Petrobras (PETR4): como a decisão russa de proibir exportação de diesel deve pressionar a estatal, segundo analistas

A Rússia se tornou neste ano o principal fornecedor estrangeiro de diesel para o mercado brasileiro,

Reuters

(Rodrigo Soldon/Flickr)
(Rodrigo Soldon/Flickr)

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RIO DE JANEIRO (Reuters) – A decisão da Rússia desta quinta-feira de proibir temporariamente as exportações de diesel em meio a uma escassez interna deverá impactar o mercado brasileiro e pressionar a Petrobras (PETR4) por reajustes nas refinarias, disseram especialistas à Reuters.

No caso de o produto da Rússia ficar escasso também no Brasil, a necessidade de importações de outras origens seria maior. Mas tais compras externas por importadores demandam uma conjuntura de preços mais altos da Petrobras, já que o diesel da estatal atualmente tem uma defasagem em relação ao mercado global, segundo analistas.

A Rússia se tornou neste ano o principal fornecedor estrangeiro de diesel para o mercado brasileiro, tomando a posição dos norte-americanos ao ofertar o combustível com desconto em relação a outras origens, enquanto enfrenta sanções dos países do G7 aos derivados produzidos no país por conta da guerra da Ucrânia.

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Somente em agosto, o diesel russo foi responsável por mais de 70% do volume importado pelo Brasil, que importa entre 25% e 30% de sua necessidade desse combustível.

“A partir do momento em que a grande fonte supridora acaba sendo reduzida na marra, a tendência é que o mercado responda como uma sinalização de restrição”, disse o sócio-diretor da Raion Consultoria, Eduardo Oliveira de Melo.

O especialista destacou ainda que o diesel dos EUA, que tradicionalmente era o maior fornecedor externo do Brasil, está atualmente com valores 50 centavos de real por litro mais altos do que a média praticada pela Petrobras, principal fornecedora do Brasil, na venda a distribuidoras.

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“O mercado já está reagindo, o preço do diesel subindo… a expectativa é que amanhã (sexta-feira) tenha reflexo no PPI (Preço de Paridade de Importação) da ordem de 5%”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sergio Araújo.

Com menor oferta do diesel russo, o produto importado deve ficar mais caro no Brasil.

Isso em um contexto em que defasagem de preços do diesel importado em relação ao da Petrobras é de 14%, nas contas da Abicom.

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“Isso sem dúvida pressiona também a Petrobras, mas vamos aguardar, vamos ver como é que fica”, acrescentou Araujo, lembrando que importadores têm dificuldades de fazer compras externas com tal defasagem de preços, enquanto o Brasil depende do combustível importado para atender boa parte de suas necessidades.

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Pedro Rodrigues, concorda.

“A restrição anunciada pela Rússia, sem dúvida, afeta o Brasil… Com a restrição, a saída vai ser o mercado internacional, portanto a defasagem deve aumentar e a importação diminuir, pressionado a Petrobras”, disse Rodrigues.

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Mas a Rússia não deu detalhes sobre tal restrição. Especialistas apontaram que será preciso aguardar os próximos dias para haver maior clareza sobre os desdobramentos.

A Rússia já reduziu suas exportações marítimas de diesel e gasóleo em quase 30%, para cerca de 1,7 milhão de toneladas, nos primeiros 20 dias de setembro ante o mesmo período de agosto, uma vez que as refinarias locais entraram em manutenção sazonal e o mercado doméstico enfrenta uma escassez de combustível e preços em alta, disseram operadores e dados do LSEG.

“A situação, se confirmada e mantida, aponta para um cenário de complexidade e volatilidade para o mercado brasileiro de diesel. A Rússia se tornou o principal fornecedor de diesel para o Brasil… isso terá implicações significativas para o país, dada a dependência de 30% do Brasil em relação ao abastecimento externo do produto”, disse o ex-diretor da ANP Aurélio Amaral.

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Para o ex-presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, a medida russa “pode ter um impacto bastante negativo”, pois a Petrobras teria que importar mais diesel, caso mantida a política atual de preços.

“Ou seja, está política de não acompanhar o PPI distorce o mercado e pode trazer desafios importantes para o abastecimento”, disse Coelho.

Com a nova gestão, a Petrobras abandonou a chamada política do PPI e anunciou uma nova estratégia que promete praticar valores mais favoráveis para ela e para seus clientes, ao mesmo tempo em que evita volatilidades externas aos consumidores, sem se desgarrar da referência do mercado global.

Procurada, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente.

Os preços do petróleo operavam em alta nesta quinta-feira, com o mercado considerando o impacto da decisão russa. Por volta das 14h (horário de Brasília), o barril do Brent subia 0,15%, para 93,67 dólares.

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