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O Banco Central anunciou na segunda-feira (6) que a tecnologia escolhida para o projeto-piloto do Real Digital, a nova apresentação totalmente virtual da moeda brasileira, é a Hyperledger Besu.
A Besu é uma DLT (sigla para Distributed Ledger Technology), uma espécie de livro-contábil digital que registra as transações feitas pelos usuários. Ela foi desenvolvida em 2019 pela Hyperledger, um projeto colaborativo open source da The Linux Foundation – o mesmo grupo ligado ao sistema operacional livre “concorrente” do Windows.
A plataforma é moldável e pode ser usada como uma blockchain, a tecnologia utilizada pelas criptomoedas, porém de maneira fechada – ou, como o BC costuma dizer, permissionada.
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Isso quer dizer que projetos construídos por meio dela podem ser controlados por alguma autoridade, seja um governo, uma empresa ou um grupo de pessoas. No caso do Real Digital, o responsável será o próprio Banco Central.
A Besu, portanto, funciona um pouco diferente da tecnologia por trás do Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e das principais criptomoedas, que são blockchains sem controle central e públicas – os dados são abertos e qualquer pessoa pode ajudar a auditar as transações.
O Banco Central escolheu a Besu justamente por essa capacidade de controle e privacidade, disse Haroldo Jayme Cruz, chefe do departamento de informática do Real Digital, em coletiva de imprensa realizada ontem.
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“A ideia é avaliar a solução para o negócio proposto em uma arquitetura centralizada, com aderência aos rendimentos vigentes de privacidade, em especial sigilo bancário e LGPD, e explorando potenciais ganhos de programabilidade, como os smart contracts (contratos inteligentes)”.
Além da possibilidade de controle, outro fato que jogou a favor da Besu, segundo o BC, é a compatibilidade do protocolo com o Ethereum Virtual Machine (EVM), o software que executa programas que rodam em Ethereum.
Na prática, isso permite que a Besu, mesmo sendo fechada, consiga se valer de todos os benefícios do Ethereum, incluindo o suporte a inovações que ficaram conhecidas nos últimos anos por quem acompanhou o boom das criptomoedas: NFTs, DeFi, tokens e diversas outras novidades poderão ter versões compatíveis com o Real Digital.
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De acordo com Cruz, a Besu também tem uma estrutura robusta de suporte apoiada por uma extensa comunidade, o que pressupõe a existência de uma gama de fornecedores de tecnologia da informação no Brasil e no mundo.
Além disso, segundo o especialista, o protocolo já é utilizado por outros bancos centrais ao redor do mundo.
Diretrizes
Na segunda-feira, o Banco Central divulgou as diretrizes do projeto do Real Digital no Brasil. Em resumo, a moeda digital brasileira funcionará como um “Pix dos serviços financeiros”, segundo Fábio Araújo, coordenador da iniciativa no Banco Central, e será divida em três categorias:
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- O Real Digital para o atacado ou interbancário, que funcionaria de forma semelhante às reservas bancárias ou as contas de liquidação;
- O Real Tokenizado para o varejo, com versões digitalizadas do depósito bancário, que é o dinheiro (em sua versão digital) que a pessoa física tem no banco;
- E os Títulos do Tesouro Direto, que possibilitam a compra e venda de títulos públicos federais no mercado primário e secundário.
O Real Digital deve começar a funcionar no final de 2024, segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
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