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A Petrobras (PETR4) divulga seu resultado do segundo trimestre de 2023 nesta quinta-feira (3), após o fechamento do mercado. Parte do resultado já está endereçada, com a companhia tendo publicado sua prévia operacional na última semana, e investidores devem, mais uma vez, ficar atentos aos dividendos – mas dessa vez outras questões entraram no radar.
Entre abril e junho, a estatal brasileira registrou uma produção total, em média, de óleo, LGN e gás natural no segundo trimestre de 2023 de 2,64 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), uma redução de 0,6% em relação à produção do mesmo período do ano passado e de 1,5% abaixo da produção do primeiro deste ano. Só de petróleo foram 2,1 milhões de barris.
Com o preço do petróleo recuando e o real se fortalecendo na comparação trimestral, é esperado que a Petrobras reporte menores receita líquida, Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) e lucro líquido. De uma média de US$ 88,74 em todos os fechamentos do primeiro trimestre, o barril, no segundo, ficou nos US$ 76,84. No caso do dólar, na mesma medida, a moeda americana saiu de uma média de R$ 5,15 para R$ 4,84.
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No entanto, a percepção dos analistas é que a companhia ainda deve divulgar um resultado forte, com produção sólida e preços ainda acima das médias históricas, apesar da queda recente.
De acordo com a Refinitiv, a projeção do mercado para a receita é de R$ 115,2 bilhões, ante R$ 139 bilhões no primeiro trimestre. Para o Ebitda, o consenso fica em R$ 60,3 bilhões, contra R$ 74,5 bilhões, e para o lucro líquido, em R$ 27,3 bilhões, ante R$ 38,1 bilhões.
Proventos são destaques da Petrobras
Com o resultado já endereçado, investidores aguardam o primeiro anúncio de dividendos sob a nova política, anunciada no fim da semana passada.
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A diretoria da estatal anunciou que devolverá até 45% do seu fluxo de caixa livre para os seus acionistas – permitindo também a recompra de ações. Fora isso, o capex, que é descontado do fluxo de caixa para chegar ao fluxo de caixa livre, agora também pode contar com descontos de fusões e aquisições.
Para o JPMorgan, apesar da flexibilização dos dividendos na nova política, a redução – que já era esperada pelo mercado – foi modesta e corrobora uma visão positiva sobre a remuneração dos acionistas. “Os dividendos continuam baseados em FCF e trimestrais, que consideramos serem dois aspectos muito importantes da política que foram mantidos. Acreditamos que isso provavelmente será visto de forma positiva pelos investidores”, aponta o banco americano.
Já na visão do Morgan Stanley, as ações implicam ainda em distribuições robustas. Com 45% de FCF, a Petrobras deve ter uma política competitiva que ainda pode resultar em rendimentos atraentes.
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“A fórmula básica do FCF ficou praticamente inalterada, com as aquisições de ativos sendo agora consideradas. Alguns investidores temiam que a nova fórmula deduziria o pagamento de aluguéis e despesas financeiras, o que reduziria a base de distribuição em cerca de US$ 6,5 bilhões, enquanto deduzirá as atividades de investimento ligadas à aquisição de ativos (por exemplo, no caso de a PBR adquirir um parque eólico existente)”, destaca o Morgan.
Sobre as recompras, o Morgan espera que sejam pequenas no contexto das distribuições totais, dadas as janelas limitadas para a empresa executá-las.
O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), na véspera, declarou que a estatal pode pagar até R$ 21 bilhões em proventos no segundo trimestre.
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Especificamente para os dividendos referentes aos resultados do 2T23, a XP passou a estimar um valor de US$ 2,8 bilhões (cerca de R$ 1 por ação ou cerca de 3,5% de dividend yield, ou valor do dividendo sobre o preço da ação, para PETR4).
O Credit Suisse, por sua vez, apontou que com a nova política, os dividendos devem totalizar US$ 2,5 bilhões (yield de 2,8%).
De olho no refino
Especialistas, por fim, destacam que a petroleira aumentou o grau de utilização das suas refinarias em oito pontos percentuais trimestralmente, para 93%.
O Bradesco BBI, na ocasião, ressaltou que o aumento da taxa de utilização da refinaria da Petrobras ainda não resultou em vendas significativamente maiores da empresa, mas pode indicar que a Petrobras está tomando as medidas necessárias para aumentar sua participação no mercado nas vendas domésticas de combustíveis.
O volume de vendas de derivados aumentou 1,5% sequencialmente, para 1,7 milhão de barris por dia, principalmente por conta da gasolina, em razão da maior competitividade, e do GLP, pela sazonalidade de consumo.
O banco também menciona que as importações de gasolina foram maiores, o que pode levar a perdas com os gastos da operação (com transporte trazendo combustível de fora, por exemplo) – algo a se monitorar, embora este não deva ser o caso uma vez que os preços estiveram em linha com a paridade de importação em média durante o período.
O Goldman Sachs nota que a Petrobras teve sua produção de diesel, de 721 mil barris por dia, se igualando exatamente às vendas. No entanto, a estatal ainda importou 93 mil barris por dia, o que pode indicar um aumento de estoque.
“Isso, por sua vez, poderia potencialmente se traduzir em vendas a preços mais baixos, já que o mercado possivelmente está super ofertado. Nesse contexto, notamos que as notícias recentes já apontam que a Petrobras está realizando leilões de diesel para liberar capacidade, vendendo no processo volumes de diesel abaixo do que cobra oficialmente dos distribuidores”, comenta o banco americano.
“Com visibilidade sobre a rentabilidade atual do negócio de refino ainda baixo, acreditamos que as margens do segmento serão um dos principais focos do mercado, possivelmente proporcionando uma melhor avaliação da gestão quanto ao crescimento da quota de mercado”, falaram os analistas do BTG Pactual.
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