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SÃO PAULO – Em artigo ao Project Syndicate, o economista Nouriel Roubini, mas conhecido como “Dr. Doom” por suas previsões pessimistas, traçou um cenário de mudança frente os riscos à economia global. Ele destaca que faz um tempo que não se fala mais do risco de ruptura da zona do euro ou da crise fiscal por culpa dos EUA, que vem dominando o noticiário internacional.
Enquanto a Europa segue mais “tranquila”, outros fatores estão se tornando cada vez mais importantes e determinantes, como a China, a Ucrânia e a expectativa pelo fim do estímulo à economia norte-americana.
“Dois anos atrás, ninguém falava sobre outra coisa senão a dissolução da zona do euro, a saída da Grécia do bloco ou a perda de acesso aos mercados da Itália e da Espanha”, afirma Roubini que destacou a saga do presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, ajudou a refrear a situação.
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Já nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama e os republicanos do Congresso conseguiram uma trégua para evitar outra ameaça de paralisação do governo pela necessidade de elevação do teto da dívida. As políticas de estímulo à economia do Japão e as reformas estruturais também geraram alívio à economia. Além disso, a redução das tensões entre Israel e o Irã sobre a suposta proliferação nuclear iraniana na sequência de um acordo provisório sobre o programa nuclear do país. E, embora a situação em muitos países do Oriente Médio seja muito instável, nenhuma delas é sistematicamente importante em termos financeiros, aponta, além de nenhum ter um sério impacto sobre o fornecimento de petróleo e gás no mundo, destacou o economista.
Sendo total ou parcialmente resolvidos estes problemas, em seguida, quais devem ser as próximas ameaças à economia global?
O primeiro lugar de temores é a China. O reequilíbrio do investimento e o consumo privado está ocorrendo muito mais lentamente do que o esperado, enquanto muitos analistas alertam para a grande bolha de crédito no país. Em segundo lugar, estão os riscos de erros por parte do Federal Reserve em seu processo de retirada dos estímulos monetários. No ano passado, somente o mero anúncio do fim gradual da compra mensal de títulos provocou uma queda nos mercados financeiros, principalmente para os emergentes. Este ano, a incerteza sobre o momento e a velocidade para normalizar a política pode gerar uma grande volatilidade.
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Em terceiro lugar, e relacionado ao anterior, o Fed pode deixar as taxas de juros muito baixas por um período de tempo muito grande, o que poderia causar outro boom no preço de ativos, avalia Roubini. Ao mesmo tempo, este movimento pode causar bolhas no mercado imobiliário, de crédito e de ações.
Em quarto lugar, as crises em alguns mercados emergentes podem piorar. Alguns países enfrentam ventos contrários em meio à queda do preço das matérias-primas e os riscos associados com a transformação estrutural da China e da mudança na política monetária do Fed levam a uma situação ainda maior de fragilidade. Além disso, chama a atenção as eleições que muitos deles passam ou vão passar neste ano, caso do Brasil.
A incerteza sobre como acabará a crise na Ucrânia e o possível impacto sobre a oferta de energia e sobre o fluxo de investimentos também é um ponto de alerta enquanto, em último lugar, mas não menos importante, está a disputa marítima na Ásia, com os conflitos crescentes entre o Japão e a China podendo levar a outros conflitos.
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Roubini destaca que os mercados financeiros estão, pelo menos até agora, otimistas em meio a esses riscos crescentes. A volatilidade aumentou apenas ligeiramente, enquanto os preços dos ativos têm uma tendência de estabilidade. Mas os investidores podem estar enganados ao pensar que esses riscos não são tão ameaçadores para a economia, conclui o economista.
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