Portugal analisa vendas de dívida para atender dois terços das necessidades de 2015

Mês passado ocorreu o primeiro leilão de títulos desde que solicitou o resgate de 78 bilhões de euros à UE e ao FMI, em 2011

Bloomberg

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Portugal está analisando a possibilidade de vender títulos através dos bancos e de leilões porque busca arrecadar financiamento para cobrir “cerca de dois terços” de suas necessidades de financiamento de 2015 até o fim do ano, disse a secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco.

“Nesta altura, a melhor coisa é ter certeza de que podemos manter o programa regular de leilões, que nos dá regularidade natural e flexibilidade e, quando possível e sempre que encontrarmos uma oportunidade de mercado, também é importante criar novas referências, sobretudo no longo prazo”, disse Castelo Branco ontem, em entrevista de Nova York. “Queremos estar no mercado de modo natural e regular”.

No dia 17 de maio, Portugal seguiu o exemplo da Irlanda ao sair do programa de resgate de três anos sem a rede de segurança de uma linha de crédito preventiva. O governo anunciou a decisão de sair do resgate no dia 4 de maio, depois de o país ter realizado no mês passado seu primeiro leilão de títulos desde que solicitou o resgate de 78 bilhões de euros (US$ 107 bilhões) à União Europeia e ao FMI, em 2011.

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O país ainda não decidiu se realizará um segundo leilão de títulos no segundo trimestre, disse Castelo Branco. Emitir dívida em dólares é “sempre uma possibilidade”, disse ela. “Uma das coisas que estamos tentando fazer é diversificar nossa base de investidores e diversificar os instrumentos que temos disponíveis para essa base de investidores”.

Almofada financeira
Portugal construiu uma “almofada financeira” antes do fim do programa de ajuda. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) disse numa apresentação do dia 2 de abril que finalizou 2013 com o que chamou de uma situação financeira da tesouraria de 15,3 bilhões de euros. O país arrecadou 6,25 bilhões de euros com a venda de títulos através dos bancos neste ano.

“A almofada financeira é algo em que trabalhamos continuamente, não tem uma dimensão pré-definida”, disse Castelo Branco. O país tem um ano de necessidades de financiamento cobertas pela almofada financeira, disse. A decisão sobre a quantidade de financiamento arrecadada para 2015 terá em conta as oportunidades de mercado e as necessidades exatas de financiamento, de acordo com Castelo Branco.

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Os custos de tomar empréstimos de Portugal caíram desde o início de 2012, ajudados por sinais de recuperação econômica e por um rali do mercado estimulado pela promessa do Banco Central Europeu de fazer tudo o que for necessário para defender o euro. O rendimento de títulos com vencimento em 10 anos caiu para apenas 3,44% em 9 de maio, o menor desde 2006, depois de chegar a mais de 18% em janeiro de 2012.

Picos de rendimento
O rendimento subiu para 3,86% ontem. Portugal, que paga juros de aproximadamente 3% sobre os empréstimos do seu resgate, está classificado abaixo do grau de investimento pela Moody’s Investors Service, pela Standard Poor’s e pela Fitch Ratings.

Embora Portugal tenha emergido de sua recessão mais longa em pelo menos 25 anos no segundo semestre de 2013, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho ainda precisa reduzir os gastos para atender às metas do déficit orçamentário. O governo visa que o déficit encolha para 4% do PIB em 2014, frente a 4,9% em 2013, quando a dívida chegou a 129% do PIB.

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“Temos as condições ideais para emitir com regularidade e ter uma liquidez normal”, disse Castelo Branco, que foi tesoureira do credor português Banco BPI SA antes de entrar no governo, em setembro. “O mercado nos apoiará quando perceber como estamos nos desempenhando”.

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