Por que as ações da Gafisa (GFSA3) subiram 30% ontem e o que esperar para os papéis?

Movimento de ontem ocorreu em meio às especulações sobre elevação de fatia de Nelson Tanure na companhia

Camille Bocanegra

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A sessão da última quinta-feira (19) foi especialmente movimentada para as ações da Gafisa (GFSA3), que saltaram 29,86%, a R$ 4,61. Os papéis chegaram a atingir a máxima de 36%, a R$ 4,83. Apesar de extremo, o movimento não é tão estranho para a construtora, uma vez que. no início do ano, as ações chegaram a subir 400% em seis pregões.

Nesta sexta-feira (20), por sua vez, apesar de registrar volatilidade, entre leves perdas e ganhos, os ativos registram uma sessão mais tranquila: às 11h45 (horário de Brasília), a baixa era de 1,52%, a R$ 4,54.

De acordo com a Nord Research, a movimentação do início de 2023 foi explicada pelo chamado “short squeeze”.

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“O short squeeze acontece quando os investidores que estão vendidos em uma posição são obrigados a zerá-la devido a uma forte pressão compradora, o que faz com que as ações disparem na bolsa. Isso aconteceu com Gafisa recentemente e se tornou notório com os papéis da americana GameStop em 2021″, explica Victor Bueno, analista da Nord Research.

O movimento de ontem, no entanto, não caracteriza essa prática, de acordo com Bueno.

Em sua visão, o volume financeiro negociado ontem, ainda que superior ao registrado normalmente pela empresa, não se compara ao presente em janeiro. Bueno retoma outro momento de alta das ações da Gafisa, comentando que, em junho, os papéis também subiram 33% mas devolveram os ganhos em poucas sessões.

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Na sessão da véspera, foram os rumores de uma injeção de capital na companhia que movimentaram as ações, em meio a especulações de que Nelson Tanure, investidor conhecido especialmente por apostar em empresas em fase de reestruturação, teria elevado de forma significativa sua posição na Gafisa. Ontem, os ativos tiveram três leilões por oscilação máxima permitida.

O investidor é, também, acionista de referência da construtora e agiu de forma similar com a que hoje é a PRIO (PRIO3).

“Vale lembrar que, antes da PRIO se tornar o sucesso que é hoje, ela passou por alguns anos de recuperação operacional e financeira após Tanure assumir a HRT em 2013 — que depois viraria PetroRio e, hoje, PRIO”, comenta Bueno.

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Questionada pela CVM, a Gafisa informou que não tem conhecimento de nada que pudesse justificar o movimento de ontem.

“Fique fora de Gafisa”

Mesmo com as movimentações com altas impressionantes, a companhia amarga queda de 90% desde 2021 e, segundo a análise da Nord, precisaria subir 900% para se recuperar dessa baixa. O analista considera que a queda é seria causada por resultados insatisfatórios entregados aos acionistas.

Entre os números da construtora, está o prejuízo de R$ 200 milhões nos últimos 12 meses.

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“Além do cenário altamente desafiador para o setor no país, com os juros elevados impactando o consumo da população e os custos da construção pressionando as margens das empresas, a Gafisa vem sofrendo com alguns problemas operacionais e outros relacionados à sua gestão, e ainda possui um endividamento muito alto”, explica Bueno.

O analista considera que a empresa não tem perspectivas positivas de longo prazo e que, mesmo considerada barata negociando a múltiplos de 0,16 vez o valor patrimonial, não há oportunidade ao investir na Gafisa.

O nome preferido da Nord Research no setor é MRV (MRVE3), recomendada para compra, mesmo considerando a reação negativa dessa semana à divulgação da prévia operacional do terceiro trimestre.

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Para a casa de análise, o nome oferece diversificação operacional, além de estar bem posicionado para se beneficiar do ciclo de queda de juros e as melhorias do programa Minha Casa Minha Vida.

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