PIB seria 1,6% menor com racionamento de energia, diz Barclays

Além disso, possibilidade de racionamento pode mudar o quadro eleitoral de forma inesperada, apontam economistas do banco

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Um racionamento de energia nos moldes do ano de 2001, o resultado seria um efeito negativo de até 1,6 ponto percentual no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), de acordo com o banco Barclays. E isso deve ter consequências no campo eleitoral, conforme ressalta a equipe de economistas do banco chefiada por Bruno Rovai e Marcelo Salomon. 

O racionamento não faz parte de seu cenário base para o Brasil em 2014. Porém, os reservatórios de água estão de novo muito baixos, o que ameaça sobre o governo um espectro de nova redução de consumo de energia. 

Os economistas do Barclays destacam que em 2001, com o racionamento ocorrido durante o governo Fernando Henrique Cardoso, o Brasil teve que realizar a adoção de um programa de racionamento para reduzir a energia em 20% e de 15% a 25% do lado das indústrias. E, naquele período, o avanço do PIB real registrou um forte recuo para 1,3%. Em 2000, a expansão do PIB foi de 4,3%. O PIB da indústria foi o mais atingido, passando de alta de 4,8% em 2000 para retração de 0,6%.

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E, conforme a economia declinava, a aprovação do governo FHC também sofreu um baque, passando de 46% em março para 30% em junho de 2001. 

O Barclays estimou ainda, com base em dados oficiais de 2009, o custo em termos de PIB para um corte no suprimento de energia de 10% e 20%, podendo ter um impacto negativo na economia entre 0,8 e 1,6 ponto percentual. No cenário apontado pelo relatório do banco, os setores de mineração e manufatura seriam os mais atingidos. E isso é um efeito bastante forte, avaliam os economistas, dada a já fraca expectativa de crescimento do PIB, de 1,9% na expectativa do Barclays.

“Nosso cenário-base é que não será anunciado nenhum racionamento de energia, mas se a chuva não vier, o quadro pode mudar muito rapidamente. Além disso, como foi em 2001, o panorama eleitoral também pode se mover de forma inesperada”, afirmam os economistas.

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Os setores afetados pelo racionamento de energia:

Setor Peso no PIB Dependência da energia
no total da produção (%) 
Cenário 1
(10% de corte de energia) 
Cenário 2
(20% de corte de energia) 
Energia e Saneamento  2%  20,3%  -0,3%  -0,59%
Mineração  3,5%  2,2%  -0,02%  -0,04%
Manufatura  11,1%  2%  -0,26%  -0,53%
Outros serviços   13,4%  2%  -0,13%  -0,26%
Administração pública  15%  1,8%  0%  0%
Comércio   10,8%  1,7%  0%  0%
Serviços de informação  2,2%  1,1%  -0,01%  -0,01%
Transporte   4,5%  1,1%  -0,02%  -0,04%
Serviços financeiros  5,9%  0,6%  -0,02%  -0,04%
Agricultura  4,8%  0,5%  -0,01%  -0,02%
 Construção  4,6%  0,2%  0%  0%
Imobiliárias  7%  0,1%  -0,01%  -0,02%
 Efeito do PIB      -0,8%  -1,6%

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.