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O Ministério de Minas e Energia (MME) informou por meio de comunicado na noite desta segunda-feira (28) que consolidou a relação dos indicados pelo acionista controlador para composição do Conselho de Administração da Petrobras (PETR3;PETR4).
Adicionalmente, oficializou a indicação de Adriano Pires para o exercício da presidência da Petrobras, no lugar do general da reserva Joaquim Silva e Luna. As mudanças passam a fazer efeito a partir da confirmação dos nomes na Assembleia Geral Ordinária, que ocorrerá em 13 de abril de 2022.
“O Governo renova o seu compromisso de respeito a sólida governança da Petrobras, mantendo a observância dos preceitos normativos e legais que regem a Empresa”, destacou a nota do MME.
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Quem é Adriano Pires?
Adriano José Pires Rodrigues é graduado em Economia, Doutorado em Economia Industrial pela Universidade de Paris XIII, Mestrado em Planejamento Energético. É Diretor-Fundador do Centro Brasileiro de InfraEstrutura – CBIE, coordenando projetos e estudos para a indústria de gás natural, a política nacional de combustíveis, o mercado de derivados de petróleo e gás natural.
Foi Professor Adjunto do Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ, exercendo as funções de pesquisador e consultor junto a empresas e entidades internacionais – UNESCO, CEE, BIRD -, Agência Nacional de Energia Elétrica, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e Unicamp.
Atuou como Assessor do Diretor-Geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, além de ter exercido os cargos de Superintendente de Abastecimento, de Importação e Exportação de Petróleo, seus Derivados e Gás Natural.
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Na avaliação do mercado, o nome de Pires pode neutralizar o impacto negativo de uma troca no comando da Petrobras, já que seu nome é bastante conhecido no setor, com atuação de mais de 30 anos na área.
Leia mais:
• O que Adriano Pires pensa sobre combustíveis – e o que esperar dele à frente da estatal
Reajuste de preços
Em coluna para o InfoMoney publicada no último dia 13 de março, Pires destacou que a Petrobras errou em ficar tanto tempo sem reajustar os preços, criando defasagens muito elevadas em relação ao mercado internacional, alertando também para o risco crescente de desabastecimento.
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Assim, saudou o aumento de preços e a autonomia da Petrobras na determinação da sua política, além de projetos de lei aprovados no Congresso para diminuir o impacto da alta das cotações para o consumidor.
No linkedin, nesta noite, ele publicou a seguinte mensagem: “Quando o ex-presidente Roberto Castelo Branco foi substituído pelo General, a grande maioria dos analistas e jornalistas apostava que o General controlaria os preços, mas, pelo contrário, a política de paridade de importação foi mantida.”
E acrescentou Pires: “Acho que o risco de intervenção na Petrobras antes das eleições é muito baixo por duas razões. A primeira é que a regulamentação e o compliance da empresa após a Lava Jato dificultam muito que tanto a diretoria quanto o Conselho de Administração tomem ações que possam prejudicar os acionistas. Segundo, se o presidente Bolsonaro interviesse na empresa, seria acusado de fazer a mesma política que Lula.”
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Saída de Luna
Na reta final do pregão, os investidores foram pegos de surpresa com a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro decidiu que o general da reserva Joaquim Silva e Luna não deverá continuar na presidência-executiva da Petrobras (PETR3;PETR4).
A notícia foi divulgada primeiro pela coluna Radar, na edição online da Veja, às 16h40 (horário de Brasília) desta segunda-feira (28), e chegou a impactar as ações da estatal, que já estavam em queda por conta do dia de baixa do petróleo.
Na mínima do dia, os papéis PETR4 chegaram a cair 4,09%, a R$ 30,98; contudo, nos minutos seguintes, as ações se recuperaram, ainda que fechando em queda de 2,17%, a R$ 31,60.
