Para BRICS, tradição de ter um europeu no comando do FMI é “obsoleta”

Representantes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul no Fundo dizem que legitimidade da instituição pode estar em jogo

Anderson Figo

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SÃO PAULO – No dia em que a ministra de finanças francesa Christine Lagarde oficializou sua candidatura à diretoria-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), representantes dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no Fundo afirmaram em nota que a tradição de manter sempre um europeu no comando da instituição é “obsoleta”. 

Após a renúncia de Dominique Strauss-Kahn à diretoria do Fundo, Christine passou a ser vista como a grande favorita para assumir o cargo, tendo a seu favor o predominante apoio de líderes de importantes nações do Velho Continente. Mas, para os diretores executivos Aleksei Mozhin, da Rússia, Arvind Virmani, da Índia, Jianxiong He, da China, Moeketsi Majoro, da África do Sul, e Paulo Nogueira Junior, do Brasil, caso a escolha do novo líder do FMI seja feita com base na nacionalidade, isso destruiria a legitimidade da instituição.

 Um dos motivos mais utilizados pelos europeus para suportar a candidatura de Christine ao cargo é que o FMI tem sido um instrumento-chave para ajudar na crise fiscal instaurada atualmente na Europa. Contudo, os diretores dos BRICS no Fundo alegam que “a recente crise financeira que surgiu nas nações desenvolvidas ressaltou a urgência de uma reforma nas instituições financeiras internacionais que reflita o maior papel dos países em desenvolvimento na economia mundial”.

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Europeus no comando
De acordo com os diretores dos BRICS, vários tratados internacionais sugerem que seja feito um processo transparente, baseado em méritos, para selecionar o novo presidente do FMI. “Para isso, é preciso que seja abandonada esta convicção obsoleta de que é preciso ter um líder da Europa à frente do Fundo”, afirmaram em nota.

Os representantes dos BRICS demonstraram ainda estar preocupados em relação à recentes declarações de importantes figuras públicas europeias sobre a necessidade de o cargo ser ocupado por algum europeu.

Para eles, o próximo presidente do FMI deve ser selecionado após o consenso dos membros do Fundo, sendo escolhido o mais competente para o cargo, independente de sua nacionalidade. “O próximo diretor-geral do FMI deve não apenas ser uma pessoa não somente qualificada, com sólida experiência técnica e política, mas também ser comprometida a dar continuidade ao processo de mudança e reforma da instituição para se adaptar às novas realidades da economia mundial”, completaram os representantes dos BRICS no FMI em nota.

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