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Na quinta-feira (9), um forte temor em relação à saúde financeira das instituições financeiras norte-americanas surgiu após a notícia de que o SVB Financial Group estaria buscando vender US$ 2,25 bilhões em ações, em meio a um risco de descapitalização, com diversos desdobramentos que se estenderam nesta sexta. Para a consultoria Gavekal, o medo é justificado e o problema no banco em questão, provavelmente, foi só o primeiro de muitos.
“A questão para os investidores é se a liquidação foi ocasional, desencadeada por problemas exclusivos do SVB, ou se foi um sinal de fraquezas mais amplas no setor bancário dos EUA”, diz um relatório da casa de research, uma das maiores do mundo. “Infelizmente, provavelmente esse não foi o último caso. O SVB provavelmente não é um caso isolado, mas sim o primeiro de um batalhão que ainda estava por vir”.
Os analistas Tan Kei Xian e Will Denyer, que assinam o documento, mencionam que os lucros dos bancos americanos estão caindo por conta da deterioração dos ativos e da desaceleração dos empréstimos. A alta dos juros pelo Federal Reserve, para conter a inflação, aumenta a inadimplência (e decorrentemente as provisões) ao mesmo tempo em que diminui a tomada de crédito.
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A conjuntura pesa na receita dos empréstimos dos bancos e é um problema maior para bancos menores por mais de um motivo.
Primeiramente, esses bancos dependem mais de suas carteiras de empréstimos, enquanto bancos grandes têm maior participação do varejo e do braço de investimentos em suas receitas. Em segundo lugar, a alta dos juros e o aperto quantitativo do Fed (que está recomprando títulos d0 tesouro) impacta a reserva dessas instituições menores, com títulos do tesouro antigos (e com taxas menores) menos valorizados frente às novas emissões (com taxas maiores), bem como a receita desses bancos.
“Isso não significa apenas que os pequenos bancos perderam uma fonte de receita, também sugere que eles podem sofrer um aperto de liquidez desagradável caso os bancos maiores duvidem de sua estabilidade e não estejam dispostos a emprestar-lhes reservas”, explicam os analistas.
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Por fim, há também uma pressão pela elevação das taxas de depósitos cobradas pelos bancos, o que prejudica lucros, com o spread entre a fed funds e essas no maior nível desde 1984.
“Em suma, os bancos comerciais dos EUA entraram em 2023 enfrentando um aperto múltiplo em seus lucros. O SVB agora soou uma chamada de alarme que está alertando mais investidores sobre os problemas dos bancos. Esta não é uma oportunidade de comprar. Os gerentes de portfólio devem continuar subponderando as ações dos bancos americanos e, especialmente, as ações de players menores”, fecha a Gavekal.
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