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Falas de Bolsonaro
O movimento ocorre após o presidente Bolsonaro expressar descontentamento com uma forte alta dos combustíveis anunciada pela Petrobras no início deste mês, de cerca de 25% no preço do diesel e do valor da gasolina em quase 19%, na esteira dos ganhos do petróleo no mercado internacional. A atuação da estatal e de Silva e Luna com o reajuste, inclusive, já tinha elevado os temores de interferência na companhia.
Questionado em meados deste mês, Bolsonaro afirmou que existia a “possibilidade” de substituição do atual presidente da Petrobras.
Repercussão
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, lembra que essas notícias sobre a saída de Silva e Luna são divulgadas um pouco mais de um ano após a entrada dele na companhia, que já havia ingressado em um momento conturbado.
Em fevereiro do ano passado, quando o presidente Jair Bolsonaro optou por retirar o então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, do cargo, também por conta da alta dos preços dos combustíveis da época, a ação caiu mais de 20% em apenas uma sessão, enquanto o Ibovespa recuou mais de 5%.
O nome de Silva e Luna foi, à primeira vista, observado com desconfiança pelos investidores. Militar de carreira, atuou como ministro da Defesa em 2018 e foi o primeiro militar a comandar a Petrobras desde a década de 80.
Nervosismo
Contudo, muitos nomes próximos a ele afirmaram que o nervosismo do mercado seria exagerado, já que ele possuía um histórico de cortes agressivos de custos, algo não muito diferente de seu antecessor.
Em seu discurso de posse, em 20 de abril do ano passado, Silva e Luna adotou um tom conciliador, o que impulsionou as ações. Na gestão Luna, a Petrobras buscou seguir a sua política de paridade de preços de combustíveis, mas evitando repassar volatilidades do mercado de petróleo imediatamente.
Os analistas voltaram, aos poucos, a ficar mais confiantes com a companhia, mesmo que destacando o risco político no radar, ainda mais em meio à proximidade das eleições de outubro.
Disparada do petróleo
As fontes de pressão, contudo, foram se avolumando nos primeiros meses de 2022 em meio à alta dos preços do petróleo, intensificada com a invasão da Ucrânia pela Rússia, que fez o preço do brent subir mais de 20% apenas no primeiro mês do conflito, iniciado em 24 de fevereiro.
A Petrobras anunciou um reajuste em um cenário já de forte alta da inflação, gerando descontentamento no meio político e levando a uma “fritura” de Silva e Luna no governo e na estatal.
Para Cruz, da RB, alguns pontos podem ser ponderados ao falar da reação mais branda da ação hoje frente fevereiro de 2020, com a última troca, uma vez que vê um conselho de administração mais ativo e o acionista mais protegido, sendo que o CEO da estatal tem menos poder de interferência na companhia.
Além disso, em um mês de guerra na Ucrânia, na contramão das petrolíferas, os papéis ON da Petrobras recuaram 6,14%, enquanto os PN da estatal caíram 7,6%, já refletindo a percepção de maior interferência política.
Na mesma linha, a corretora Ativa destaca que, “embora a decisão seja igual à tomada um ano atrás, quando o Executivo decidiu não reconduzir Castello Branco e indicar o General Silva e Luna à presidência da Petrobras, os desdobramentos do fato para as ações hoje se deram de forma bem mais contida”, o que aconteceu “pela hora na qual a notícia foi divulgada e pelo mercado já trabalhar há semanas com a possibilidade de a mudança ser executada”.
Conselho da Petrobras
O Ministério de Minas e Energia (MME) informou ainda as indicações para a composição do conselho de administração, com os seguintes nomes, além de Adriano Pires, são:
- Luiz Rodolfo Landim Machado (presidente);
- Sonia Julia Sulzbeck Villalobos;
- Luiz Henrique Caroli;
- Ruy Flaks Schneider;
- Márcio Andrade Weber;
- Eduardo Karrer;
- Carlos Eduardo Lessa Brandão.
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