no consumo e nos incentivos à indústria permanecerá. As concessões de infraestrutura deverão ser aceleradas.
É a segunda vez em uma semana que o nome do secretário Executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Caffarelli, ex-vice presidente do Banco do Brasil, aparece citado como um dos prováveis substitutos de Mantega num segundo governo Dilma.
Na parte política e econômica da entrevista à CNN, levada ao ar ontem, a presidente disse acreditar que o Brasil vai entrar em um novo ciclo econômico. Esse ciclo se basearia na melhoria da competitividade e da produtividade nacional.
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Com relação aos efeitos dos incentivos à indústria, o mesmo “Valor Econômico” traz uma reportagem sobre pesquisa de dois professores da Universidade Federal do Paraná mostrando que a redução do IPI dos automóveis teve um efeito mínimo tanto no PIB quanto no emprego: 0,02% e 0,04% respectivamente, ao ano, de 2010 a 2013.
A perseguição ao superávit
O governo continua, como se diz popularmente, “raspando o tacho” das receitas extraordinárias” para conseguir cumprir a meta de superávit primário de 1,9% do PIB.
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A Medida Provisória editada para legalizar medidas de incentivo acertadas dias atrás entre a presidente e empresas – prorrogação da redução do IPI dos automóveis, volta do Reintegra – alterou também as novas regras do Refis.
As empresas poderão usar créditos tributários com o governo para abater dívidas renegociadas, desde que paguem 30% de “entrada” na hora de fechar o acordo. A “entrada” normal é 5%. Com isso, espera-se arrecadar mais R$ 3 bilhões além dos R$ 12 bi já previstos com a reabertura do Refis.
Ainda nesta linha, informa “O Estado de S. Paulo” que o Tesouro encontrou uma conta de crédito do governo, não registrada no Banco Central, de R$ 4 bilhões, que foi incorporada à receita oficial em maio, reduzindo um déficit primário que seria de R$ 15 bi para pouco mais de R$ 11 bi.
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Seria uma conta de um banco referente à Previdência. Não há detalhes, mas o BC diz que foi tudo normal.
A questão é que, coisas assim, feitas sem divulgação e sem explicações, causam desconfiança de mais uma ação da famosa “contabilidade criativa” do Tesouro.
Vai ter Copa
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O temor presidencial de que o amargor da derrota humilhante para a Alemanha e o conseqüente fim do sonho do hexa possa respingar na campanha reeleitoral está levando a presidente Dilma a uma ofensiva para fazer desse possível limão uma limonada.
A presidente encampou a campanha de reformulação do futebol brasileiro, vai receber os atletas do Bom Senso F.C., uma dissidência de jogadores que já defendia mudanças no esporte e é execrada pelos dirigentes.
Dilma falou do assunto na CNN, falaa hoje em entrevista a Renata Lo Prete (“Jornal das Dez”) na Globonews. O ministro dos Esportes, Aldo Rabelo, foi mais longe: defendeu algum tipo de intervenção do governo no setor, especialmente na CBF.
O governo deve agora apressar, com modificações, a votação da proposta do “Refis” dos clubes de futebol. As regras para a intervenção oficial na bagunça futebolística naciona deve entrar no projeto.
Dilma está inaugurando uma série de entrevistas: já falou à CNN, hoje estará na GloboNews, hoje ainda dá uma coletiva a um grupo de correspondentes internacionais, tem agenda com a rede Al Jazeera.
Goleada no tempo de tv
Fechadas legalmente as alianças eleitorais, ainda com dados preliminares, o TSE calculou o tempo que cada candidato terá no horário eleitoral obrigatório no rádio e na televisão: Dilma terá quase três vezes mais que Aécio e mais de seis vezes que Eduardo Campos.
É uma vantagem considerável para a presidente, ainda mais se considerarmos que ela é bem mais conhecida que seus adversários e que, como presidente da República, apesar das limitações da legislação eleitoral, tem uma exposição extra.
Não há um estudo aprofundado sobre a influência da propaganda eletrônica no voto do eleitor. Calcula-se grosso modo em 40%. Os “foguetinhos” de 30 segundos espalhados por toda a programação têm mais influência que os programas longos de duas vezes ao dia.
Nesses horários, a audiência cai naturalmente e vem caindo mis a cada ano. O eleitor já se desligava naturalmente e agora tem outras opções: a tv fechada, livre da obrigatoriedade, e a Internet, os dois cada vez com maior penetração nos lares brasileiros.
LEITURAS SUGERIDAS
1. Eduardo Ginannetti – “Dilma x Dilma” – “Folha de S. Paulo”
2. Monica Baumgarten de Bolle – “O abismo e a luneta” – “O Estado de S. Paulo”
3. Entrevista – “Trabuco: ‘O Brasil tem de mostrar capacidade de entrega” – “O Estado de S. Paulo”
4. Editorial – “Desvios na Abreu e Lima parecem inesgotáveis” – “O Globo”
5. Paulo Nogueira Batista Jr. – “Fracasso não se cultiva” – “O Globo”
6. Miriam Leitão – “Elétricas em apuros” – “O Globo”
7. Leandra Peres – “Dilma continuará na Fazenda em 2015” – “Valor Econômico”
8. Reportagem: “Aécio Neves apostará nas urnas de São Paulo e do Nordeste para derrotar Dilma” – “El Pais” (edição eletrônica em português)
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