Pré-sal, investimento, lucro: Petrobras comenta pontos importantes de resultado

Em teleconferência realizada nesta manhã, diretoria comentou também impactos do câmbio e expôs projeções para o futuro

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SÃO PAULO – Grande investidor ou não, todo brasileiro se atenta quando vê no noticiário a divulgação do desempenho da Petrobras (PETR3, PETR4). Mas aqueles que operam no mercado costumam dedicar atenção ainda maior aos resultados da petrolífera que, afinal, é a maior companhia em valor de mercado do País.

Na última sexta-feira, a estatal anunciou detalhes de sua performance registrada no terceiro trimestre deste ano, período no qual somou um lucro líquido de R$ 7,3 bilhões, 26% inferior ao contabilizado no mesmo período de 2008 mas em linha com o esperado pelos analistas.

Desta forma, a reação dos mercados foi quase nula: os papéis preferenciais da empresa encerraram o pregão da última segunda-feira com leve valorização, ainda que um pouco abaixo à da registrada pelo Ibovespa. Mas passado este primeiro momento de reação, vale a pena olhar mais de perto os números apresentados pela companhia.

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Neste sentido, a diretoria da Petrobras realizou na manhã desta terça-feira (17) uma teleconferência junto a acionistas, analistas e mídia a fim de apresentar suas considerações sobre as cifras reportadas. Muitos foram os pontos abordados, mas a visão da empresa sobre seu desempenho é uma só: “nossos resultados foram muito bons”, disse Almir Guilherme Barbassa, diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras.

Produção

A primeira parte da teleconferência realizada trouxe as considerações de Barbassa e outros membros da diretoria da Petrobras sobre o desempenho operacional da empresa, isto é, dados referentes à produção, preços, vendas e – grande interesse de todos – à evolução das perspectivas sobre os poços no pré-sal.

A começar pela produção, as perspectivas da diretoria da Petrobras são otimistas. “Mantivemos nossa produção total de petróleo, LGN e gás natural acima de 2,5 mil barris diários, e a tendência é de continuado crescimento”, afirmou Barbossa – LGN sendo a sigla para líquido de gás natural.

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De fato, analistas já haviam elogiado tais dados. No plano doméstico, a produção da Petrobras foi favorecida pelo aumento na produção de plataformas já existentes e pela estreia de novas plataformas, como a P-51 Marlim Sul, a P-53 Marlim Leste e a FPSO – Cidade de Niterói. “O pico de tais plataformas deverá ser atingido somente no segundo semestre de 2010”, afirmou Barbassa.

Em contrapartida, a produção doméstica de gás apresentou leve decréscimo no terceiro trimestre deste ano. Mas segundo a diretoria da estatal, tal trajetória não se deu por falhas operacionais, mas sim a um ajuste frente à menor demanda. “Com a recuperação econômica, temos capacidade de produzir mais”, explicou Barbassa.

Expectativas para o pré-sal

Um dos pontos altos na teleconferência da Petrobras foi – e não poderia deixar de ser diferente – as projeções da companhia para a expansão dos planos de exploração da camada pré-sal da Bacia de Santos. “Atualmente, temos quatro sondas em operações de perfuração, além de três outras unidades realizando testes de formação nos poços de Iara, Iracema e Tupi Nordeste”, expôs a diretoria da empresa.

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A expectativa da estatal é de expansão das atividades na região, com a chegada de três novas sondas até o primeiro semestre do ano que vem. Além disso, licitações para a contratação de oito cascos e para o afretamento de uma FPSO no Campo de Guará também já estão em andamento.

Indagado sobre o escoamento do gás a ser explorado no Campo de Tupi, Barbassa afirmou que um gasoduto já está sendo construído pela Petrobras. O projeto, com 248 km de extensão, deverá ser inaugurado no primeiro semestre de 2010 e levará o gás extraído de Tupi à Plataforma de Mexilhão, em Niterói.

Diferencial e balança comercial

Um ponto quase onipresente na avaliação dos analistas, o diferencial dos preços entre o petróleo da Petrobras e o óleo tipo Brent também foi abordado pela diretoria da empresa. O preço do Brent subiu de US$ 58,79 para US$ 68,28 por barril no segundo trimestre do ano. No entanto, o preço de venda do óleo doméstico subiu de US$ 48,68 para US$ 64,00 o barril, deixando o desconto entre os dois a um nível historicamente baixo de US$ 4,28.

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“Como somos grandes exportadores de óleo pesado e importadores óleo leve, esse movimento acabou proporcionando um aumento de margens para a companhia”, ponderou Barbassa. Outro ponto operacional abordado foi o desempenho das vendas. “Desde o primeiro trimestre, estamos recuperando volumes e retornando a índices do ano passado, acompanhando a evolução da economia”, afirmou a diretoria.

Assim como sua produção, as vendas de gás natural também não acompanharam a evolução registrada por outros produtos como a gasolina e o diesel, o que na visão da Petrobras, também é reflexo da menor demanda para geração termoelétrica.

De qualquer forma, o saldo final no que concerne ao setor de vendas é positivo. A Petrobras encerrou o terceiro trimestre com uma balança comercial positiva em 152 mil barris por dia. O resultado é ainda mais expressivo no volume financeiro, que passou de um déficit de US$ 1,81 bilhão no terceiro trimestre do ano passado para US$ 1,79 bilhão no mesmo período deste ano.

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Analisando o lucro

Esmiuçados os aspectos operacionais, a teleconferência da Petrobras trouxe também explicações sobre o desempenho trimestral financeiro da empresa. “Em função da menor valorização da taxa de câmbio, obtivemos um melhor resultado financeiro”, afirmou a companhia.

De fato, o câmbio é um elemento-chave na análise das cifras da empresa. Isto porque, com a trajetória de queda da moeda norte-americana frente ao real, o empréstimo de R$ 25 bilhões obtido junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) teve impacto significativamente menor sobre o desempenho da Petrobras, cujo diretor explica: “embora o contrato seja em reais, ele é vinculado à variação do dólar, portanto, funciona como se fosse um financiamento em dólar”.

Ainda no que se refere à evolução do lucro operacional e financeiro da petrolífera, cabe destacar o expressivo aumento nas despesas operacionais, tendo em vista a provisão extraordinária de R$ 20,5 bilhões dado o acordo realizado com a ANP (Agência Nacional de Petróleo) referente a participação especial no Campo de Marlim.

Investimentos

Planos ambiciosos requerem grandes investimentos, e a Petrobras sabe disso. Dos nove primeiros meses de 2008 para igual período deste ano, a estatal ampliou seus investimentos de R$ 34,1 bilhões para R$ 50,7 bilhões, notadamente no segmento de exploração e produção, que angariou 46% do total investido. Outro setor que também recebeu uma fatia maior de recursos foi o de abastecimento.

Segundo Almir Barbassa, “o incremento em nossos investimentos deve-se à forte geração de fluxo de caixa”. Enquanto que de janeiro a setembro de 2008 a Petrobras acumulou um caixa final de R$ 10,77 bilhões, no mesmo período deste ano, o montante quase que triplicou para R$ 30,08 bilhões. “Isto tudo vem acompanhado de uma redução no endividamento de curto prazo, mantendo nossa robustez financeira”, afirmou Barbassa.

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